“Falta de leitos de UTI é ponta do iceberg”, diz secretário de Saúde sobre crise em Goiânia 

A crise na saúde pública de Goiânia foi tema de uma reunião na Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO), realizada na tarde desta segunda-feira, 25. O encontro reuniu a equipe de transição do prefeito eleito Sandro Mabel (UB) e do atual, Rogério Cruz (Republicanos), o secretário municipal de Saúde de Goiânia, Wilson Pollara e o secretário de Saúde do Estado, Rasível dos Santos.

No centro das discussões, a falta de vagas em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e o colapso no atendimento emergencial, que tem resultado em mortes de pacientes enquanto aguardam leitos. Além disso, problemas estruturais e administrativos da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) foram destacados como fatores que agravam a crise.

Nas últimas semanas, Goiânia registrou mortes de pacientes à espera de vagas em UTIs, mesmo com decisões judiciais obrigando o município a custear leitos na rede privada quando o Sistema Único de Saúde (SUS) não oferece capacidade. O cenário reflete uma gestão desarticulada e déficits financeiros que comprometem serviços essenciais, como o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que opera com número reduzido de ambulâncias, e as maternidades públicas, prejudicadas por atrasos nos repasses financeiros.

O secretário estadual de Saúde, Rasível dos Santos, destacou a complexidade do problema durante a reunião: “Estamos enfrentando uma crise sanitária que compromete a credibilidade da gestão pública de saúde. A falta de contrapartida orçamentária do município para honrar contratos agrava a situação, levando à superlotação e ao agravamento de pacientes nas unidades”.

Impacto na oferta de leitos

Dados apresentados por Rasível mostram a redução no número de leitos de UTI em Goiânia nos últimos anos. Em 2022, havia 186 leitos financiados pelo estado e município; em 2024, o número caiu para 118. 

Dados apresentados por Rasível dos Santos durante reunião em Goiânia | Foto: Jornal Opção/ Luan Monteiro

Rasível alertou sobre as consequências desse cenário: “A superlotação nos hospitais faz com que os pacientes fiquem internados e levem mais tempo, criando um ciclo vicioso de agravamento das condições de saúde”. Ele também ressaltou a necessidade de melhorar a gestão dos leitos existentes, reduzindo o tempo de permanência e ampliando o giro dos pacientes.

Busca por soluções imediatas

Durante a reunião, representantes do estado, município e MP-GO discutiram estratégias para minimizar os impactos da crise enquanto o prefeito eleito Sandro Mabel assume o comando da capital. Entre as propostas está o reforço da gestão compartilhada entre estado e município, além da reativação de contratos suspensos com prestadores de serviços de saúde.

O secretário estadual frisou a importância de um esforço conjunto: “Precisamos do compromisso de todos os parceiros para evitar mais mortes e complicações”.

A crise na saúde de Goiânia não se limita à oferta de UTIs. Greves de anestesistas, falta de insumos e condições precárias de trabalho são apenas alguns dos sintomas de um sistema à beira do colapso. Sandro Mabel terá a missão de resgatar a confiança dos prestadores de serviços, renegociar dívidas e implementar melhorias que atendam à crescente demanda por serviços de saúde na capital.

Rasível dos Santos também destacou a necessidade de ações preventivas, como o fortalecimento da atenção primária para evitar agravamentos de casos que poderiam ser tratados antes de chegar às UTIs. “Estamos diante de uma demanda maior do que a capacidade do sistema, o que exige medidas estruturantes”, concluiu.

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