{"id":96458,"date":"2024-11-10T01:30:47","date_gmt":"2024-11-10T04:30:47","guid":{"rendered":"https:\/\/agencia2.jornalfloripa.com.br\/ler\/96458"},"modified":"2024-11-10T01:30:47","modified_gmt":"2024-11-10T04:30:47","slug":"carolina-horta-inspira-geracoes-como-a-unica-mulher-da-ufg-na-lista-de-pesquisadores-mais-influentes-do-mundo","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/agencia2.jornalfloripa.com.br\/ler\/96458","title":{"rendered":"Carolina Horta inspira gera\u00e7\u00f5es como a \u00fanica mulher da UFG na lista de pesquisadores mais influentes do mundo\u00a0"},"content":{"rendered":"
A Universidade Federal de Goi\u00e1s (UFG) celebra uma conquista not\u00e1vel: nove de seus professores foram classificados entre os pesquisadores mais influentes do mundo, segundo levantamento do ano de 2023 da Universidade Stanford em parceria com a editora Elsevier. Dentre eles, destaca-se Carolina Horta Andrade, \u00fanica mulher na lista e refer\u00eancia em Qu\u00edmica Medicinal, Qu\u00edmica Computacional e Planejamento de F\u00e1rmacos. Ela n\u00e3o s\u00f3 representa um avan\u00e7o em sua \u00e1rea, mas tamb\u00e9m lidera projetos de pesquisa que buscam solu\u00e7\u00f5es para doen\u00e7as negligenciadas.\u00a0<\/p>\n
Em entrevista exclusiva ao Jornal Op\u00e7\u00e3o, Carolina, de 41 anos, compartilhou detalhes de sua trajet\u00f3ria e paix\u00e3o pela ci\u00eancia. Nascida em Formosa, Goi\u00e1s, e \u00fanica goiana em uma fam\u00edlia de pais mineiros, ela revelou que sua inspira\u00e7\u00e3o veio de seu av\u00f4 paterno. \u201cEle era professor na \u00e1rea de engenharia, falava oito l\u00ednguas, mas infelizmente faleceu quando meu pai era muito jovem. Nunca tive contato com ele, mas talvez tenha herdado dele o desejo por uma carreira acad\u00eamica\u201d, comentou Carolina, que come\u00e7ou sua forma\u00e7\u00e3o no ensino b\u00e1sico e m\u00e9dio em sua cidade natal antes de ingressar na UFG.<\/p>\n
Carolina explicou que inicialmente considerou carreiras como medicina e farm\u00e1cia, mas ap\u00f3s perceber que a medicina n\u00e3o combinava com ela, optou pela farm\u00e1cia. \u201cFarm\u00e1cia \u00e9 um curso vers\u00e1til, com diversas \u00e1reas de atua\u00e7\u00e3o. Durante a gradua\u00e7\u00e3o, me encontrei quando comecei a fazer inicia\u00e7\u00e3o cient\u00edfica na qu\u00edmica medicinal e no planejamento de f\u00e1rmacos. Foi ent\u00e3o que minha paix\u00e3o pela pesquisa come\u00e7ou a crescer\u201d, relembrou.<\/p>\n
Uma experi\u00eancia marcante para Carolina foi a visita \u00e0 Universidade de S\u00e3o Paulo (USP) para assistir \u00e0 defesa de doutorado de um aluno. \u201cFoi um divisor de \u00e1guas, uma oportunidade de ver de perto o que significava fazer uma tese, uma pesquisa. A partir desse momento, tive certeza de que queria fazer mestrado e doutorado\u201d, afirmou. Ela escolheu seguir sua forma\u00e7\u00e3o em S\u00e3o Paulo, orientada pela professora Elizabeth Igne Ferreira, com quem Carolina iniciou seus estudos na \u00e1rea de qu\u00edmica farmac\u00eautica.<\/p>\n
Mesmo ap\u00f3s um contratempo inicial \u2013 n\u00e3o passar na primeira prova para o mestrado \u2013, ela persistiu. \u201cA professora me incentivou a continuar e eu fui, com muita dedica\u00e7\u00e3o, estudar mais e tentar novamente. Nesse per\u00edodo, trabalhei na rede de farm\u00e1cias Pague Menos, em S\u00e3o Paulo. Foi um per\u00edodo desafiador, mas recompensador\u201d, relatou.<\/p>\n
