Ato em Copacabana mostra que consciência pesada pelas tramas de 2022 é pauta de cada vez menos brasileiros

O ex-presidente da república Jair Bolsonaro (PL) realizou um ato em Copacabana, no Rio de Janeiro, durante o último domingo, 16. O objetivo do antigo mandatário do Palácio do Planalto e de seu grupo político era mobilizar a população e pressionar os agentes políticos a favor de uma anistia para os envolvidos nos atos golpistas do 8 de janeiro. Infelizmente, para Bolsonaro, o auge do encontro reuniu apenas 18,3 mil pessoas, menos de 2% do esperado pela organização do evento. O dado é de levantamento da USP. O instituto Datafolha estimou 30 mil pessoas.

Esse capital político não se parece em nada com o de pouco tempo atrás. Ainda durante o terceiro mandato de Lula (PT), Bolsonaro já se mostrou capaz de lotar a Avenida Paulista com poucos dias de aviso prévio. Patriotas de verde e amarelo já se mobilizaram muito mais para criticar o atual presidente e para lutar por anistia a golpistas. O ato mais recente é sinal de que, além de uma diminuição do poder político do ex-presidente, a pauta da anistia em si não mobiliza seus pares. 

A Procuradoria-Geral da República (PGR) formalizou uma denúncia contra Bolsonaro e outras 33 pessoas por tentativa de golpe de estado entre o final de 2022 e o início de 2023. Apesar de ter seus altos e baixos, o documento apresentado ao Poder Judiciário reúne provas de conspiração contra o estado democrático de direito no Brasil, tentativa de golpe militar, planos para assassinar figuras do alto escalão público (Lula, Alckmin e Moraes), incentivo à mobilização em frente aos quarteis generais, entre outros tantos indícios contra o grupo que são difíceis de ignorar.

No dia nove de março, Bolsonaro chegou a publicar em suas redes digitais dizendo “um milhão em Copacabana”. Estimativa Datafolha apontou cerca de 30 mil pessoas ao longo do evento. Mesmo com a mobilização dos governadores do Rio de Janeiro (Cláudio Castro – PL), de São Paulo (Tarcísio de Freitas – Republicanos), de Santa Catarina (Jorginho Mello – PL), do Mato Grosso (Mauro Mendes – UB), dos senadores Flávio Bolsonaro (PL) e Magno Malta (PL), do presidente do PL Valdemar Costa Neto, do pastor Silas Malafaia e de tantas outras figuras caras à direita e à extrema-direita, o ato frustrou. 

O recado do público é claro: os devaneios bolsonaristas têm limites. A pauta da anistia é apenas de Bolsonaro e daqueles com consciência pesada pelas tramas de 2022 e 2023. Se o golpe de estado elaborado tivesse sido concluído, hoje a república brasileira não teria a oportunidade de julgar os aprendizes de algoz, se autointitulariam como heróis, entretanto, falharam. Hoje, a cena chega a ser patética: aqueles que do alto de sua prepotência se julgaram capazes de dar fim a democracia conquistada com suor, sangue e lágrimas, agora, não conseguem mobilizar nem 2% da força que pensavam ter. 

O bolsonarismo ainda existe sim, o PL ainda é o maior partido da Câmara dos Deputados e a figura de seu líder ainda exerce atração, mas nem todas as pautas sugeridas pelo grupo são abraçadas pelo povo. A repulsa direcionada a Lula ainda garante engajamento, mas a busca de perdão por crimes do passado, nem tanto. 

No palanque, Bolsonaro e seus apoiadores repetiram ataques ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), criticaram a atuação do ministro Alexandre de Moraes e reforçaram o desprezo por Lula. O ex-presidente, que está com seu passaporte apreendido, disse que não vai fugir do Brasil. O julgamento da denúncia da PGR começa no dia 25 de março e Bolsonaro pode se tornar réu. Enquanto isso, o projeto de anistia no Congresso Nacional perde cada vez mais força, conforme a sociedade se mostra certa de que as tentativas de derrubada do regime democrático exigem punição.   

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