Após mortes de pacientes que esperavam por vaga na UTI, equipe de Mabel se reúne com  Wilson Pollara para discutir crise na Saúde

Acontece na tarde desta segunda-feira, 25, uma reunião na Secretaria de Estado de Saúde (SES-GO) entre a equipe de transição do prefeito eleito Sandro Mabel (UB), representantes do Ministério Público (MP-GO) e com o secretário municipal de saúde de Goiânia, Wilson Pollara, para tratar da crise no sistema público de saúde da capital. De forma mais imediata, o encontro é motivado pela falta de vagas de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) nas unidades de saúde de Goiânia, o que tem levado à morte de pacientes na espera por leitos. Apesar disso, diversos outros setores da pasta acusam crise.

A Saúde em Goiânia já vem sendo alvo de críticas da imprensa há meses. Poucas ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) rodando na capital, anestesistas em greve devido às condições de trabalho e atrasos nos repasses para as principais maternidades de Goiânia são algumas das polêmicas envolvendo a Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia e seu titular, Wilson Pollara. 

Agora, a situação se agrava já que, na última semana, pacientes começaram a morrer na espera por vagas na UTI, apesar de, em alguns casos, já existir decisão judicial determinando que o poder público encontrasse alternativa no Sistema Único de Saúde (SUS) ou que arcasse com os gastos do leito na rede privada. 

Em nota, a SES-GO afirma que a responsabilidade “pela gestão dos leitos municipais e conveniados” é do município e que a falta de leitos não é do Estado, que tenta suprir como pode a carência da capital e, por isso, acaba se sobrecarregando. “A falta de leitos em Goiânia resulta na sobrecarga da regulação estadual, quando as solicitações extrapolam a capacidade municipal”, afirmam. 

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Vale destacar que, de 2018 para cá, a SES-GO cumpriu com sua função de aumentar o número de leitos disponíveis em UTI, diferentemente da Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia (SMS). “A rede estadual de saúde disponibilizava, em 2018, 212 leitos de UTI Adulto e, em 2024, são 575, com a ampliação de 171% por parte do Estado”, explicam. 

A reunião desta tarde tem por objetivo “definir medidas para mitigar o impacto da crise da falta de leitos de UTI adulto na rede municipal de saúde”.

O Jornal Opção ligou para o secretário Wilson Pollara para conseguir informações sobre os casos mais recentes. O titular da pasta atendeu, mas logo desligou a chamada.

Entenda o caso

Na última semana, pelo menos três pessoas morreram na fila de espera por vaga de UTI em Goiânia. 

Severino Ramos Vasconcelos Santos, de 63 anos, morreu no sábado, 23, na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Jardim Itaipu. Em nota, a SES-GO afirma que o paciente havia “uma necessidade relativa à fratura ortopédica fechada” e reforça que a responsabilidade para atendimento dessa demanda era do poder municipal. Apesar disso, a pasta estadual buscava alternativas em sua rede, já sobrecarregada devido às faltas do Paço Municipal. 

Severino Ramos Vasconcelos Santos l Foto: Reprodução.

O Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO) emitiu decisão obrigando o município de Goiânia a encontrar vaga em UTI para o paciente em caráter de urgência, ou, em caso de negativa, o próprio SUS deveria arcar com os custos do leito. 

No documento, os relatos mostram que Severino fraturou o fêmur após queda e foi internado na UPA no dia 18 de novembro. O quadro do paciente se agravou apresentando esforço respiratório, rebaixamento do nível de consciência, hipoglicemia, hipotensão arterial e episódios febris. Foi colocada suspeita de tromboembolismo pulmonar. 

Na decisão, foram dadas quatro horas para transferir o paciente, e em caso de descumprimento, uma multa de R$ 5 mil por hora seria aplicada, com limite de R$ 50 mil. A vaga não foi encontrada e o paciente morreu cinco dias após ser internado na UPA. 

Outra paciente que morreu na espera de vaga em UTI foi Katiane de Araújo Silva, de 36 anos. A vendedora autônoma foi diagnosticada com dengue hemorrágica. Segundo relatos de familiares à mídia, a mulher começou a apresentar sintomas mais sérios no dia 15 de novembro e foi internada no dia 19. O pedido de vaga na UTI foi feito na madrugada do dia 20 e a paciente veio a óbito no dia 22. 

Katiane de Araújo Silva l Foto: Arquivo.

Em nota, a SMS disse apenas que “o óbito de Katiane de Araújo Silva está sendo investigado pelo Serviço de Verificação de Óbitos (SVO) do município”.

Também na mesma situação, esteve Janaína de Jesus, de 29 anos. A jovem faleceu na UPA do Jardim Itaipu três dias após sua internação, enquanto aguardava vaga na UTI. O prontuário da jovem também indicava falecimento por dengue hemorrágica, mas a nota da SMS diz que “conforme laudo médico, Janaína de Jesus faleceu em decorrência de complicações causadas pela diabetes Mellitus”. A pasta afirma que vai investigar a causa da morte mais a fundo. À TV Anhanguera, familiares de Janaína contam que buscaram o Ministério Público para conseguir a vaga na UTI, mas não houve tempo hábil antes do falecimento da jovem. 

Janaína de Jesus l Foto: Reprodução.

O Jornal Opção entrou em contato com o Ministério Público para mais informações, mas não obteve retorno até o momento de publicação desta matéria. O espaço segue aberto. 

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