Em Goiânia, líderes evangélicos se dividem em apoio a pré-candidatos; Mabel sai na frente

“Nunca se soube de um cenário eleitoral tão aberto quanto esse de 2024, em que todo mundo está conversando com todo mundo”, disse uma vereadora de Goiânia à reportagem do Jornal Opção. A parlamentar se refere ao cenário de articulações entre partidos que segue a todo vapor, com indefinições e chances reais de desistência de alguns. Mesmo esses que podem jogar a toalha, se não estiverem presentes no páreo, terão grande representação na chapa de quem estiver.

E faltando menos de dois meses para o início da série de convenções partidárias que vão definir, de vez, quem serão os nomes, lideranças de diversos segmentos já se movimentam e abrem diálogos com os pré-candidatos. O objetivo é um só: o fechamento de acordos e alianças e uma consequente representação daquele segmento no projeto do candidato. Um desses blocos é o dos evangélicos – perfil de peso indiscutível em qualquer campanha política, devido à quantidade massiva de votos que costumam transferir ao escolhido.

Na última eleição municipal de Goiânia, eles estiveram 100% presentes. Vale destacar que as articulações iniciais indicavam que seria Henrique César (PSC), representante da Assembleia de Deus, e não Rogério Cruz, pastor da Igreja Universal, o vice de Maguito Vilela em 2020. O acordo com Henrique quase foi fechado. Porém, no final, a voz da igreja Universal teria falado mais alto, alçando Cruz a vice-prefeito e, logo depois, por uma infelicidade (a morte de Maguito), a prefeito de Goiânia.

No pleito de 2024, assim como em outros, os evangélicos também terão papel preponderante. Contudo, também de forma atípica, as lideranças evangélicas de Goiânia parecem estar repetindo a postura das lideranças anapolinas e rachando o segmento em apoios a diferentes pré-candidatos.

Eerizania Freitas x Márcio Corrêa

Em rápida contextualização: na cidade de Anápolis, dois pré-candidatos lutam para angariar o apoio dos evangélicos. De um lado, Eerizania Freitas (UB), apoiada pelo governador Ronaldo Caiado (UB) e pelo prefeito anapolino Roberto Naves (Republicanos). E do outro, Márcio Corrêa (PL), candidato do bolsonarismo e que se autoproclama como o “único da direita” no município.

Recentemente, Eerizania publicou em suas redes um vídeo em que aparece acompanhada de lideranças evangélicas da Assembleia de Deus de Anápolis, sinalizando que dispõe do apoio do segmento na cidade. Porém, apesar de aparentar ter herdado integralmente o espólio político entre lideranças evangélicas de Márcio Cândido (vice-prefeito anapolino que, enfraquecido, retirou seu nome do páreo), o cenário indica que isso está longe de ser realidade. Antes com Cândido e agora com Eerizania, lideranças evangélicas de diferentes denominações se dividem entre confirmados e indecisos, entre Eerizania e o Márcio Corrêa.

O mesmo parece acontecer em Goiânia. Ao Jornal Opção, representantes de ministérios da Assembleia de Deus – a vertente evangélica com, quiçá, maior representatividade na capital – e de outras denominações sinalizaram que haverá um apoio pulverizado do segmento nesta eleição.

Mabel, Cruz, Cardoso e Gayer

Sandro Mabel, pré-candidato do União Brasil apoiado pelo governador Ronaldo Caiado, deve ser o nome com a fatia mais expressiva de apoio dos religiosos. No início da última semana, Mabel participou de um evento da igreja evangélica Assembleia de Deus, Ministério Vila Nova, em uma churrascaria do setor Sul, na capital, a convite do presidente da Emater-GO e ex-deputado estadual, Rafael Gouveia. O evento contou com a presença de mais de 500 pastores e membros da igreja. Na ocasião, o presidente do ministério, pastor Josué Gouveia, declarou apoio ao empresário.

À reportagem, Josué falou sobre a decisão: “Na verdade, esse apoio é pela questão do governador. Estamos sempre alinhados ao governador, e como ele, o Sandro Mabel, é o candidato, nós vamos apoiá-lo”, disse.

Leia também: Evangélicos podem entrar na briga pela vice de Mabel

Outra liderança evangélica da Assembleia de Deus, essa do meio político, que já confirmou que apoiará Mabel é Luiz do Carmo. O ex-senador revelou que vinha mantendo conversas anteriormente com o pré-candidato e que, agora, não tem dúvidas de que estará com o empresário na corrida à Prefeitura de Goiânia. Mabel revelou à reportagem que também tem mantido conversas com o irmão de Luiz do Carmo, o presidente da Assembleia de Deus de Campinas e da Convenção Estadual dos Ministros Evangélicos das Assembleias de Deus de Goiás (Conemad), bispo Oídes do Carmo.

Questionado sobre se já havia martelo batido sobre quem apoiaria nesta eleição, Oídes ainda não respondeu. Conforme apurado pela reportagem, os diálogos com Mabel estariam avançados. No entanto, há um obstáculo no caminho do empresário para o fechamento dessa aliança, e seu nome é Vanderlan Cardoso. Também empresário, o pré-candidato do PSD é evangélico – ao contrário de Mabel, que é católico – e tem bom trânsito nesse segmento. Além disso, Vanderlan é da igreja de Oides do Carmo e amigo pessoal do bispo.

Divididos

É compreensível o líder assembleiano estar receoso quanto a se manifestar publicamente sobre seu candidato, pelo menos por enquanto, uma vez que: de um lado, temos um candidato do governador Ronaldo Caiado, nome ao qual Oídes é muito alinhado. Do outro, temos um amigo pessoal e de dentro de sua denominação.

Também levantar rumores sobre quem será o escolhido do pastor Abinair Vargas. Presidente da Assembleia de Deus Ministério Fama, Vargas tem boa relação com o governador Ronaldo Caiado. No entanto, é irmão do ex-deputado estadual Samuel Almeida, um dos nomes de confiança de Vanderlan e integrante de sua equipe na pré-campanha para a Prefeitura de Goiânia.

Já o pastor Gentil Oliveira, da Assembleia de Deus Bethel, disse à reportagem que está “na fase de avaliar” cada um dos pré-candidatos, assim como as propostas deles para o Paço Municipal. O pastor, que também é jornalista e economista, no entanto, disse que tem conversado com o atual prefeito e pré-candidato à reeleição, Rogério Cruz, e que vê com bons olhos o perfil dele. “Mas ainda estamos avaliando, não tem nenhuma definição”, disse. Vale lembrar que Cruz é pastor licenciado da Igreja Universal, tendo ligação direta e natural com o meio evangélico.

Outra liderança que, fazendo coro a Gentil, disse ainda avaliar para qual candidato irá seu apoio é Romeu Ivo, presidente da Igreja Esperança. Apesar de destacar que ainda não há nenhuma definição de apoio até o momento, o pastor citou dois nomes como sendo viáveis: Sandro Mabel e Gustavo Gayer, deputado federal e pré-candidato à Prefeitura de Goiânia pelo PL.

Gayer, por sua vez, parece contar com a simpatia da Igreja Presbiteriano. Ao Jornal Opção, o pastor Luiz Goulart, ex-presbítero e figura proeminente da denominação em Goiás, confirmou já ter declarado apoio a Gayer. “Mas a Igreja Presbiteriano não tem o costume de se posicionar oficialmente, declarar apoio para candidatos. Vai mais de cada um, mas a tendência, ainda outros como Adriana Accorsi [na disputa eleitoral], é que outros líderes também o apoiem”, concluiu.

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