O lobby do lixo pode resultar em maiores despesas para a prefeitura de Goiânia; entenda

O lobby do lixo pode resultar em maiores despesas para a prefeitura de Goiânia, caso se concretize a licitação que prevê a privatização de 40% dos resíduos do aterro sanitário. O Jornal Opção tem publicado uma série de reportagens mostrando que apenas duas empresas, que possuem aterros privados nas imediações da capital, estão pressionando o poder público para forçar a privatização às vésperas do fim do mandato.

Diante desse cenário, destaca-se que, mesmo com a recomendação da Procuradoria Geral do Município (PGM) para a suspensão temporária da licitação por 72 horas úteis, as empresas de lobby continuam agindo para forçar a privatização.

O presidente da Comissão de Meio Ambiente (CMA), vereador Kleybe Morais (MDB), entrou com uma ação contra a licitação no Tribunal de Contas dos Municípios do Estado de Goiás (TCM-GO). O parlamentar classificou a denúncia como uma das “mais graves” da atual legislatura. “Solicitamos a análise do TCM-GO e pedimos a suspensão do processo licitatório. Essa situação pode prejudicar os cofres públicos de Goiânia e a sociedade goianiense em geral”, explicou.

O Jornal Opção elaborou uma planilha que revela a desproporção nos preços praticados. Vale ressaltar que os números indicam uma discrepância considerável entre o valor pago pela prefeitura à Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) para operar o aterro sanitário e o valor que poderá ser pago às duas empresas privadas. Nesse contexto, destaca-se um possível rombo de aproximadamente R$ 1,5 bilhão nas contas da prefeitura, que seria deixado como herança para o próximo gestor.

Veja a planilha detalhada:

Um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), assinado em 2020 pelo então prefeito Iris Rezende, orienta o município a terceirizar pelo menos 40% do serviço, sob a alegação de que o aterro de Goiânia não suporta a quantidade atual de resíduos. No entanto, os números apontam uma desproporção significativa entre os valores.

Uma comparação entre os cenários possíveis revela que, se a Comurg operasse apenas 60% dos resíduos (aproximadamente 93.200 toneladas), ela receberia um valor mensal de R$ 1.708.356,00, com um custo unitário de R$ 18,33 por tonelada. Já as empresas privadas que operariam os 40% restantes (16.800 toneladas) receberiam R$ 1.965.600,00, o que resulta em R$ 117,00 por tonelada — um valor 6,4 vezes superior ao pago à Comurg por tonelada. Ou seja, as empresas privadas tratariam 76,4 mil toneladas a menos que a Comurg, mas receberiam R$ 257.244,00 a mais, o equivalente a 15,06%.

Além disso, é importante destacar a crise na saúde de Goiânia, com pelo menos quatro mortes já confirmadas devido à falta de leitos de UTI. A saúde no município tem sido alvo de críticas da imprensa há meses, com poucos serviços de ambulâncias do Samu em operação, greve de anestesistas devido às condições de trabalho e atrasos nos repasses para as principais maternidades. Este é um setor que exigirá investimentos imediatos do próximo prefeito.

A licitação prevê que as empresas participantes mantenham aterros devidamente licenciados ambientalmente em operação, localizados nos municípios limítrofes e na Região Metropolitana de Goiânia. Como já foi publicado em outra reportagem pelo Jornal Opção, apenas duas empresas na região metropolitana de Goiânia têm capacidade técnica para oferecer esse serviço: a Resíduo Zero Ambiental, localizada em Guapó, e a CTR Metropolitana, em Aparecida de Goiânia. Vale ressaltar que o aterro sanitário de Goiânia tem uma vida útil estimada em 17 anos.

Leia também:

Privatização do aterro sanitário de Goiânia pode aumentar em 638% em comparação ao valor atual

Após reportagem do Jornal Opção, PGM suspende licitação para privatização do aterro sanitário de Goiânia

Vereador entra com ação para suspender licitação de aterro sanitário de Goiânia

O post O lobby do lixo pode resultar em maiores despesas para a prefeitura de Goiânia; entenda apareceu primeiro em Jornal Opção.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.