Márcio Corrêa: “Anápolis gasta muito e gasta mal; quero dar um choque de gestão na Prefeitura”

Márcio Corrêa (PL) afirma que trabalha em um projeto de médio e longo prazo para fazer com que Anápolis cumpra todo seu potencial como segunda cidade mais rica de Goiás. Os problemas são vários, diz ele, especialmente na área da saúde. Mas não faltam recursos ou profissionais qualificados — falta visão. É com esse discurso propositivo que o pré-candidato se aproxima do período eleitoral. 

No campo político, ele afirma estar consciente de que seu principal adversário será Antônio Gomide (PT). Contra o Partido dos Trabalhadores não faltam críticas: o grupo político, que segundo ele segue na Prefeitura com Roberto Naves (Republicanos), não foi capaz de emancipar a população, melhorar o ambiente de negócios ou atrair o setor produtivo. Nos últimos dez anos, diversas empresas trocaram Anápolis por Aparecida de Goiânia por falta de desinteresse da gestão pública, diz Márcio Corrêa. 

Nesta entrevista ao Jornal Opção, o dentista, professor, pai de família, evangélico e empresário anapolino fala sobre sua estratégia para quando a campanha eleitoral começar. Bolsonaro, religião, articulação política e propostas para a saúde são alguns dos principais temas sobre os quais Márcio Corrêa tem se debruçado. 

Ton Paulo — Como pré-candidato à Prefeitura de Anápolis, o senhor tem intensificado as articulações para viabilizar ainda mais seu nome na cidade. Como foram as conversas que levaram sua migração do MDB para o Partido Liberal (PL)?

No período em que fiquei na Câmara Federal, me aproximei como nunca do campo político da direita. Fiz relacionamentos e amizades dentro do Congresso Nacional em função de minha oposição ao governo Lula da Silva (PT). Em 2024, com a intensificação das articulações políticas para as eleições municipais, recebi o convite do ex-deputado Major Vitor Hugo (PL) para migrar de partido.

Ele se tornou um amigo nesta caminhada. Logo após o término das eleições de 2022, nós já estávamos conversando, discutindo. Ele era pré-candidato em Anápolis e, em dezembro de 2023, ele entendeu que eu tinha de ser o candidato a representar a direita em Anápolis. Respondi que isso dependeria de conversar com o grupo político que ficou consolidado dentro de Anápolis e que me apoia. É um grupo com a maior bancada de vereadores, com um deputado estadual, e que tem fortes ligações com o MDB. 

Eu percebi que essa mudança era importante, até por conta do posicionamento do MDB em nível nacional, de alinhamento com setores do governo do PT, enquanto eu me posicionei como oposição ao governo. Quando comecei a discutir essa possibilidade, observei diversas arestas que poderiam surgir, mas resolvi ir em frente porque percebi que meu nome ficaria fortalecido em virtude dos movimentos de adversários.

Tive uma conversa muito boa com os presidentes municipal, estadual e nacional do partido, bem como com o presidente Jair Bolsonaro. Quando o PL nacional fez a análise das pesquisas, que indicavam uma disputa acirrada com o PT, definiu nomes que poderiam disputar a eleição pela sigla em função do histórico do posicionamento político e intenções de votos. Eles me convidaram para ser pré-candidato, disseram que estava definido. 

Márcio Corrêa em entrevista aos jornalistas Nielton Santos, Italo Wolff, Ton Paulo e Euler Belém | Foto: Leoiran / Jornal Opção

Italo Wolff — Sua relação com o MDB continua boa, mesmo depois de sua saída do partido. O senhor deve receber o apoio do partido durante a candidatura?

Sim. Tenho uma relação muito próxima com o MDB, com o presidente estadual do partido e vice-governador Daniel Vilela. Nós reestruturamos o grupo político do MDB em Anápolis, que foi um dos partidos mais bem votados nas últimas eleições na cidade. Saí do partido deixando quatro vereadores no partido, a maior bancada de vereadores, e um deputado estadual. Esse apoio do MDB é fruto do trabalho que nós fizemos. Caminho com o partido desde a campanha do vice-governador, em 2018.

