Portugal antecipa eleições legislativas e enfrenta disputa acirrada entre esquerda e direita

Após oito anos de governo socialista, Portugal vai às urnas neste domingo, 10, com disputa acirrada entre a esquerda e a direita. Durante as eleições legislativas, serão escolhidos 230 deputados para a Assembleia da República, além do substituto de António Costa, do PS (Partido Socialista), para o cargo de primeiro-ministro.

O primeiro-ministro português, Costa, assumiu o cargo em 2015 e deveria permanecer até 2026 após a vitória na eleição legislativa de janeiro de 2022. No entanto, em novembro de 2023, ele renunciou após ser implicado em uma investigação do Ministério Público relacionada a projetos irregulares de lítio e hidrogênio verde. Como resultado, o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, dissolveu a Assembleia da República e convocou novas eleições.

O principal adversário de Costa nas urnas é Luís Montenegro, do AD (Aliança Democrática), que aparece com 30% das intenções de voto. O  Aliança é formado por dois pequenos partidos conservadores (PSD e CDS-PP) e descartou qualquer acordo com a extrema direita.

O grupo de extrema direita no país é representado pelo Partido Chega, sob liderança de André Ventura.  Criado em 2019, o partido elegeu 1 deputado, aumentando o número para 12 no pleito de 2022. Tornou-se então o 3º maior grupo parlamentar dentro da Assembleia.

Escândalo de corrupção na esquerda

O sucessor de Costa à frente dos socialistas, Pedro Nuno Santos, já indicou que não pretende obstruir a formação de um governo minoritário de centro-direita. No entanto, António Costa expressou preocupação, afirmando que “o cordão sanitário contra a direita radical não está funcionando nas democracias europeias e Portugal será outro exemplo”.

Diversos países da União Europeia, incluindo Itália, Eslováquia, Hungria e Finlândia, são liderados por coligações que incluem um partido de extrema direita. A Holanda também poderá se juntar a esta lista após a vitória de Geert Wilders nas eleições legislativas de novembro. Cientistas políticos avaliam que o tema da corrupção, nesta situação europeia, favorece a direita radical.

António Costa está no poder desde o final de 2015 e obteve uma vitória histórica nas eleições legislativas de janeiro de 2022. No entanto, sua primeira maioria absoluta revelou-se instável. Apesar dos avanços na consolidação das finanças públicas e na saúde econômica relativa, seu governo foi abalado por uma série de escândalos e demissões.

O último escândalo envolveu uma investigação por tráfico de influência que visava um dos ministros de seu governo e seu próprio chefe de gabinete, que foi encontrado com € 75.800 em dinheiro escondidos em seu escritório. Diante da implicação no caso pelo Ministério Público, Costa renunciou no início de novembro, declarando que não buscaria um novo mandato.

Quem são os candidatos

Estes são os principais nomes na eleição, que conta também com a presença de grupos menores na disputa:

Após a renúncia de António Costa, seu ex-ministro da Infraestrutura, Pedro Nuno Santos, de 46 anos, assumiu a liderança do Partido Socialista e enfrenta o desafio de reconduzi-lo ao governo de Portugal. Ele tem enfatizado que o PS é a opção “segura” para os portugueses e apelou pelo voto útil na reta final da campanha, argumentando que “não podemos dispersar os votos”.

No campo da centro-direita, Luís Montenegro, de 51 anos, lidera a Aliança Democrática (AD), uma coalizão encabeçada pelo Partido Social Democrata (PSD), que já esteve no poder antes dos socialistas. Montenegro busca conquistar os votos dos indecisos, que representam cerca de 20% do eleitorado, e reconquistar os aposentados que passaram a votar nos socialistas após ajustes fiscais realizados durante o último governo dos sociais democratas.

Além dos partidos políticos tradicionais de Portugal, a eleição é marcada pelo avanço da direita radical liderada por André Ventura. Anteriormente conhecido como comentarista esportivo, Ventura agora lidera o partido Chega! e aposta em um discurso contra o sistema, a corrupção e a imigração. Espera-se que ele consolide o Chega! como a terceira força política do país.

André Ventura afirmou em comício que se for eleito como primeiro-ministro de Portugal, proibirá a entrada do presidente brasileiro, Luíz Inácio Lula da Silva. Ele chegou a ameaçar prender o presidente brasileiro caso ele insistisse em visitar o país.

“Eu garanto-vos que, se eu for primeiro-ministro, o senhor Lula da Silva ficará no aeroporto. E, se insistir, vai para uma cadeia”, disse o candidato. Em tom de provocação, ele continuou e disse que “isso não será uma grande novidade para ele”.

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