{"id":156177,"date":"2025-04-12T21:05:13","date_gmt":"2025-04-13T00:05:13","guid":{"rendered":"https:\/\/agencia2.jornalfloripa.com.br\/ler\/156177"},"modified":"2025-04-12T21:05:13","modified_gmt":"2025-04-13T00:05:13","slug":"voce-sabia-que-o-goiano-bernardo-elis-escreveu-conto-que-supera-joyce-e-nabokov","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/agencia2.jornalfloripa.com.br\/ler\/156177","title":{"rendered":"Voc\u00ea sabia que o goiano Bernardo \u00c9lis escreveu conto que supera Joyce e Nabokov?"},"content":{"rendered":"
\n

Jo\u00e3o Paulo Teixeira<\/strong><\/p>\n

Especial para o Jornal Op\u00e7\u00e3o<\/strong><\/p>\n

H\u00e1 na literatura um poder que poucos sabem nomear, uma esp\u00e9cie de fulgor invis\u00edvel que transforma a palavra em algo maior do que ela pr\u00f3pria.<\/p>\n

Bernardo \u00c9lis, o maior contista que o Brasil j\u00e1 leu, sabia disso. Ele n\u00e3o apenas escrevia hist\u00f3rias, mas abria frestas para o absoluto, como quem conjura a pr\u00f3pria subst\u00e2ncia do real. Sabe \u201cDublinenses\u201d, de James Joyce? Pois temos dois \u201cDublinenses\u201d no Brasil: \u201cSagarana\u201d, de Guimar\u00e3es Rosa, e \u201cVeranico de Janeiro\u201d, de Bernardo \u00c9lis.<\/p>\n

Em \u201cA Cintilante Porta Verde\u201d, Bernardo \u00c9lis brinca com os limites da cria\u00e7\u00e3o liter\u00e1ria ao citar um certo E. W. Ghoul, um escritor londrino que n\u00e3o existe. Como voc\u00ea, leitor, sabe, o que n\u00e3o existe na vida pode existir, e maneira veross\u00edmil, na literatura. Dizem que h\u00e1 personagens, como Lolita, de Nabokov, que salta do irreal para a realidade\u2026<\/p>\n

Mas o que significa n\u00e3o existir? Ghoul \u00e9 t\u00e3o real quanto qualquer outro nome impresso no papel. Porque, na literatura, ser citado \u00e9 ser criado. Ontem mesmo ouvi falar de um Bentinho num bairro de Goi\u00e2nia.<\/p>\n

E o que Bernardo \u00c9lis faz aqui \u00e9 um truque maior do que qualquer prestidigita\u00e7\u00e3o narrativa: o ficcionista d\u00e1 vida a algo que nunca foi.<\/p>\n

\n
\"\"
Version 1.0.0<\/figcaption><\/figure>\n<\/div>\n

Nobokov e Machado de Assis ficariam com inveja<\/strong><\/p>\n

Como o argentino Jorge Luis Borges em suas bibliotecas imposs\u00edveis, como Machado de Assis em suas ironias fatais, ele nos obriga a acreditar em algo que s\u00f3 existe porque foi escrito. (Veja s\u00f3: a melhor an\u00e1lise da burocracia moderna est\u00e1 num romance, \u201cO Processo\u201d, de Kafka. St\u00e1lin, por sinal, parece um personagem kafkiano ou, dependendo de outra l\u00f3gica, anti-kafkiano.)<\/p>\n

Mas se \u201cA Cintilante Porta Verde\u201d \u00e9 uma prova do poder da literatura de inventar mundos e realidades, como \u00e9 o pr\u00f3prio conto, uma inven\u00e7\u00e3o, \u201cA Lavadeira que se Chamava Pedra\u201d \u00e9 a prova de que a sublima\u00e7\u00e3o da vida s\u00f3 pode ser extra\u00edda com sua seiva pela literatura.<\/p>\n

Foi o melhor conto que j\u00e1 li. Maior que \u201cKolim\u00e1\u201d, de Varlam Chal\u00e1mov, os de Nabokov e at\u00e9 os finos de Machado de Assis (sabe \u201cO Alienista\u201d e \u201cEnfermaria n\u00ba 6\u201d, de Tch\u00e9khov? Pois \u00e9: Bernardo \u00c9lis escreveu o magn\u00edfico conto \u201cAndr\u00e9 Louco\u201d). A forma que a gaita chega, a descri\u00e7\u00e3o do ladr\u00e3o, da crian\u00e7a, do arroubo da m\u00e3e, tudo \u00e9 de gra\u00e7a enorme e espetacular que ficou registrado como pedra.<\/p>\n

Goiano(brasileiro) que \u00e9 goiano (brasileiro) tem que ler esse livro, em seleta organizada por pelo cr\u00edtico e poeta Gilberto Mendon\u00e7a Teles. \u00c9 obra-prima e irm\u00e3 da genialidade.<\/p>\n

Jo\u00e3o Paulo Teixeira<\/strong>, publicit\u00e1rio e dono da ag\u00eancia Mind, \u00e9 colaborador do Jornal Op\u00e7\u00e3o<\/strong>.<\/p>\n

O post Voc\u00ea sabia que o goiano Bernardo \u00c9lis escreveu conto que supera Joyce e Nabokov?<\/a> apareceu primeiro em Jornal Op\u00e7\u00e3o<\/a>.<\/p>\n<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Jo\u00e3o Paulo Teixeira Especial para o Jornal Op\u00e7\u00e3o H\u00e1 na literatura um poder que poucos sabem nomear, uma esp\u00e9cie de fulgor invis\u00edvel que transforma a palavra em algo maior do que ela pr\u00f3pria. Bernardo \u00c9lis, o maior contista que o Brasil j\u00e1 leu, sabia disso. Ele n\u00e3o apenas escrevia hist\u00f3rias,… Continue lendo → <\/span><\/a><\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[1],"tags":[],"class_list":["post-156177","post","type-post","status-publish","format-standard","hentry","category-sem-categoria"],"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/agencia2.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/156177","targetHints":{"allow":["GET"]}}],"collection":[{"href":"https:\/\/agencia2.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/agencia2.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/agencia2.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/agencia2.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=156177"}],"version-history":[{"count":0,"href":"https:\/\/agencia2.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/156177\/revisions"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/agencia2.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=156177"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/agencia2.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=156177"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/agencia2.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=156177"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}