É um apoio natural. Em Anápolis, o partido não tem uma comissão provisória, mas um diretório próprio, com autonomia para tomar decisões. Deixo o MDB com muita segurança. Mais importante do que o apoio da sigla, fico seguro do apoio do grupo político de que o MDB faz parte. 

Posso citar aqui os vereadores José Fernandes, doutora Trícia Barreto, doutora Seliane Santos e Leandro Ribeiro — todos têm um belíssimo trabalho dentro da Câmara Municipal.  Temos o deputado Hamilton Filho. O presidente doutor Pedro Paulo Canedo. Um trabalho liderado também pelo doutor Marcelo Daher. São pessoas que enxergam nossa coerência e acreditam nesse projeto dentro da política e que sustentam nossa campanha. 

Euler de França Belém — Além do MDB, quais partidos darão apoio?

MDB, Agir, Solidariedade, Novo, PRD, Avante, PL… 

Euler de França Belém — PSD?

O PSD tem os pré-candidatos Kim Abrahão e João Gomes. Eu tenho uma conversa bem orientada com o presidente estadual, senador Vanderlan Cardoso, e tenho me empenhado para que o PSD possa caminhar junto com o PL.

Ton Paulo — O PL tinha Hélio Araújo como pré-candidato até sua chegada ao partido. Como foi a conversa para que ele abrisse mão da pré-candidatura?

Até as convenções, vão surgir dezenas de pré-candidatos, e muitos não vão se viabilizar, isso é natural. O Hélio é uma pessoa muito consciente e autêntica, que fez um excelente trabalho dentro do PL. Eu só colocaria meu nome com a anuência dele. Tivemos uma conversa na casa do senador Wilder Morais (PL), deixei isso claro, e ele tem me ajudado bastante desde então. Tudo foi feito com a participação dele, e sou muito grato ao Hélio pelo desprendimento e seu empenho com o projeto do Partido Liberal.

Nielton Santos — E quanto ao vice? Em uma cidade religiosa como Anápolis, o senhor pensa em uma dobradinha evangélico-católica?

Sim, consideramos o protagonismo das igrejas. Mas consideramos que, mais importante do que ser católico ou evangélico, temos que analisar a capacidade de trabalho, a disposição, o conhecimento da cidade, as propostas. Na vacância do candidato, o vice assume, e temos de ter responsabilidade com o eleitor. Tenho falado isso sempre que tenho oportunidade: precisamos de uma pessoa que some ao projeto com sua força política, mas também com capacidade de gestão. Anápolis tem inúmeros desafios para serem superados e o vice terá um papel importante nessa administração. O nome será definido no momento oportuno, juntamente com os presidentes de partido que compõem o nosso grupo e também com o coordenador deputado Hamilton Filho (MDB).

Ton Paulo — Márcio Cândido contava contava com um apoio expressivo de lideranças evangélicas. Com a saída dele do páreo, temos a impressão de que o apoio dessas lideranças ficou pulverizado. O senhor levou parte desse apoio de lideranças evangélicas?

Tenho dialogado com várias lideranças evangélicas, sim. O povo cristão é muito autêntico, tem olhado em muito detalhe os pré-candidatos e acho que eles terão tempo para julgar aquele que melhor representa os seus ideais, seus princípios, sua bandeira política. Mas isso tudo será definido nas convenções, no final de julho para agosto. Ainda não podemos afirmar exatamente quem seguirá qual pré-candidato.

Ton Paulo — O apoio do ex-presidente Bolsonaro vai contar nessa hora das lideranças escolherem quem vão apoiar?

Com certeza, Bolsonaro está animado com isso. Ele inclusive estaria presente neste mês, mas por conta de seu problema de saúde a sua agenda está cancelada. Tenho expectativa de que ele venha a Goiás se reunir com os representantes da direita em junho. 