Al\u00e9m disso, a pesquisadora recorda como sua fam\u00edlia foi uma grande apoiadora desde o in\u00edcio de sua carreira. \u201cMeu pai, minha m\u00e3e e minhas quatro irm\u00e3s mais velhas sempre estiveram torcendo e vibrando por mim. Eles me incentivaram e apoiaram financeiramente quando precisei\u201d, relembra Carolina.<\/p>\n
A professora conta que sempre se inspirou nos valores familiares transmitidos por seus pais, que tamb\u00e9m buscaram viver de maneira empreendedora e realizaram o sonho de fundar um restaurante, o Brioso & Manhoso, ap\u00f3s deixar S\u00e3o Paulo e se estabelecer em Goi\u00e1s. \u201cMeus pais foram muito vision\u00e1rios. Eles criaram uma vida do zero em Goi\u00e1s, sempre priorizando a nossa educa\u00e7\u00e3o e incentivando a abertura para o mundo. Meu pai dizia que \u2018cria filho para o mundo\u2019, e isso sempre ecoou em mim\u201d, conta, com orgulho.<\/p>\n
Ao longo de sua carreira, Carolina ganhou diversos pr\u00eamios nacionais e internacionais, incluindo dois pr\u00eamios da L\u2019Or\u00e9al para Mulheres na Ci\u00eancia, em 2014 e 2015, um deles concedido pela Academia Brasileira de Ci\u00eancias. \u201cFoi um marco importante para mim. Esses pr\u00eamios ajudaram a visibilizar o trabalho das mulheres cientistas e o valor da ci\u00eancia para a sociedade\u201d, destacou.<\/p>\n
Al\u00e9m disso, Carolina foi eleita membro-afiliado na Academia Brasileira de Ci\u00eancias, uma realiza\u00e7\u00e3o que considera um dos pontos altos de sua carreira. Sua dedica\u00e7\u00e3o a projetos na UFG, onde fundou o Laborat\u00f3rio de Planejamento de F\u00e1rmacos e Modelagem Molecular, o Labmol, a levou a conquistar diversas parcerias internacionais, inclusive com centros de pesquisa dos Estados Unidos, onde realizou est\u00e1gios e publica\u00e7\u00f5es.<\/p>\n O reconhecimento mundial veio como uma surpresa para Carolina, especialmente por ela ser a \u00fanica mulher da UFG a figurar na lista. \u201cEu imaginava que haveria outras pesquisadoras da UFG. Temos excelentes cientistas aqui, mas o m\u00e9todo de classifica\u00e7\u00e3o considera m\u00e9tricas espec\u00edficas de cada \u00e1rea, o que explica a aus\u00eancia de outras mulheres\u201d, comenta Carolina. Ela tamb\u00e9m ressalta a import\u00e2ncia desse tipo de reconhecimento, afirmando que \u00e9 uma prova de que os esfor\u00e7os de sua equipe t\u00eam impacto global: \u201cSaber que nossos estudos est\u00e3o sendo lidos, citados e aplicados no mundo \u00e9 um reconhecimento gratificante.\u201d<\/p>\n Ao longo de sua trajet\u00f3ria, Carolina percebeu a import\u00e2ncia de incentivar e apoiar mulheres na ci\u00eancia, especialmente aquelas que enfrentam desafios ao conciliar a carreira acad\u00eamica com a maternidade. Ela \u00e9 m\u00e3e de dois filhos, Manuela, de 6 anos, e Gabriel, de 3, e conta que o equil\u00edbrio entre as responsabilidades familiares e profissionais \u00e9 uma batalha di\u00e1ria.\u00a0<\/p>\n \u201cA maternidade muda a din\u00e2mica de vida. Isso \u00e9 uma pergunta constante: como equilibrar tudo? \u00c9 algo que eu trabalho todos os dias. As mulheres se cobram muito, tanto no trabalho quanto em casa. O equil\u00edbrio \u00e9 dif\u00edcil, mas \u00e9 essencial para que a gente continue fazendo o que ama.