Sabrina Garcez<\/em><\/p>\n Abril \u00e9 marcado pelo Dia Mundial de Conscientiza\u00e7\u00e3o do Autismo, celebrado no dia 2 e institu\u00eddo pela ONU. Ter essa data em nosso calend\u00e1rio \u00e9 muito importante, mas o trabalho pela inclus\u00e3o e a luta por pol\u00edticas p\u00fablicas e por cada vez mais espa\u00e7o e direitos precisa ser di\u00e1ria.\u00a0<\/p>\n N\u00f3s precisamos entender que uma m\u00e3e at\u00edpica n\u00e3o pode receber o mesmo tratamento social das demais, pois ela necessita de apoio e suporte adicional. A sobrecarga \u00e9 grande, e seu filho depende exclusivamente dela. A \u00fanica forma de garantir um olhar mais compassivo para essas m\u00e3es \u00e9 por meio de pol\u00edticas p\u00fablicas que assegurem acesso ao diagn\u00f3stico, tratamento, terapias, medicamentos, educa\u00e7\u00e3o, prote\u00e7\u00e3o social e oportunidades de trabalho. Afinal, sabemos que a identifica\u00e7\u00e3o precoce da condi\u00e7\u00e3o \u00e9 essencial para um tratamento mais eficaz.<\/p>\n Os direitos conquistados com muita luta ainda precisam de melhorias significativas na presta\u00e7\u00e3o de servi\u00e7os de maneira geral, n\u00e3o apenas em Goi\u00e2nia, mas em todo o pa\u00eds, especialmente no que se refere ao atendimento multidisciplinar. Um dos principais desafios \u00e9 a falta de discuss\u00e3o ampla sobre o tema, o que dificulta o entendimento da sociedade sobre a realidade dessas fam\u00edlias.<\/p>\n Essa quest\u00e3o precisa ser debatida em todos os espa\u00e7os, inclusive nas salas de aula, para que as crian\u00e7as sejam tratadas com equidade. Equidade significa reconhecer as diferen\u00e7as individuais e oferecer a cada pessoa o suporte necess\u00e1rio para promover a igualdade de oportunidades, respeitando suas particularidades.<\/p>\n Minha conex\u00e3o com a causa autista surgiu antes mesmo da minha atua\u00e7\u00e3o na vida p\u00fablica, inspirada pela hist\u00f3ria do meu primo Maur\u00edcio, diagnosticado com autismo na juventude. Sua jornada me fez perceber a import\u00e2ncia de termos representantes que n\u00e3o apenas se preocupem, mas que lutem ativamente pelos direitos e pela inclus\u00e3o das pessoas autistas.<\/p>\n H\u00e1 15 anos, o autismo era praticamente invis\u00edvel para a sociedade. Desde ent\u00e3o, houveram avan\u00e7os, mas ainda s\u00e3o necess\u00e1rias maiores a\u00e7\u00f5es do Poder P\u00fablico para oferecer suporte adequado, especialmente \u00e0s m\u00e3es, que muitas vezes enfrentam essa luta sozinhas em busca de melhores condi\u00e7\u00f5es para seus filhos.<\/p>\n Nos Estados Unidos, em 2000, havia um caso de autismo para cada 150 crian\u00e7as observadas. Em 2020, esse n\u00famero saltou para um caso a cada 36 crian\u00e7as. Os dados s\u00e3o do Centers for Disease Control and Prevention (CDC), que divulgou as estat\u00edsticas em 2023. No Brasil, ainda n\u00e3o existem estudos precisos sobre a quantidade de pessoas autistas, os diferentes graus da condi\u00e7\u00e3o ou sua distribui\u00e7\u00e3o geogr\u00e1fica. Essa falta de dados refor\u00e7a a necessidade urgente de pol\u00edticas p\u00fablicas eficazes.<\/p>\n Outro ponto preocupante \u00e9 que muitas m\u00e3es s\u00e3o abandonadas pelos companheiros ao descobrirem a condi\u00e7\u00e3o dos filhos. Se hoje h\u00e1 um maior reconhecimento social da causa, isso se deve a essas m\u00e3es que incansavelmente cobram a\u00e7\u00f5es do Poder P\u00fablico e lutam pelo funcionamento adequado do SUS para oferecer tratamento adequado. Infelizmente, os planos de sa\u00fade ainda dificultam o acesso ao tratamento, limitando os atendimentos.<\/p>\n Se essas crian\u00e7as n\u00e3o recebem os cuidados necess\u00e1rios nos primeiros anos de vida, perdem a chance de desenvolver independ\u00eancia e autonomia, o que compromete sua inser\u00e7\u00e3o no mercado de trabalho. As terapias s\u00e3o fundamentais para garantir dignidade e qualidade de vida, mas onde est\u00e1 a equidade? Muitas m\u00e3es vivem com a inseguran\u00e7a de como ser\u00e1 o futuro de seus filhos quando elas n\u00e3o estiverem mais aqui, enquanto lutam diariamente por direitos b\u00e1sicos, como sa\u00fade e educa\u00e7\u00e3o.<\/p>\n Uma crian\u00e7a autista precisa, em m\u00e9dia, de 40 sess\u00f5es de terapia por m\u00eas, cada uma custando entre R$ 250 e R$ 300. Para muitas fam\u00edlias, esse valor \u00e9 invi\u00e1vel, especialmente considerando os custos adicionais com medicamentos. Sem acesso adequado \u00e0 sa\u00fade e \u00e0 educa\u00e7\u00e3o, essas m\u00e3es buscam ao menos empatia da sociedade. Isso n\u00e3o \u00e9 suficiente.\u00a0<\/p>\n Sabrina Garcez \u00e9 advogada, especialista em Direito Constitucional e Administrativo. Foi eleita vereadora por dois mandatos. Atualmente, \u00e9 Secret\u00e1ria Municipal de Governo de Goi\u00e2nia<\/em><\/p>\n O post O Papel da Pol\u00edtica na Garantia de Direitos para Pessoas Autistas<\/a> apareceu primeiro em Jornal Op\u00e7\u00e3o<\/a>.<\/p>\n<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" Sabrina Garcez Abril \u00e9 marcado pelo Dia Mundial de Conscientiza\u00e7\u00e3o do Autismo, celebrado no dia 2 e institu\u00eddo pela ONU. Ter essa data em nosso calend\u00e1rio \u00e9 muito importante, mas o trabalho pela inclus\u00e3o e a luta por pol\u00edticas p\u00fablicas e por cada vez mais espa\u00e7o e direitos precisa ser… Continue lendo \n