Euler de França Belém — Existem algumas pesquisas não registradas circulando que já dão um quadro diferente daquele que víamos em Anápolis há 20 dias. Segundo esses levantamentos internos, seu nome já se aproxima do pré-candidato Antônio Gomide (PT). Você teve acesso a essas informações?  

Sim. Nós temos pesquisas internas, que não são para divulgação, mas para conhecer o cenário. Elas mostram minha pré-candidatura em crescimento constante, o que nos deixou muito entusiasmados. Mas o importante é trabalhar, trazer propostas para suprir as necessidades da cidade. Acho que é muito cedo para tratar de pesquisas quantitativas. Precisamos entender o sentimento da população e encarar esses levantamentos com muita humildade. Quero fazer uma campanha propositiva, apresentar soluções. 

Márcio Corrêa: “Bons resultados em pesquisas nos deixam animados, mas agora o importante é trabalhar com humildade para suprir as necessidades da cidade” | Foto: Leoiran / Jornal Opção

Euler de França Belém — É um quadro para segundo turno?

Trabalhamos com essa probabilidade, sim. Hoje os dados que nos apresentam indicam que a eleição em Anápolis vai ser em dois turnos. Em Anápolis, isso é esperado. Vamos trabalhar de forma muito eficiente, profissional, com uma agenda intensa nos bairros. O quadro vai se transformando à medida que vamos nos aproximando das eleições, a população vai começando a ficar antenada em relação aos políticos. 

No início, é natural que o pré-candidato mais conhecido, com maior recall político, se distancie na primeira posição. À medida que a população vai conhecendo os outros pré-candidatos, o cenário vai se modificando. Quem leva o nome do candidato são as lideranças de bairro, são as forças políticas, são líderes e representantes de diversos segmentos. 

Tive a oportunidade de ser candidato nas duas últimas eleições, tenho buscado manter minha coerência nos meus discursos e posicionamento político. Por isso, observo que a população tem entendido essa coerência e visto minha postura como positiva. Isso se reflete nas pesquisas internas. Agora, não podemos subestimar nenhum pré-candidato. Temos de entender a potencialidade de todos, para que possamos ir para a disputa com propostas coerentes, factíveis e principalmente entendendo o sentimento do eleitor.

Nielton Soares — A estratégia de sua campanha vai centrar na administração atual ou na do PT em Anápolis?

Veja bem, a atual gestão não está boa — se estivesse, minha candidatura nem faria sentido, mas meu principal adversário é Antônio Gomide (PT). Eu entrei na política por causa de Anápolis. Sou empreendedor na cidade, do ramo imobiliário, fiz minha carreira como dentista, na área da saúde. Por tudo isso, vejo as limitações da cidade.

Agora, se você acompanhar minhas redes sociais e entrevistas, verá que já escolhi um direcionamento, que é coerente com minha trajetória política de oposição aos governos petistas. Eu vou sempre reforçar que Anápolis é a segunda cidade mais rica do Estado, então não faz sentido faltar dipirona nos postos de saúde. Não faz sentido atacar a gestão Gomide, de 10 anos atrás, e falar que a gestão atual está boa. Preciso trazer propostas que vão resolver os problemas da cidade de hoje.

Meu principal problema com a administração do PT é sua intenção de fortalecer um projeto nacional que vai contra tudo aquilo que penso ser o ideal para o Brasil. O Partido dos Trabalhadores tem uma visão equivocada em relação aos gastos públicos, está endividando o país. Ao mesmo tempo, ataca a todo o tempo o pilar da sociedade, que é a família, e tem o propósito de doutrinar as crianças dos municípios. Anápolis, que tem 90% da população cristã, não vai aceitar a gestão do prefeito hoje, que prega o verde e amarelo, mas depois quer pintar a cidade vermelha.

“Há um acordo entre os grupos de Naves e Gomide. Não posso me contrapor a uma gestão sem me contrapor à outra também”

Márcio Corrêa

Gomide é lembrado em comparação com Roberto Naves, que foi o pior prefeito da história da cidade. É um ruim, e outro muito ruim. Antônio Gomide conseguiu, numa fase boa, trazer grandes programas sociais, mas não conseguiu emancipar essa população. O povo continua vulnerável, sempre dependendo dos programas sociais. Ele não conseguiu melhorar o ambiente de negócios, que segue totalmente burocrático e dependente da gestão pública. O PT não teve capacidade de atrair empresas e oportunidades para Anápolis.

