Risco de perda e cuidado com golpe: veja como funciona o mercado de criptomoedas

O bitcoin, a moeda virtual mais valiosa, passou do valor de R$ 545 mil em 2025. Ele, assim como outros criptoativos – ethereum e solana -, se tornaram, nos últimos anos, um dos principais ativos pelo mundo, com governos de países como EUA e China colocando parte de suas reservas neles.

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No Brasil, o mercado dos ativos virtuais ainda é tímido se comparado às potências tecnológicas e econômicas. Porém, apenas entre janeiro e setembro de 2024, foi reportada movimentação de R$ 247,8 bilhões envolvendo os ativos no país, conforme a Receita Federal. 

Atualmente, entre as maiores empresas deste segmento no Brasil e em Goiás, se destacam a Mercado Bitcoin, a maior corretora do país, além das paulistas Ripio Trade – antiga BitcoinTrade –  e a NovaDAX, que trabalha principalmente com cartões pré-pagos. Há ainda a Fitbit, Binance, Foxbit e OKX. Bancos como Itaú e o Nubank também são alguns dos principais destinos dos investidores.

“Tem várias pessoas que fazem investimento em moeda virtual. Em Goiás, normalmente, a aplicação é com empresas de fora, quase sempre de São Paulo. São empresas que possuem credenciamento no Brasil”, explicou o economista Aurélio Troncoso.

O Jornal Opção procurou a Receita Federal em Goiás para entender a movimentação de cibermoedas e o principal público destes criptoativos. O órgão informou, porém, “que não há dados por Estado”. “É possível, no entanto, acessar informações atualizadas pelo link” enviado à reportagem, que leva ao site do órgão.

O também economista Luiz Carlos Ongaratto diz que não há como ter um dado de uma cidade ou de um estado (no caso Goiás) específico, porque são transações em ambiente digital. Quem opera as criptomoedas são empresas e corretoras independentes, de bancos e algumas outras fintechs.

O especialista diz que a operação se dá por meio da compra direta das cibermoedas ou pela aquisição de um ativo derivado dos criptoativos, que oscila da mesma forma, tendo o valor indexado. Há ainda a possibilidade de empresas financeiras custodiarem a  cibermoeda – prática semelhante à observada no mercado de ações -, onde não tem a presença física das frações empresariais , mas o direito delas.

Luiz orienta investidores que planejam se aventurar com a moeda virtual. Segundo ele, é possível comprar e vender livremente criptomoedas via bancos, corretoras e fintechs, sem nenhuma restrição. No entanto, o valor arrecadado pode ser menor que o aplicado. 

“Não recomendamos investir valores que precise no longo prazo, que tenha algum objetivo específico ou que não possa abrir mão. É difícil avaliar o quanto vale aquela criptomoeda, o quanto ela vai valer no futuro, e se tem algum”, reforçou. 

Mercado legal 

A comercialização de criptomoedas no Brasil não é proibida, conforme o presidente da Comissão Especial de Processo Judicial Digital da Ordem dos Advogados do Brasil Seção Goiás (OAB-GO), Cristiano Moreno. A Lei nº 14.478 sancionada em 21 de dezembro de 2022, porém, estabeleceu alguns parâmetros para prestação de serviços relacionados a ativos virtuais no país (dentre eles as cibermoedas).

Cristiano explica que mesmo antes da promulgação do Marco Legal das Criptos, embora não houvesse uma regulamentação específica, a negociação de criptomoedas não era proibida no país. Após a ação, o Banco Central foi designado como o regulador do setor, em uma dobradinha com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que fica a cargo dos ativos considerados valores mobiliários.

O especialista, no entanto, afirma que  as corretoras (exchanges) são muitas vezes descentralizadas, ou seja, não prestam informações sobre a movimentação. A legislação, porém, prevê regras a serem seguidas.

“As prestadoras de serviços de ativos virtuais devem obter autorização prévia de um órgão regulador federal para operar no país. Além disso, a lei tipifica crimes relacionados a fraudes com ativos virtuais, estabelecendo penas de reclusão de 4 a 8 anos e multa para práticas fraudulentas”, argumenta.