\u201d<\/p>\n Carolina destaca que, apesar das dificuldades, o apoio familiar \u00e9 fundamental para a sua continuidade na carreira. Ela compartilha que seu marido, Judson Vieira, administrador de empresas de 43 anos, tem um papel essencial em sua rotina, permitindo que ela viaje e participe de eventos cient\u00edficos internacionais. \u201cMuitas vezes me perguntam como consigo viajar tanto e manter a carreira. O segredo \u00e9 o apoio do meu marido, que \u00e9 um pai incr\u00edvel. Ele assume tudo quando eu viajo, \u00e9 realmente uma parceria que faz toda a diferen\u00e7a.\u201d<\/p>\n Ela relembra sua primeira viagem a trabalho ap\u00f3s o nascimento do filho mais novo, quando esteve na \u00c1frica do Sul. \u201cFoi uma experi\u00eancia de confian\u00e7a. Eu trabalhei com uma psic\u00f3loga para lidar com a ansiedade. A m\u00e3e sempre tem uma carga maior com os filhos, mas meu marido evoluiu muito e hoje faz de tudo. Para mim, foi um processo de aprender a confiar e delegar\u201d, relata.<\/p>\n A desigualdade de g\u00eanero na ci\u00eancia, segundo Carolina, tamb\u00e9m se reflete no reconhecimento e nas oportunidades. Embora o n\u00famero de mulheres em cursos de gradua\u00e7\u00e3o e em algumas \u00e1reas de pesquisa esteja em crescimento, h\u00e1 uma queda na representatividade feminina em cargos mais altos e em \u00e1reas como engenharia, f\u00edsica, inform\u00e1tica e qu\u00edmica.\u00a0<\/p>\n Carolina observa que a falta de incentivo e o desest\u00edmulo constantes fazem com que muitas mulheres desistam da carreira acad\u00eamica ao se tornarem m\u00e3es. Ela aponta que, para enfrentar essa realidade, s\u00e3o necess\u00e1rios programas de apoio. \u201c\u00c9 essencial ter apoio, seja uma creche ou espa\u00e7os que permitam levar os filhos aos eventos, pois isso ajuda a dar continuidade \u00e0 carreira. Muitas vezes as mulheres desistem porque n\u00e3o h\u00e1 essa estrutura, e se sentem pressionadas a escolher entre a maternidade e a pesquisa.\u201d<\/p>\n Carolina enfatiza que \u00e9 preciso haver uma rede de apoio para essas jovens cientistas. \u201c\u00c9 fundamental que as mulheres tenham um suporte, uma rede que incentive a continuar. A ci\u00eancia precisa dessa diversidade, pois \u00e9 isso que a fortalece. Cada um tem sua realidade e faz suas escolhas, mas, com apoio, podemos seguir em frente e fazer o que amamos.\u201d<\/p>\n Ao longo de sua carreira, Carolina desenvolveu e coordenou uma s\u00e9rie de projetos em parceria com universidades e empresas globais, incluindo algumas inova\u00e7\u00f5es de destaque. Entre 2010 e 2015, trabalhou no projeto \u201cLeishmaniose Multialvo\u201d e, entre 2013 e 2017, no \u201cPredherg\u201d, focado na predi\u00e7\u00e3o de toxicidade card\u00edaca, com o qual ainda est\u00e1 envolvida. Carolina tamb\u00e9m coordenou o \u201cPredskin\u201d, que, de 2013 a 2018, estudou a toxicidade na pele, e, com ele, a professora recebeu pr\u00eamios e atraiu o interesse de grandes empresas de cosm\u00e9ticos, como a Natura, no Brasil, e a Lush, no Reino Unido.<\/p>\n Al\u00e9m disso, Carolina desenvolveu com equipe mundial o \u201cCOVID AI\u201d, um projeto colaborativo entre os pa\u00edses do BRICS, no qual se uniram esfor\u00e7os do Brasil, R\u00fassia e \u00c1frica do Sul para desenvolver respostas r\u00e1pidas e eficazes contra a COVID-19.