Exposição ‘Um Rosto Suspenso’ questiona identidade e memória no Museu da Imagem

A partir desta quinta-feira, 3, o Museu da Imagem e do Som de Goiás (MIS-GO) recebe a exposição coletiva Um rosto suspenso, que segue até 16 de maio. A mostra, com curadoria de Débora Duarte e produção de Cleandro Elias Jorge, é uma reflexão sobre a representação do rosto, uma das formas mais antigas de retratar a identidade, e sua abordagem nas artes contemporâneas, utilizando principalmente fotografia e vídeo. A entrada é gratuita.

A exposição reúne obras dos artistas Adriana Bittar, Benedito Ferreira, Dalton Paula, Eduardo Bilemjian, Flavio Edreira e Gabriela Chaves. O produtor Cleandro Elias Jorge destaca a importância de reunir artistas em diferentes momentos de suas trajetórias. “Temos, por exemplo, Dalton Paula, um dos maiores nomes da arte contemporânea brasileira, que, embora seja conhecido pela pintura, apresenta aqui obras em fotografia e vídeo, trazendo novas camadas à sua prática”, explica Jorge.

O céu é o limite | Foto: Benedito Ferreira

A proposta central da exposição é explorar o rosto não apenas como um elemento de identidade, mas como um espaço de tensões entre documento e ficção, presença e ausência. A curadoria se inspira nas ideias do fotógrafo francês Hervé Guibert, especialmente no ensaio A Imagem Fantasma, no qual ele descreve a frustração de tentar capturar um rosto e, ao revelar a fotografia, encontrar apenas uma superfície vazia. Esse conceito de uma captura impossível, mas persistente, permeia as obras da exposição, que investigam a relação entre memória, identidade e a construção visual da imagem.

Para a curadora Débora Duarte, a exposição reflete a inquietação mencionada por Guibert sobre a busca pela captura de um rosto. “O ‘agora’ escapa das lentes, e o que se deseja fotografar está sempre distante. As obras aqui presentes tratam dessa realidade fugaz, do retrato impossível, mas que não deixa de existir”, afirma.

Entre os trabalhos apresentados, destaca-se a instalação fotográfica O Bastardo (El Bastardo), de Benedito Ferreira, que ocupa mais de sete metros de extensão. A obra reúne fotografias de várias partes da América Latina e dos Estados Unidos, misturando imagens e criando uma narrativa de “fotos bastardas”, que, segundo o artista, contaminam a linearidade das memórias e produzem ficções. “É como se você abrisse uma rachadura no pacto de veracidade de um álbum de família, e nessa rachadura nascesse uma nova história”, afirma Ferreira.

Adriana Bittar apresenta também duas fotografias inéditas, realizadas na comunidade Kalunga, em Cavalcante, Goiás. As imagens retratam momentos do festejo do Império de Nossa Senhora da Abadia, onde a artista encontrou uma conexão entre a ancestralidade da comunidade e o presente. “Essas imagens surgem de um momento de suspensão no tempo, onde uma criança com asas, de pés no chão, representa essa ligação entre o sagrado e o mundo material”, explica Bittar.

Retrato na comunidade Vão das Almas, maior quilombo da América Latina | Foto: Adriana Bittar

A exposição Um rosto suspenso oferece ao público uma reflexão sobre as maneiras como as imagens moldam nossa percepção do outro e de nós mesmos. Através de diferentes linguagens e abordagens, ela reafirma o retrato como um espaço de investigação sensível e crítica na arte contemporânea.

A mostra ficará aberta para visitação até 16 de maio, de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h, e aos sábados, das 9h às 13h, na Sala de Exposições Alois Feichtenberger, no Museu da Imagem e do Som de Goiás, situado no Centro Cultural Marieta Telles Machado, na Praça Cívica, em Goiânia.

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