Em novo recorde, buraco negro expele maior par de jatos cósmicos já observado

Os buracos negros ativos, ao engolirem matéria de seus arredores, expelem poderosos jatos de plasma em suas extremidades, formados por gás ionizado que libera imensas quantidades de energia. Esses fenômenos, conhecidos como jatos relativísticos, já eram estudados desde 1918, mas cientistas acabam de registrar o maior par dessas estruturas já descoberto.

Com um comprimento total de 23 milhões de anos-luz, o par de jatos se estende por uma distância equivalente a 140 galáxias como a Via Láctea alinhadas. “A Via-Láctea seria um pequeno ponto nessas duas erupções gigantes”, diz Martijn Oei, autor do artigo publicado na Nature, em comunicado do Instituto de Tecnologia da Califórnia.

Esse feito é impressionante, pois supera em 40% o maior jato registrado anteriormente. Batizado de “Porfírio”, em referência a um gigante da mitologia grega, esse jato foi emitido cerca de 6,3 bilhões de anos após o Big Bang e se localiza em uma galáxia a 7,5 bilhões de anos-luz da Terra.

Apesar de invisíveis, esses jatos são detectáveis por telescópios de rádio, permitindo que os cientistas calculem seu tamanho e localização, além de serem cruciais para identificar a presença de buracos negros. A energia liberada por esses jatos é vital para suas galáxias, influenciando a formação de estruturas cósmicas.

“Os astrônomos acreditam que as galáxias e seus buracos negros centrais coevoluem, e um aspecto fundamental disso é que os jatos podem espalhar enormes quantidades de energia que afetam o crescimento de suas galáxias hospedeiras e de outras galáxias próximas a elas”, diz Oei. “Essa descoberta mostra que seus efeitos podem se estender muito mais longe do que pensávamos.”

Essa descoberta, feita com o uso do telescópio de rádio LOFAR, revela um panorama inédito: a presença de milhares de jatos gigantes, alterando o entendimento atual sobre a dinâmica dos buracos negros.

“Jatos gigantes eram conhecidos antes de começarmos a campanha, mas não tínhamos ideia de que haveria tantos”, diz Martin Hardcastle, também autor do estudo. “Normalmente, quando obtemos uma nova capacidade observacional, encontramos algo novo, mas ainda foi muito emocionante ver tantos desses objetos emergindo.”

Com mais de 8 mil pares de jatos descobertos, o estudo foi aceito para publicação no periódico Astronomy & Astrophysics. No futuro, os cientistas esperam desvendar como esses jatos se mantêm estáveis, apesar da enorme quantidade de energia liberada, e investigar os impactos dessa energia no Universo, especialmente na rede cósmica que conecta galáxias distantes.

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