Como o Natal é celebrado pelos segmentos religiosos no Brasil

O Natal, celebrado no dia 25 de dezembro, é uma das datas mais importantes do calendário ocidental, marcada por festas e tradições. Na cultura cristã, esse período simboliza o nascimento de Jesus Cristo em Belém, localizada na atual Cisjordânia, um território palestino sob ocupação israelense. A palavra “Natal” tem origem no latim, derivando de natalis, que significa “nascimento”.

O ICL Notícias divulgou uma reportagem detalhando o significado do Natal para diversas religiões brasileiras; veja

O Natal e o Candomblé
O Babalawô Ivanir dos Santos explicou ao ICL Notícias que, no Candomblé, a visão iorubá, de origem africana, dissocia sua ritualística das tradições cristãs. Nessa perspectiva, os orixás representam forças da natureza, cuja existência está diretamente vinculada a ela. Sem as folhas, não há orixás; sem a natureza, o culto perde seu sentido. Essas práticas remontam a períodos anteriores ao nascimento de Jesus Cristo.

De acordo com o calendário iorubá, o ano novo começa no primeiro domingo de junho. Contudo, no Brasil, o Candomblé se desenvolveu em um contexto próprio, marcado pela adaptação ao território e pela influência de forças coloniais. A essência da religião permanece ancorada em elementos sagrados, como a terra, a água, o ar e o fogo, aspectos que não possuem conexão com o cristianismo.

Nos séculos 18 e 19, o Brasil vivia sob uma forte união entre Igreja e Estado, e muitas datas religiosas cristãs eram celebradas como feriados. Esse contexto refletia uma relação de poder colonial que impactava também as práticas religiosas afro-brasileiras. Durante esse período, os escravizados realizavam suas reverências de forma disfarçada. Era comum associar figuras cristãs a orixás, como Iansã a Santa Bárbara. Apesar dessa aproximação, os orixás possuem origens muito anteriores às figuras cristãs, evidenciando a independência e ancestralidade das tradições africanas.

Segundo Ivanir, essa adaptação foi uma estratégia de resistência, mas é essencial lembrar que os significados originais do Candomblé permanecem enraizados em sua herança cultural. Levando em conta que o Candomblé é uma tradição afro-brasileira, a religião se configura em diálogo com a Igreja Católica. Por isso, o Natal é comemorado como uma forma de confraternização entre as pessoas, mas sem um significado dentro do culto religioso.

“Temos várias festas, como a festa do Boi de Oxóssi, a Fogueira de Xangô, o Balaio de Oxum, de Iemanjá, entre outras, mas o Natal em si remete mais a uma reunião familiar. Somos brasileiros, e as famílias são muito plurais; isso faz parte da nossa cultura. Dizemos ‘Feliz Natal’ como uma saudação normal. É um momento de felicidade e solidariedade, mas apenas pela lógica cultural. Quando o ano vira, para ritualizar a passagem, fazemos o que chamamos de Osé da casa, que significa lavar a nossa casa e o nosso terreiro para começar o ano bem.”

O Natal e a Umbanda
Na cidade de Juazeiro, Bahia, o ICL Notícias ouviu Tata Edson, do Congá do Seu Zé, que explicou que suas práticas são fundamentadas nas tradições africanas, especialmente na tradição bantu, trazida ao Brasil entre os séculos XVI e XVII. Segundo a filosofia bantu, os ciclos de vida têm grande importância, pois simbolizam o crescimento, a conexão com a comunidade e a harmonia com os ancestrais.

Embora não celebrem o Natal nem sigam o calendário cristão, realizam rituais no final do ano, marcando a transição de um ciclo para outro. Entre esses rituais estão consultas espirituais, limpezas, descarregos e uma conversa com Seu Zé Pelintra sobre o ano que passou e os desafios a serem enfrentados. A celebração termina com um banho especial de folhas na virada do ano.

Para encerrar o ano, realizam trabalhos com Exus, Pombagiras, Pretos e Pretas Velhas, cada grupo focado em resolver questões específicas, como conflitos, caminhos materiais e demandas espirituais ou afetivas. Já o início do ano é dedicado aos caboclos, os ancestrais da terra, com os primeiros trabalhos do terreiro em sua homenagem. Apesar de seguirem o calendário social, como os recessos de final de ano, a conexão religiosa não é com o Natal, mas sim com oferendas a Oxóssi, pedindo fartura e prosperidade para o novo ciclo.

O Natal para os evangélicos
Para os evangélicos, o Natal é uma celebração que transcende o aspecto comercial e cultural, sendo essencialmente uma data de adoração e reflexão sobre o nascimento de Jesus Cristo. Acredita-se que Jesus, como Filho de Deus, veio ao mundo para trazer salvação e cumprir as promessas divinas. Nesse contexto, o Natal representa a manifestação do amor de Deus pela humanidade, com a encarnação de Jesus em um humilde estábulo, simbolizando a chegada de um Salvador para todos os povos.

A festa também é vista como um momento de renovação espiritual, em que os evangélicos se lembram do sacrifício de Jesus e do propósito de sua vinda. É uma oportunidade para refletir sobre o significado de viver uma vida cristã verdadeira, marcada pela paz, o amor e a reconciliação. Muitos cristãos evangélicos aproveitam o Natal para reforçar os laços familiares, realizar cultos e orações, e compartilhar a mensagem de esperança e redenção que o nascimento de Cristo representa.

Apesar de não ser mencionada diretamente nas Escrituras como uma data específica, o Natal para os evangélicos é uma oportunidade de vivenciar a verdadeira essência da fé cristã, lembrando a importância do nascimento de Cristo não apenas como um evento histórico, mas como o princípio da transformação da humanidade. Em meio à celebração, os evangélicos enfatizam o convite de Deus à salvação e à fraternidade, buscando imitar o exemplo de Jesus em suas atitudes e ações cotidianas.

O Natal para os católicos
Para o catolicismo, o Natal simboliza o ápice do plano divino por meio de Jesus, carregando uma profunda mensagem de ensinamentos para aqueles que desejam contribuir positivamente para o mundo. Essa energia transformadora foi vivida por figuras como Martin Luther King, Irmã Dulce e tantas outras pessoas extraordinárias, que enfrentaram realidades semelhantes às nossas e deram o melhor de si para concretizar o espírito natalino para muitos.

Para a Igreja, o Natal representa a realização máxima da doação existencial ao outro. Porém, a Igreja lamenta que a perversidade do capitalismo, em busca de lucro, tenha corrompido o verdadeiro espírito natalino.

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