A prestação de serviços de ativos virtuais no Brasil deve seguir ainda diretrizes como livre concorrência, transparência, segurança da informação, proteção ao consumidor e prevenção à lavagem de dinheiro, conforme regulamentação do órgão designado pelo Poder Executivo. 

“Atualmente temos uma legislação que dá algumas diretrizes. São consideradas prestadoras de serviços de ativos virtuais as empresas que realizam operações como troca, transferência, custódia e administração de criptoativos”, reforça o advogado.

Visada por criminosos 

Em ascensão, o dinheiro virtual também fez com que o número de crimes de estelionato batessem recordes de vítimas e prejuízos. Golpes milionários e até bilionários – como aplicado pelo paraense Francisley Valdevino da Silva -, o “sheik dos bitcoins”, alvo de operação da Polícia Federal (PF) em 2024 responsável por movimentar mais de R$ 4 bilhões por meio de pirâmide financeira, ganharam destaque no noticiário brasileiro. 

Em Goiás não é diferente. Atualmente, a Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Cibernéticos (Dercc) da Polícia Civil de Goiás (PCGO) move investigações sobre práticas de estelionato envolvendo criptoativos.

O delegado Humberto Teófilo esclarece que os cibercriminosos usam páginas em redes sociais e aplicativos falsos para atrair clientes – muitas vezes enganados pela quantidade de seguidores e por empresas de fachada, que passam a sensação de credibilidade. 

“Usam até mesmo Inteligência Artificial (IA) para maquiar maquiar a imagem de personalidades, com o objetivo de fazer propagandas e, assim, convencer investidores a aplicar recursos. Fazem toda uma espetacularização no sentido de que a pessoa vai ganhar dinheiro”, garante.

Teófilo sustenta que é possível evitar cair em golpes e fazer aplicação de forma segura. De acordo com ele, a pesquisa detalhada é indispensável, assim como a atenção em erros ortográficos e imagens distorcidas. Ganhos exorbitantes também devem ser especulados.

O delegado diz ainda que o mercado financeiro digital também tem chamado atenção do crime organizado, como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV). Porém, de uma forma diferente: para lavar dinheiro.

“Eles compram criptomoedas para lavar o dinheiro da droga, de armas, de milícias. Não vou dizer que eles estão por trás desses golpes porque encontraram operadores financeiros para lavar o dinheiro”, concluiu.

O que são criptomoedas?

Impulsionadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e pelo bilionário Elon Musk, e ao mesmo tempo criticadas pelas ações do mandatário da Argentina, Javier Milei, as cibermoedas prometem ter um futuro promissor. Elas são ativos digitais que utilizam a criptografia para fazer transações entre partes ou entre empresas, segundo o economista Luiz Carlos Ongaratto. Cada criptomoeda tem uma forma de resolver um algoritmo para criar novas unidades e, por isso, tem um certo controle de emissão até mesmo para garantir a precificação. 

O economista diz que as criptomoedas possuem emissão que não tem por trás um governo, mas sim uma empresa e, por isso, não respondem a um Banco Central. Elas são descentralizadas dentro de uma tecnologia de blockchain. 

“Servem como uma reserva de valor para você conseguir adquirir algum bem, algum meio de troca e, para algumas pessoas, também é uma forma de investimento”.

Luiz explica ainda que as moedas digitais têm muitas funcionalidades de destaque, especialmente na tokenizacao da economia. Vincular uma moeda digital a um contrato digital, por exemplo, ajudaria em ativos virtuais, até mesmo facilitaria transações internacionais ou nacionais de alto valor.

“O problema são as criptomoedas em si, que não possuem lastro real, oscilam muito de valor e não possuem um valor comparável. Com o bitcoin, por exemplo, não é possível financiar um carro, máquina ou equipamento. Moedas digitais, como o Drex , real digital, fazem sentido. Já moedas do tipo memecoins, parecem ser extremamente especulativas”, concluiu.

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