<\/p>\n \u201cA minha linha de pesquisa sempre foi voltada para novos f\u00e1rmacos, especialmente para doen\u00e7as negligenciadas\u201d, explica Andrade. \u201cEssas s\u00e3o doen\u00e7as parasit\u00e1rias ou virais que afetam principalmente popula\u00e7\u00f5es em pa\u00edses em desenvolvimento, onde h\u00e1 problemas de saneamento e infraestrutura b\u00e1sica. Estamos falando de doen\u00e7as como leishmaniose, doen\u00e7a de Chagas, esquistossomose, tuberculose, dengue e chikungunya.\u201d<\/p>\n Carolina compartilha que sua paix\u00e3o por doen\u00e7as negligenciadas nasceu ainda no doutorado, quando come\u00e7ou a trabalhar com estudos sobre tuberculose. \u201cMinha orientadora de doutorado j\u00e1 pesquisava nessa \u00e1rea, e meu trabalho inicial foi focado em tuberculose. Eu gostava de lidar com essas doen\u00e7as que exigem um desenvolvimento cont\u00ednuo de medicamentos, justamente porque as op\u00e7\u00f5es terap\u00eauticas atuais s\u00e3o insuficientes ou ineficazes\u201d, explica.<\/p>\n A professora enfatiza a complexidade das doen\u00e7as negligenciadas, que atingem milh\u00f5es de pessoas, mas recebem pouco ou nenhum investimento por parte das grandes ind\u00fastrias farmac\u00eauticas. \u201cEssas empresas geralmente focam em doen\u00e7as que trazem retorno financeiro, como c\u00e2ncer e doen\u00e7as cardiovasculares. Desenvolver um novo medicamento \u00e9 car\u00edssimo, e sem a perspectiva de lucro, muitas vezes essas doen\u00e7as ficam sem uma resposta adequada da ind\u00fastria,\u201d lamenta.<\/p>\n De acordo com Andrade, um dos pontos centrais de seu trabalho \u00e9 desenvolver abordagens eficazes para o tratamento dessas doen\u00e7as. \u201cRecebi um pr\u00eamio da L\u2019Or\u00e9al por um projeto focado em leishmaniose, onde desenvolvemos uma abordagem que atinge m\u00faltiplos alvos no parasita\u201d, conta. Ela explica que o m\u00e9todo utilizado reduz a possibilidade de resist\u00eancia por parte do parasita, tornando o tratamento mais eficaz e seguro. \u201cEssas subst\u00e2ncias que desenvolvemos conseguem atacar mais de um alvo no parasita, aumentando a efic\u00e1cia do tratamento e reduzindo a chance de resist\u00eancia, o que \u00e9 um avan\u00e7o enorme frente aos f\u00e1rmacos atuais.\u201d<\/p>\n Outro projeto de destaque na carreira da pesquisadora foi o desenvolvimento de um f\u00e1rmaco para dengue e zika. Em parceria com uma equipe global e a empresa International Business Machines Corporation (IBM), Andrade coordenou o projeto \u201cOpen Zika\u201d, que de 2016 e 2020, utilizou uma rede de supercomputadores ao redor do mundo para acelerar a pesquisa.<\/p>\n \u201cA IBM tinha um programa de computa\u00e7\u00e3o filantr\u00f3pica que nos permitiu acesso a uma rede de supercomputadores para essa pesquisa. Submetemos o projeto para an\u00e1lise, e ele foi aprovado, permitindo que conduz\u00edssemos estudos avan\u00e7ados de forma gratuita\u201d, explica Carolina. \u201cO Open Zika foi um projeto aberto, ou seja, n\u00e3o patenteamos os resultados para que outros pesquisadores possam utiliz\u00e1-los e desenvolver ainda mais a pesquisa.