A politicagem da lacração e a desinteligência natural

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad mostrou um preparo surpreendente diante da mira de paralamentares da extrema-deireita, na comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados. Desde a saída de Flávio Dino do Ministério da Justiça e Segurança Pública faltava no governo quem encarasse de frente deputados de oposição mais radicais.

Haddad vestiu esse personagem e deu um banho de água fria em bolsonaristas que pensavam que iriam “lacrar” com cortes de vídeos para as redes sociais. Desta vez o destaque ficou com o auxiliar do presidente Lula.

A politicagem da lacração é de baixo nível e também é muito carregada de informações mentirosas. Durante a sessão do deputado federal Kim Kataguiri (UB-SP) questionou o ministro sobre as taxações das compras em market places até US$ 50 e deliberadamente colocou o ICMS na conta do governo federal sendo que este é um imposto estadual.

Haddad explicou que o ICMS cobrado de compras do exterior vai para os governos estaduais, não o federal. “O senhor vai criticar publicamente os governadores que o senhor apoia? Não fará isso. Pega o microfone e fala mal do Tarcísio [de Freitas, governador paulista]. Coragem”, afirmou. “As pessoas merecem ser ouvidas, receba-as em seu gabinete, ouça os argumentos, feche a porta para ouvir e pare de lacrar na rede”.

Outros episódios com discussões mais fúteis provocados pela extrema direita também vieram a tona, mas não há motivo para se perder tempo com isso.

Como chegamos ao nível de termos deputados afim de lacrar e nada mais, presente no parlamento nacional? A resposta está na sociedade, que é o reflexo direto do que colocamos no poder Legislativo. Esse é o retrado da sociedade brasileira: despolitizada, desinformada, extremada. O lado A sempre terá ódio do lado C.

Certo dia eu estava cobrindo uma manifestação de apoiadores do ex-presidente em Goiânia e durante os discursos uma fala me causou espanto. Uma das mobilizadoras estava falando sobre a atuação de alguns parlamentares do PL e disse o seguinte: “Gente se é coisa da esquerda a gente não precisa nem saber do que se trata, a gente é contra e, da mesma forma, os deputados que a gente votou, se ele votaram uma vez com a esquerda não merecem o nosso apoio”, disse.

Fiquei um tanto apático durante esse culto à ignorância e a desinteligência natual (para usar das palavras da ministra Carmen Lúcia). Não existe censo crítico em nada que a extrema direita propõe.

Informações de bastidor do Senado dão conta de que o presidente do PL em Goiás, senador Wilder Morais, quer colocar de lado esse perfil mais radical do partido, porque para ele isso não vai ajudar a construir nada na política, também não vai ajudar a sociedade e não irá consolidadar uma construção de partido que seja relevante.

Para mudar todo o cenário e talvez, longinquamente, o sistema, é preciso parar e olhar para esse retrato de maneira crítica, se mobilizar e provocar a mudança.

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