{"id":102695,"date":"2024-11-24T16:33:24","date_gmt":"2024-11-24T19:33:24","guid":{"rendered":"https:\/\/agencia2.jornalfloripa.com.br\/ler\/102695"},"modified":"2024-11-24T16:33:24","modified_gmt":"2024-11-24T19:33:24","slug":"ambientalistas-dizem-que-acordo-da-cop29-e-insuficiente","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/agencia2.jornalfloripa.com.br\/ler\/102695","title":{"rendered":"Ambientalistas dizem que acordo da COP29 \u00e9 insuficiente"},"content":{"rendered":"
O novo acordo global<\/a> de financiamento clim\u00e1tico, estabelecido em US$ 300 bilh\u00f5es por ano, \u00e9 insuficiente para dar as respostas que o mundo precisa no enfrentamento \u00e0 crise do clima. Essa \u00e9 a vis\u00e3o de diversas entidades ambientalistas que acompanharam as discuss\u00f5es da 29\u00aa Confer\u00eancia das Na\u00e7\u00f5es Unidas sobre Mudan\u00e7a Clim\u00e1tica (COP29), realizada em Baku, no Azerbaij\u00e3o, e encerrada neste s\u00e1bado (23). Os participantes da COP29 fecharam um acordo de US$ 300 bilh\u00f5es<\/a> por ano que os pa\u00edses ricos dever\u00e3o doar a pa\u00edses em desenvolvimento, at\u00e9 2035, para combate e mitiga\u00e7\u00e3o das mudan\u00e7as do clima. O objetivo \u00e9 promover a\u00e7\u00f5es para limitar o aumento da temperatura global a 1,5\u00b0C. As na\u00e7\u00f5es mais impactadas por eventos clim\u00e1ticos extremos defendiam meta de US$ 1,3 trilh\u00e3o anuais e consideraram a decis\u00e3o um insulto.<\/p>\n<\/p>\n \u201cA COP29 adotou nova meta de financiamento aqu\u00e9m das necessidades dos pa\u00edses em desenvolvimento e sem nenhuma obriga\u00e7\u00e3o clara para os pa\u00edses desenvolvidos. A rota para Bel\u00e9m ser\u00e1 dif\u00edcil, mas temos confian\u00e7a na lideran\u00e7a brasileira para entregar um resultado que contribua para a justi\u00e7a clim\u00e1tica global\u201d, afirmou a diretora de Campanhas do Greenpeace Brasil, Ra\u00edssa Ferreira.<\/p>\n A pr\u00f3xima confer\u00eancia sobre mudan\u00e7as clim\u00e1ticas (COP30) ser\u00e1 realizada no Brasil, em novembro de 2025, em Bel\u00e9m (PA). Para a Greenpeace, a principal miss\u00e3o do pa\u00eds ser\u00e1 articular metas financeiras mais ambiciosas e mobilizar recursos que aproximem os compromissos globais das demandas urgentes dos pa\u00edses insulares e de outras na\u00e7\u00f5es em desenvolvimento.<\/p>\n O texto final de Baku determina que o total de recursos a serem financiados pelos pa\u00edses ricos sejam oriundos \u201cde grande variedade de fontes, p\u00fablicas e privadas, bilaterais e multilaterais, incluindo fontes alternativas\u201d. A medida tamb\u00e9m \u00e9 criticada pela entidade que defende que um financiamento p\u00fablico e robusto seria o melhor caminho para enfrentar a emerg\u00eancia clim\u00e1tica de maneira justa.<\/p>\n \u201cRecursos entregues por meio de empr\u00e9stimos ou financiamento privado, em vez do financiamento p\u00fablico baseado em doa\u00e7\u00f5es, podem aprofundar o endividamento externo dos pa\u00edses que mais precisam de ajuda neste momento e comprometem o princ\u00edpio poluidor pagador, onde aqueles que mais poluem s\u00e3o financeiramente responsabilizados pela destrui\u00e7\u00e3o que causam\u201d, diz o Greenpeace.