\u201d<\/p>\n Com essa abordagem de compartilhamento aberto, o projeto gerou subst\u00e2ncias promissoras para tratar o v\u00edrus Zika e, posteriormente, o da dengue e da chikungunya. \u201cDescobrimos que algumas das subst\u00e2ncias tamb\u00e9m tinham atividade contra dengue e chikungunya\u201d, revela.<\/p>\n A pandemia de COVID-19 trouxe um novo desafio para Andrade e sua equipe, que rapidamente adaptaram suas pesquisas para combater o v\u00edrus. \u201cJ\u00e1 trabalh\u00e1vamos com viroses e, quando a COVID-19 surgiu, vimos a necessidade de fazer algo\u201d, lembra a professora. \u201cDesenvolvemos um artigo em conjunto com colegas do projeto Open Zika sobre a import\u00e2ncia de impulsionar pesquisas para enfrentar o v\u00edrus, e isso aconteceu logo no in\u00edcio da pandemia.\u201d<\/p>\n O sucesso das vacinas contra a COVID-19 tamb\u00e9m \u00e9 um exemplo positivo para Carolina, especialmente pela agilidade com que foram desenvolvidas. Ela explica que o desenvolvimento foi acelerado gra\u00e7as \u00e0 tecnologia existente, pois as vacinas foram adaptadas a partir de estudos para outros v\u00edrus.<\/p>\n Desde 2020, o laborat\u00f3rio de Carolina, LabMol, faz parte do Centro de Excel\u00eancia em Intelig\u00eancia Artificial da UFG, onde a professora se dedica a inovar em modelos de IA aplicados \u00e0 sa\u00fade. Em junho deste ano, a cientista iniciou o projeto \u201cSofia\u201d, (Sensory Olfactive Framework Immersive AI), com o objetivo de desenvolver tecnologias de realidade virtual com capacidades olfativas. \u201cNo projeto Sofia, estamos estudando como mol\u00e9culas qu\u00edmicas desencadeiam respostas olfativas e, em parceria com IA, mapeamos e criamos proje\u00e7\u00f5es de novos cheiros. A ideia \u00e9 que, em um futuro pr\u00f3ximo, possamos ter ambientes virtuais capazes de replicar a experi\u00eancia olfativa\u201d, explicou.<\/p>\n O \u201cSofia\u201d integra-se ao AKCIT, o Centro de Compet\u00eancia em Tecnologias Imersivas da UFG, que Carolina tamb\u00e9m coordena em Goi\u00e1s. \u201cO projeto Sofia \u00e9 um exemplo de como a ci\u00eancia de dados e a qu\u00edmica podem colaborar para desenvolver uma IA mais sens\u00edvel e abrangente, e esse tipo de avan\u00e7o certamente ter\u00e1 impacto no entretenimento, mas tamb\u00e9m em tratamentos de sa\u00fade, ajudando pessoas com traumas a reviver experi\u00eancias sensoriais de forma segura\u201d, complementou.<\/p>\n Al\u00e9m disso, Carolina conta sobre outro projeto criado no LabMol, o Pred-hERG 5.0, que leva informa\u00e7\u00e3o para pessoas do mundo todo. Seu laborat\u00f3rio criou o programa de forma que qualquer pessoa possa acessar pela internet para avaliar a toxicidade de compostos. \u201cEssas ferramentas s\u00e3o usadas globalmente por cientistas, ind\u00fastrias e at\u00e9 mesmo em aulas, o que refor\u00e7a a import\u00e2ncia de trazer recursos computacionais tamb\u00e9m para a educa\u00e7\u00e3o\u201d.\u00a0<\/p>\n A rotina de Carolina Horta Andrade \u00e9 intensa. Al\u00e9m de ministrar aulas na gradua\u00e7\u00e3o e p\u00f3s-gradua\u00e7\u00e3o, ela orienta estudantes de inicia\u00e7\u00e3o cient\u00edfica, mestrado, doutorado e p\u00f3s-doutorado. \u201cTenho duas p\u00f3s-doutorandas que fizeram mestrado e doutorado comigo, al\u00e9m de outros pesquisadores. Somos um time de 12 pessoas ao todo\u201d, explica. Al\u00e9m disso, Carolina \u00e9 vice-coordenadora do programa de p\u00f3s-gradua\u00e7\u00e3o em Ci\u00eancias Farmac\u00eauticas da UFG. \u201cSe n\u00e3o estou em sala de aula ou no laborat\u00f3rio, estou em reuni\u00f5es administrativas\u201d, diz.