Enfim, minha campanha vai se centrar no fato de que há um acordo entre os dois grupos, de Naves e Gomide. Tanto é assim que não há críticas contundentes entre esses dois pré-candidatos. Naves fez parte do governo Gomide e o grupo dos administradores de alto e baixo escalão de uma gestão passaram para a outra. Eles sempre estiveram juntos. Não posso me contrapor a uma gestão sem me contrapor à outra também. 

Italo Wolff — O senhor esteve recentemente na Câmara Municipal de Anápolis e recebeu uma cópia da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Como foi a visita? E como está a situação fiscal do município?

A visita à Câmara foi proveitosa. Fez parte da liturgia que o presidente do Legislativo apresente aos pré-candidatos a situação orçamentária para o ano de 2025. Novamente, encontrei que a cidade está em uma situação ruim: Anápolis saiu de um endividamento de R$ 70 milhões há dois anos atrás para um atual de R$ 500 milhões, com juros altíssimos para o erário público de 15% ao ano. 

A atual gestão aumentou os gastos da despesa corrente do município nos últimos anos de forma muito considerável, através de seus contratos e terceirizados. Então, se for eleito, preciso ter responsabilidade fiscal e já chegar conhecendo a realidade do município. Temos potencial que nós temos financeiro, mas, principalmente, trazer metas para o município voltar a ter capacidade de investimento.

Não faz sentido que a cidade com o segundo maior PIB só faça investimentos à base de empréstimos. Não estou falando contra o empréstimo em si, mas precisamos ter prioridades, precisamos de planejamento. Não temos um hospital de alta e média complexidade de porta aberta na cidade — a criança que quebra um braço é mandada lá para o Uruaçu. Enquanto isso, a administração gasta em terceirizados na saúde. 

Então, a saúde tem de ser a maior prioridade da gestão hoje, é disso que a população está precisando. Precisamos retomar a capacidade de investimento do município para melhorar esse setor, e isso se faz reconhecendo a realidade fiscal da cidade.

Márcio Corrêa: “Meu principal adversário é Antônio Gomide, mas minha pré-candidatura se deve ao fato de que a atual administração não está boa” | Foto: Leoiran / Jornal Opção

Italo Wolff — O que pode ser feito para reverter esse endividamento sem corte dos serviços públicos?

Anápolis precisa de um choque de gestão. A cidade gasta muito e gasta mal. Nós temos profissionais na área de educação e saúde trabalhando com vínculos vergonhosos, dentro de contratos vergonhosos. Isso dificulta a contratação de novos profissionais qualificados pelas unidades de saúde e escolas. A situação não é diferente na vigilância sanitária, que em Anápolis não tem sequer um carro para fazer fiscalizações. Imagine o fiscal sanitário, que tem poder de polícia, precisar se mover de Uber para realizar seu trabalho. Essa falta de estrutura é também uma falta de respeito com o servidor. 

Precisamos de um choque de gestão que dê eficiência para a Prefeitura. Trabalhando em conjunto com o Legislativo, definindo as prioridades e fazendo um bom planejamento, podemos fazer uma política pública eficiente, respeitando e agregando novos quadros qualificados para a cidade. 

Temos um grande potencial na área do ensino, com diversas faculdades e universidades como a Universidade Estadual de Goiás (UEG). Temos excelentes profissionais em diversas áreas, e isso tem de ser aproveitado. Parcerias com as instituições de ensino podem render bons frutos para o município.

“A saúde tem de ser a maior prioridade da gestão hoje, é disso que a população está precisando. Precisamos retomar a capacidade de investimento do município para melhorar esse setor, e isso se faz reconhecendo a realidade fiscal da cidade.”

