Os infelizes sentem-se vítimas de tudo e de todos; os felizes acreditam ser fruto dos seus méritos

Para muitas pessoas a felicidade é semelhante a uma bola; querem-na de todo jeito e, quando a possuem, dão-lhe um chute.  — Padre Mário Glaab

A palavra felicidade é, desde que o homem existe, a síntese dos nossos melhores desejos. Não por menos os sábios gregos filosofaram sobre ela. Não só os pensadores antigos, mas todos os que se preocuparam com este sentimento.

Os antigos gregos aprofundaram-se no seu entendimento procurando defini-la, descobri-la e aumentá-la. Eles a dividiram para poder entender em dois grupos: eudemonismo, que pode ser visto como sendo ter significado e propósito na vida; e o hedonismo, que é o desejo do prazer e de evitar o sofrimento.

De certa forma as duas posições nem sempre coincidem, mas quase sempre uma prevalece sobre a outra determinando o grau de nossa felicidade

Definindo a felicidade

Em uma visão prosaica, a nossa natureza nos faz oscilar entre as duas definições da felicidade. O nosso emocional influencia o nosso sentir. Muitas situações que sabidamente são passageiras, dão-nos a falsa sensação de felicidade ou infelicidade. São momentos transitórios.

O hedonismo é a condição de “estar” feliz, que pode ser alimentado por um bem-estar físico, uma paz de espírito ou uma conquista amorosa, que afetam o nosso julgamento. É uma fração de felicidade.

O eudemonismo tem um carácter mais abrangente e duradouro. É um sentimento de permanência, é “ser” feliz, propiciado por se ter um significado e propósito de vida, que promete um estado mais puro da felicidade.

Pintura de Eduardo Lima

 Nesse sentido, Aristóteles identifica como fonte da felicidade, um conceito central no eudemonismo, a realização do potencial humano. Pois, somente o conhecer a dimensão das nossas potencialidades nos dá a medida do que somos, da nossa felicidade.

Descobrindo a felicidade

Schopenhauer entendia que os homens só valorizam o que não têm; poucos, o que têm. O que faz pensar de ser da nossa natureza humana uma permanente insatisfação, pois sempre estamos atrás de algo que não temos. O que faz ser a felicidade um estado de espírito.

Um estado de espírito que nos faz sentir a felicidade ou a infelicidade. Os infelizes sentem-se vítimas de tudo e de todos. Não assumem a responsabilidade por suas vidas. Já os felizes acreditam ser fruto dos seus méritos.

Esse estado de espírito torna a vida dos negativos amarga por colocá-los quase sempre na expectativa do pior. Sentem-se tendo uma espada sobre a cabeça. Não fazem distinção entre um programa e um espetáculo.

O primeiro atenta para o todo e o outro por uma parte. Por exemplo: em um jogo de futebol o espetáculo é o desempenho dos jogadores; e o programa abrange o todo — companhia, torcida, ar livre… Um saiu para assistir ao jogo, o outro para ser feliz.

Aumentar a felicidade

Inquestionável ser a existência simultânea dos dois sentimentos, hedonismo e o eudemonismo, se possível, o ideal da felicidade. Mas o mundo ideal só existe em nossa imaginação. O mundo acessível é o possível dentro das nossas circunstâncias. Ser feliz é equilibrar as possibilidades e satisfazer-se com elas.

Um estado de espírito positivo faz com que se dê pesos iguais ao que é favorável e o desfavorável. Não se deixa influenciar pelo que não tem, nem pela inveja dos que tem mais, mas encontram a felicidade no tem.

Ter sempre presente o que são fatos transitórios (hedonismo) dos que são permanentes (eudemonismo) para poder administrar a nossa vida com racionalidade. Os fatos que podem ser mudados não devem abalar a nossa felicidade.

 O tempo, na administração da felicidade, é um aliado que não deve ser desprezado. Deixemos o tempo trabalhar em nosso favor. Os que não o usam, geralmente são severamente castigados por ele. Não por outra razão os sábios são pacientes. Ajudar o tempo é parte do uso dele em nosso favor.

Aplicar bem o tempo é direcioná-lo para o que tem significado e propósito na vida (eudemonismo).  Neste sentido, nada supera em significado e a nossa dedicação àqueles que amamos e que retribuem o nosso amor.

Sem exceção, no final de nossas vidas, o maior arrependimento que temos é o das oportunidades não aproveitadas no cultivo do amor às pessoas queridas.

Conclusão: não se deve chutar a felicidade

A felicidade está ao nosso alcance. Só existindo uma razão para um ser humano sentir-se infeliz — a morte de um filho. O resto depende só do nosso estado de espírito para não chutar a felicidade quando ela estiver ao nosso alcance.

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