Questão de foco: por que ignorar que o presidente de El Salvador foi eleito com 86% dos votos?

Já vi um atirador matar um pássaro com dois tiros. Ainda não vi o contrário — dois pássaros serem abatidos com um só disparo de arma. O presidente Nayib Armando Bukele Ortez, de 42 anos — que reduziu a maior criminalidade do mundo a níveis dos Estados Unidos — usou de toda a sua munição na guerra contra as gangues que aterrorizam El Salvador. Foi acusado pela oposição de não cuidar das liberdades civis. Afinal… os coitadinhos eram os bandidos.

Onde estava essa agora decantada liberdade civil do cidadão de bem nos tempos do terror em El Salvador?

Respondo: na lata do lixo.

Os partidos de esquerda, que alisam as cabeças dos criminosos por considerá-los vítimas da sociedade capitalista, pretensiosamente arrogam-se a competência de matar com um só tiro todos os pássaros. Não queremos com esta crítica ignorar os direitos humanos. Mas tão somente contestar o discurso demagógico de que é possível atacar o crime sem fazer vítimas.

Se o presidente Bukele tivesse atentado contra os direitos dos cidadãos não teria sido reeleito com o inacreditável número de 86% dos votos e eleito 58 dos 60 candidatos à Assembleia Legislativa. Com essa votação maciça a sociedade dá carta branca ao presidente eleito.

Ninguém tem mais autoridade para julgar a política de um governo do que os eleitores em eleições livres e honestas. Os salvadorenhos falaram pelas urnas que não veem no seu presidente uma ameaça as liberdades e direitos individuais. Pelo contrário, votaram para ter mais do mesmo.

Não se combate o crime com luvas de pelica

Bukele, com a sua dura campanha contra o crime, que o reelegeu, dá um recado ao mundo: não se combate o crime com luvas de pelica.

Um recado que o Brasil deveria ouvir, pois o crime está tomando conta do país. A violência, consequência das lutas entre as facções do narcotráfico e dos criminosos nas ruas, atingiu números que nos colocam entre países mais violentos do mundo.

À violência se soma a corrupção para tornar-se uma marca brasileira. As estatísticas são eloquentes. Estamos mal qualificados nos registros internacionais pela violência e corrupção.

Não será com cerimônia e falsa compreensão que nós, os cidadãos de bem, teremos recuperada a nossa liberdade civil. Somos hoje prisioneiros em nossos apartamentos (quem se arrisca a morar em casa — exceto em condomínios com muros altos —nas grandes cidades?) e em carros blindados. E de tanto ver repetida as agressões à nossa liberdade de ir e vir, de morar, já perdemos a sensibilidade e não nos rebelamos contra a violência ao nosso redor.

Não fosse a nossa lamentável adaptação às ameaças à nossa segurança e não votaríamos nos candidatos que colocam os direitos dos criminosos à frente dos nossos. Negar o voto aos partidos políticos que protegem os criminosos nada tem de maldade com os bandidos, mas simplesmente dar tratamento adequado ao crime. Há que se ter em conta que a segurança pessoal é o melhor indicador do nível de civilidade de um país. É um direito fundamental, que se contrapõe ao uso da força.

“Políticos como sócios dos criminosos”

Bukele faz uma acusação grave, que merece ser considerada, tendo em conta a sua experiência bem-sucedida no combate ao crime. Disse o presidente: “Os políticos não combatem o crime por serem sócios dos criminosos”.

O que reforça a ideia de não se votar em políticos que usam de argumentos ardilosos — direitos humanos dos bandidos — para não fazer guerra sem trégua ao crime em defesa dos direitos humanos dos cidadãos de bem.

O combate à criminalidade é a primeira das nossas prioridades. Deve merecer uma concentração de esforços, ser o foco, da ação governamental, para o Brasil deixar de ser o paraíso do crime e da corrupção. Ter foco é usar toda a munição em um único alvo.

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