Márcio Corrêa

Aliás, já temos grandes projetos, mas não são executados. Podemos realizar tudo isso com um planejamento de médio e longo prazo. Na cidade, se discute a mobilidade verde, infraestrutura sustentável, diminuição das distâncias — todas ideias interessantes, que precisam ser elaboradas e implementadas. Basta uma gestão autônoma que considere os potenciais da cidade. 

Italo Wolff — O senhor teve uma experiência de alguns meses no Congresso Nacional. Quais foram suas impressões da Câmara dos Deputados? O que o senhor tirou de proveitoso desse período? 

Foi a melhor oportunidade que tive. Pude levantar muitas pautas importantes. Discuti a reforma tributária, que traz um grande prejuízo econômico para o estado de Goiás, quebrando o pacto federativo e concentrando a arrecadação em Brasília. Debati temas importantes, tanto de ordem administrativa quanto de ordem ideológica. 

Fiquei impressionado com a forma que os deputados de esquerda criminalizam o setor produtivo, o agronegócio, o empreendedor; que são os setores que geram oportunidade de crescimento no país. Também fiquei impressionado com a forma como esses deputados de esquerda romantizam bandidos do nosso país e criminalizam as forças de segurança pública. Sempre me posicionei com autenticidade, com firmeza, demonstrei minha determinação. No final das contas, foi isso que me aproximou do campo da direita.

“Na Câmara dos Deputados, vi como a esquerda ataca a todo o tempo a família, o setor produtivo e as forças de segurança pública”

Márcio Corrêa

Apresentei projetos de lei que tiveram uma repercussão muito boa, sobre os pedágios. Eu faço muito o trânsito entre Anápolis, Goianápolis, Anápolis, Goiânia, e sempre percebi no pedágio que alguns carros tinham de fazer o retorno e voltar para a última cidade em busca de dinheiro trocado, porque as empresas não recebem PIX ou cartão. Era um tema que eu pensava que seria pequeno, mas ressoou com a sociedade. Percebi logo que fiz o primeiro vídeo sobre o assunto. Então, apresentei projetos de lei, fiz um movimento dentro Associação Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), marquei audiências públicas com as concessionárias dos pedágios e, enfim, conseguimos que o pagamento em PIX e cartão seja aceito. 

Também apresentei projetos de lei para estabelecer critérios que os municípios e as Organizações Sociais devem cumprir para que se possa terceirizar os serviços. O governador Ronaldo Caiado (UB), através da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), foi o primeiro governador do Estado a impor diretrizes para as Organizações Sociais que prestam serviços no Estado. Elas precisam cumprir vários critérios objetivos de idoneidade. Eu apresentei projetos semelhantes para que também os municípios tivessem de cumprir critérios antes de terceirizar o serviço da saúde. 

O papel do gestor tem diminuído, porque hoje se terceiriza tudo, mas acredito que a saúde tem de ser competência do município. Entendo que, em determinadas áreas nas quais a Prefeitura não tem know-how ou capacidade, a terceirização é desejável. Mas terceirizar toda a saúde, como fez Anápolis, é um erro. Anápolis terceirizou todos os postos de saúde sem licitação. Tem de haver critérios para contratar as Organizações Sociais. Isso tem de ser feito seguindo critérios. 

Márcio Corrêa: “Entendo que terceirizar determinadas áreas é desejável, mas terceirizar toda a saúde, como fez Anápolis, é um erro” | Foto: Leoiran / Jornal Opção

Euler de França Belém — Há dois candidatos da direita em Anápolis: Márcio Corrêa e Eerizania de Freitas (UB). Como o eleitor fará para identificar a diferença entre os dois?

Primeiro, quero dizer que tenho o maior respeito pela pré-candidata Eerizania Freitas, e até admiração, porque não é fácil disputar uma eleição, principalmente sendo mulher. Entendo a importância de as mulheres participarem do processo eleitoral. Mas, quanto à sua pergunta, a própria população terá de interpretar quem é o real candidato da direita. 