<\/p>\n No mesmo sentido, o Observat\u00f3rio do Clima avalia que essa previs\u00e3o de diversidade de fontes dilui a responsabilidade das na\u00e7\u00f5es ricas, que dificilmente ser\u00e1 revertida no futuro. \u201cO acordo de financiamento fechado hoje em Baku distorce a UNFCCC [Conven\u00e7\u00e3o-Quadro das Na\u00e7\u00f5es Unidas sobre Mudan\u00e7as Clim\u00e1tica] e subverte qualquer conceito de justi\u00e7a. Com a ajuda de uma presid\u00eancia incompetente, os pa\u00edses desenvolvidos conseguiram, mais uma vez, abandonar suas obriga\u00e7\u00f5es e fazer os pa\u00edses em desenvolvimento literalmente pagarem a conta\u201d, disse Claudio \u00c2ngelo, coordenador de Pol\u00edtica Internacional do Observat\u00f3rio do Clima.<\/p>\n A diretora de Clima do WRI Brasil, Karen Silverwood-Cope, lembrou que o novo acordo substituir\u00e1 os US$ 100 bilh\u00f5es anuais previstos para o per\u00edodo 2020-2025. \u201cTrata-se de um aumento que meramente cobre a infla\u00e7\u00e3o dos US$ 100 bilh\u00f5es anuais prometidos em 2009 [na COP15, de Copenhague, na Dinamarca]. A lacuna de investimentos no presente aumentar\u00e1 os custos no futuro, criando um caminho potencialmente mais caro para a estabilidade clim\u00e1tica\u201d, avaliou.<\/p>\n Para ela, mais financiamento incentivaria que as na\u00e7\u00f5es apresentassem novas Contribui\u00e7\u00f5es Nacionalmente Determinadas (NDC, na sigla em ingl\u00eas) – planos clim\u00e1ticos de cada pa\u00eds –\u00a0mais ambiciosas no ano que vem. Como pa\u00eds-sede da COP30, o\u00a0Brasil<\/a> j\u00e1 apresentou a terceira gera\u00e7\u00e3o da sua NDC que define a redu\u00e7\u00e3o de emiss\u00f5es<\/a> de gases de\u00a0efeito estufa de 59% at\u00e9 67%, em 2035. O documento entregue reafirma a meta de neutralidade clim\u00e1tica at\u00e9 2050 e resume as pol\u00edticas p\u00fablicas que se somam para viabilizar as metas propostas.<\/p>\n Como destaque da COP29, Karen menciona uma imagem positiva do protagonismo brasileiro. \u201cAgora, ao assumir a presid\u00eancia da COP30, o Brasil ter\u00e1 o dever de continuar sendo um exemplo positivo e cobrar maior ambi\u00e7\u00e3o dos demais pa\u00edses, assim como recuperar a confian\u00e7a das partes ap\u00f3s um processo decis\u00f3rio desgastado e em um contexto geopol\u00edtico mais desafiador\u201d, afirmou a diretora do WRI Brasil.<\/p>\n Para a organiza\u00e7\u00e3o WWF-Brasil, o acordo \u201cn\u00e3o chega nem perto de atender as necessidades de financiamento dos pa\u00edses em desenvolvimento\u201d, e o resultado da COP29 corre o risco de atrasar a a\u00e7\u00e3o clim\u00e1tica precisamente no momento em que sua acelera\u00e7\u00e3o \u00e9 mais cr\u00edtica e necess\u00e1ria. \u201cInsuficiente para as a\u00e7\u00f5es de mitiga\u00e7\u00e3o, o valor anunciado tamb\u00e9m desconsidera os esfor\u00e7os urgentes e necess\u00e1rios para adapta\u00e7\u00e3o e para perdas e danos, o que afeta de forma negativa e desproporcional pa\u00edses menos desenvolvidos e ilhas, que menos contribu\u00edram para a emiss\u00e3o dos gases de efeito estufa\u201d, diz.