<\/p>\n Ela tamb\u00e9m participa de congressos e palestras, onde compartilha suas descobertas cient\u00edficas. \u201cGeralmente, dou palestras sobre minhas pesquisas. \u00c0s vezes, abordo quest\u00f5es de g\u00eanero e o papel das mulheres na ci\u00eancia, mas o foco principal s\u00e3o as doen\u00e7as negligenciadas e outras \u00e1reas em que atuo\u201d, explica.\u00a0<\/p>\n Ao falar sobre a realidade da pesquisa em qu\u00edmica medicinal no Brasil, Carolina acredita que o pa\u00eds avan\u00e7ou consideravelmente, mas ainda h\u00e1 muito a ser feito. \u201cComparado com a \u00e9poca em que fiz gradua\u00e7\u00e3o, o cen\u00e1rio no Brasil mudou muito\u201d, diz ela. No entanto, ainda existem obst\u00e1culos a serem superados, especialmente quando se trata de inova\u00e7\u00e3o farmac\u00eautica. No Brasil, a maioria das ind\u00fastrias farmac\u00eauticas se concentra na produ\u00e7\u00e3o de gen\u00e9ricos, enquanto a inova\u00e7\u00e3o e o desenvolvimento de novas mol\u00e9culas acontecem majoritariamente no exterior.<\/p>\n Carolina enfatiza a necessidade de pol\u00edticas p\u00fablicas para estimular o investimento em pesquisa e desenvolvimento pela iniciativa privada. \u201cPrecisamos de um financiamento mais robusto. Desenvolver um medicamento pode custar entre um e treze bilh\u00f5es de d\u00f3lares. N\u00f3s, nas universidades, n\u00e3o temos esses recursos\u201d, observa. Ela enfatiza a import\u00e2ncia de parcerias com a ind\u00fastria farmac\u00eautica, ainda que essa coopera\u00e7\u00e3o enfrente barreiras. \u201cJ\u00e1 desenvolvemos v\u00e1rios candidatos a f\u00e1rmacos, mas, sem o apoio financeiro necess\u00e1rio, as pesquisas acabam parando na fase inicial, o que limita a possibilidade de um medicamento ser aprovado e chegar \u00e0s prateleiras.\u201d<\/p>\n Al\u00e9m de seu papel acad\u00eamico, Carolina tem se destacado em parcerias p\u00fablico-privadas, chamadas de PPPs, em colabora\u00e7\u00e3o com empresas e ONGs. \u201cH\u00e1 uma mudan\u00e7a gradual no interesse das empresas, principalmente ap\u00f3s o impacto da pandemia de COVID-19, que evidenciou a necessidade de se investir em viroses e outras doen\u00e7as infecciosas\u201d, finaliza.<\/p>\n O post Carolina Horta inspira gera\u00e7\u00f5es como a \u00fanica mulher da UFG na lista de pesquisadores mais influentes do mundo\u00a0<\/a> apareceu primeiro em Jornal Op\u00e7\u00e3o<\/a>.<\/p>\n<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" A Universidade Federal de Goi\u00e1s (UFG) celebra uma conquista not\u00e1vel: nove de seus professores foram classificados entre os pesquisadores mais influentes do mundo, segundo levantamento do ano de 2023 da Universidade Stanford em parceria com a editora Elsevier. Dentre eles, destaca-se Carolina Horta Andrade, \u00fanica mulher na lista e refer\u00eancia… Continue lendo Mulheres na Ci\u00eancia<\/strong><\/h3>\n
Projetos e pesquisa de doen\u00e7as negligenciadas<\/strong><\/h3>\n
Intelig\u00eancia artificial e novas fronteiras\u00a0<\/strong><\/h3>\n
Uma rotina que mistura doc\u00eancia, pesquisa e inova\u00e7\u00e3o<\/strong><\/h3>\n
A qu\u00edmica medicinal no Brasil<\/strong><\/h3>\n