Eerizania Freitas é a candidata do prefeito Roberto Naves (Republicanos). Todo o grupo foi formado por quadros “da cozinha” do PT. São os “petistas Nutella”, que ficam fazendo cálculo político. Foi Dilma Rousseff quem nomeou Roberto Naves para a diretoria da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Roberto Naves pediu votos para Antônio Gomide; existem vídeos da época. 

Ele hoje se diz de direita por cálculo político, mas confio que a população vai saber reconher quem sempre foi de direita. Uma coisa é ser de direita, outra é discursar como se fosse de direita. Se Roberto Naves fosse de direita, ele teria indicado o candidato do PL. O candidato que ele indicou, Márcio Cândido, não foi aceito pelo partido. 

Eleitoralmente, acredito que a pré-candidata terá dificuldades, pois ela tem uma bagagem muito pesada para puxar. O prefeito está desgastado. Carregar o nome dele em uma campanha de continuidade será difícil. Ela busca qualificar sua campanha como outra coisa, mas é uma campanha de continuidade. 

Italo Wolff — Qual é o ponto fraco da gestão a que sua adversária pretende dar continuidade?

Na última eleição municipal, os números da cidade já mostravam a ineficiência da gestão Naves, mas os maus resultados foram mascarados pela pandemia de Covid-19. Em 2020, já estava muito claro a ineficiência da gestão, principalmente na área da saúde. Houve um desmonte das Unidades Básicas de Saúde (UBS). Os dados oficiais dos programas de saúde da família mostram Anápolis na 242ª posição da lista de 246 municípios goianos. 

A cidade gasta 29% de sua receita corrente líquida com saúde, então é um município que gasta muito e gasta mal. Tenho uma divergência com a atual gestão do ponto de vista ideológico, mas, principalmente, tenho divergência do ponto de vista administrativo. É só frequentar um posto de saúde para perceber a ineficiência. 

Em 2014, o Plano Nacional de Educação estabeleceu como meta que pelo de 50% das escolas municipais fossem em tempo integral. Hoje, nós não temos nenhuma escola em tempo integral. As que existiam, foram fechadas. Essas escolas são fundamentais porque garantem a empregabilidade dos alunos. O esporte é outro ponto de divergência: a Secretaria de Esporte de Anápolis não existe. 

Há 10 anos, se discutiu a ampliação daquele que era o maior distrito industrial do Estado, o Distrito Agro-Industrial de Anápolis (Daia). Desde então, Aparecida de Goiânia fez nove distritos industriais, o último com 500 intenções de entrada de empresas. Nesse período, Anápolis fez apenas a ampliação do Daia, por meio do governo de Ronaldo Caiado (UB), que fez um excelente trabalho, superando problemas de infraestrutura, energia e água. Mas as discussões do governo municipal não saíram do papel. Eu fiz um desafio: pedir a liberação de carga na Equatorial para uma indústria instalada nessa região; é impossível.

O município fez a permuta de uma área dentro do perímetro urbano, que acabou investigada pelo Ministério Público, para adquirir área dentro do Polo Industrial e Tecnológico de Anápolis (Politec). Mas fez isso sem discutir com o setor produtivo. Então, nós temos que melhorar o ambiente de negócios, discutir com o setor produtivo, para que a gente consiga agregar, atrair essas empresas.

Euler de França Belém — Mas não chegaram outras empresas nesse período?

Me cite uma. Não chegaram porque o município não tinha como atestar a viabilidade técnica operacional de água, não tinha água. Agora, com esse problema resolvido e com a ampliação da área, devem chegar outras empresas, mas, nesse período, duas grandes transportadoras — HDL e Rocha — deixaram Anápolis para se instalar em Aparecida de Goiânia. Isso vai se refletir no ICMS deste ano. 

Nós tivemos um boom econômico de 2007 a 2009, desenvolvendo Anápolis como uma cidade industrial. Nós temos um dinamismo econômico, estamos em posição privilegiada, temos tudo para nos desenvolver, mas, por causa de problemas crônicos, nós perdemos oportunidades. Várias empresas foram para outros estados. 

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