<\/p>\n O WWF-Brasil avalia a \u201cnecessidade urgente\u201d de fortalecer o multilateralismo e diz que o Brasil ter\u00e1 papel determinante em 2025, pressionando por um financiamento clim\u00e1tico adicional, ap\u00f3s o resultado insatisfat\u00f3rio da COP29.<\/p>\n \u201cEmbora os negociadores azeris nunca tenham se destacado em confer\u00eancias anteriores, a concentra\u00e7\u00e3o das decis\u00f5es na presid\u00eancia e a subtra\u00e7\u00e3o de trechos resultantes de conquistas anteriores \u2013 como a men\u00e7\u00e3o aos combust\u00edveis f\u00f3sseis<\/a> feita no acordo da COP28, em Dubai, nos Emirados \u00c1rabes Unidos – abriram espa\u00e7o para que as diverg\u00eancias entre pa\u00edses desenvolvidos e em desenvolvimento escalassem n\u00edveis n\u00e3o vistos pelo menos desde a COP15 em Copenhague\u201d, afirmou a entidade, criticando a presen\u00e7a maci\u00e7a de representantes das ind\u00fastrias de petr\u00f3leo e g\u00e1s na COP29.<\/p>\n \u201cRespons\u00e1veis por dois ter\u00e7os das emiss\u00f5es globais dos gases que est\u00e3o aquecendo o planeta e alterando o clima, as ind\u00fastrias f\u00f3sseis n\u00e3o podem mais ser admitidas nas confer\u00eancias clim\u00e1ticas dado o evidente conflito de interesses. Esse \u00e9 um ponto especialmente importante para a pr\u00f3xima COP, a ser realizada no Brasil, onde a explora\u00e7\u00e3o de petr\u00f3leo j\u00e1 \u00e9 objeto de disputa<\/a>, criticou o WWF-Brasil.<\/p>\n Em discurso na plen\u00e1ria final da COP29, a ministra do Meio Ambiente e Mudan\u00e7as Clim\u00e1ticas, Marina Silva, avaliou a confer\u00eancia em Baku como uma \u201cexperi\u00eancia dif\u00edcil<\/a>\u201d. \u201c\u00c9 fundamental, sobretudo ap\u00f3s a dif\u00edcil experi\u00eancia que estamos tendo aqui em Baku, chegar a um resultado minimamente aceit\u00e1vel para todos n\u00f3s, diante da emerg\u00eancia que estamos vivendo\u201d, disse.<\/p>\n A ministra criticou a proposta inicial das na\u00e7\u00f5es mais ricas para o financiamento clim\u00e1tico de US$ 280 bilh\u00f5es at\u00e9 2035, que avan\u00e7ou para US$ 300 bilh\u00f5es anuais para custear os compromissos internacionais. \u201cOs pa\u00edses em desenvolvimento n\u00e3o est\u00e3o buscando esses recursos para benef\u00edcio pr\u00f3prio, mas em benef\u00edcio de todos. Ent\u00e3o, os pa\u00edses desenvolvidos t\u00eam obriga\u00e7\u00f5es, conforme o Acordo de Paris, de fazer esses aportes que ajudem a alavancar recursos privados\u201d, refor\u00e7ou Marina.<\/p>\n<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" O novo acordo global de financiamento clim\u00e1tico, estabelecido em US$ 300 bilh\u00f5es por ano, \u00e9 insuficiente para dar as respostas que o mundo precisa no enfrentamento \u00e0 crise do clima. Essa \u00e9 a vis\u00e3o de diversas entidades ambientalistas que acompanharam as discuss\u00f5es da 29\u00aa Confer\u00eancia das Na\u00e7\u00f5es Unidas sobre Mudan\u00e7a… Continue lendo
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