Não se pode desprezar a presença de Leonel Brizola na história recente do Brasil

Eu lembro de ver Leonel Brizola nas propagandas do PDT. Não que eu gostasse (muito pelo contrário), mas a gente fazia esse esforço para não perder a hora do programa favorito que começaria logo em seguida. Brizola era a estrela do programa. Só ele falava e falava muito mal do Governo Fernando Henrique Cardoso, das ameaças externas às riquezas brasileiras. Outra lembrança que eu tenho dele é de um trecho de um debate organizado pela TV Bandeirantes. Brizola e Paulo Maluf bateram boca. “Filhote da ditadura”, disse o primeiro. “Viveu 15 anos no estrangeiro e não aprendeu nada”, respondeu o segundo.

Por mais que a gente discorde da sua ideologia, é inegável a sua presença na história recente do Brasil. O gaúcho Leonel Brizola, nascido em 22 de janeiro de 1922, formou-se em Engenharia pela UFRJ. Na década de 1940, ele organizou a ala jovem do Partido Trabalhista Brasileiro, criado por Getúlio Vargas. A escalada política de Brizola começou em 1947, quando se elegeu deputado estadual. Em 1954, ele foi eleito deputado federal com uma votação recorde. Dois anos depois, Brizola foi eleito Prefeito de Porto Alegre. A sua chegada ao governo gaúcho era questão de tempo. Em 1958, ele chegou ao Palácio Piratini.

Em 1961, Brizola apoiou a posse de João Goulart, logo após a renúncia de Jânio Quadros, quando militares tentaram impedi-lo de assumir a Presidência da República. A Campanha da Legalidade contou com o apoio do governador goiano Mauro Borges. Em 1962, Brizola mudou seu domicílio eleitoral para a Guanabara e se elegeu deputado federal. Quando os militares chegaram ao poder em 1964, Brizola foi um dos primeiros a ter o mandato cassado e a perder os direitos políticos. Ele ficou até 1979 vivendo no exterior e só voltou para o Brasil com a aprovação da Lei da Anistia.

Ao voltar para as atividades políticas, Brizola queria resgatar o PTB, extinto em 1965. O problema foi Ivete Vargas, sobrinha-neta de Getúlio, que também tinha o mesmo objetivo. O partido ficou nas mãos de Ivete e Brizola fundou o Partido Democrático Trabalhista. Em 1982, ele foi eleito Governador do Rio de Janeiro. Na época da eleição, ele acusou a Rede Globo de manipular o resultado. Aliás, outro inimigo do Brizola era o Roberto Marinho e suas empresas. Para se ter uma noção desta briga, quando o Sambódromo do Rio de Janeiro foi inaugurado em 1984, Brizola cedeu os direitos de imagem a transmissão do desfile das escolas de samba para a Rede Manchete. Em 1990, ele foi eleito governador fluminense e ficou no cargo até 1994.

Sua última participação em uma eleição aconteceu em 2002, quando não conseguiu se eleger senador. Durante os primeiros meses de Governo Lula, não poupou críticas à política econômica. Leonel Brizola morreu no dia 21 de junho de 2004, aos 82 anos, em seu apartamento no Rio de Janeiro. Independente dos seus posicionamentos ideológicos, ele foi uma importante liderança na história recente do Brasil.

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