Mais de 200 espécies de aves são mapeadas na Serra do Mar

Um estudo mapeou 239 espécies de aves na região da Serra de Paranapiacaba, incluindo duas ameaçadas de extinção: a saíra-sapucaia (Stilpnia peruviana) e o tauató-pintado (Accipiter poliogaster). A pesquisa, que representa o primeiro levantamento científico das espécies de aves residentes, endêmicas e migratórias do Vale da Quietude, localizado em Ibiúna (SP), foi realizada por pesquisadores do Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos e publicada em um periódico científico do Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA). O estudo foi divulgado na sexta-feira, 20, pela agência de notícias Bori.

A pesquisa aproveitou dados coletados por observadores de aves amadores na plataforma digital eBird e destacou a relevância de modalidades de turismo ecológico, como a observação de aves, para gerar renda e fomentar a conservação da natureza.

A Mata Atlântica, bioma no qual a região está inserida, é estudada ornitologicamente há cerca de 200 anos. No entanto, ainda existem áreas com poucas ou nenhuma informação sobre a biodiversidade local, que é vasta e varia conforme características como habitat, temperatura e altitude.

“A Serra de Paranapiacaba passou por processos de desmatamento no passado, mas atualmente encontramos ali florestas muito bem preservadas e outras em processo de recuperação. Como a Mata Atlântica possui uma elevada biodiversidade, esperávamos encontrar uma grande quantidade de aves, mas conseguimos registrar ainda mais do que imaginávamos”, afirmou o ornitólogo Fabio Schunck, do Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos e autor do artigo.

O estudo também revelou que as espécies identificadas na área estudada estão alinhadas com o padrão observado na região ao norte da Serra do Mar. Com isso, o levantamento contribui para ampliar o entendimento sobre a biodiversidade local, sugerindo que a transição de espécies na Serra de Paranapiacaba ocorre em um ponto mais ao sul da área analisada.

A pesquisa de campo foi realizada em quatro visitas entre abril de 2022 e agosto de 2023, com duração de sete dias cada, realizadas em diferentes estações do ano. O objetivo era ampliar a variedade de espécies observadas e suas sazonalidades. Os registros foram feitos por meio de fotos e gravações do canto das aves, além de informações fornecidas por cidadãos não cientistas, por meio da prática de ciência cidadã, para analisar a biodiversidade local.

Nos últimos nove anos, observadores de aves registraram 238 espécies no Vale da Quietude, com o número total chegando a 259 ao incluir os dados da pesquisa de campo e da plataforma eBird. O levantamento visa estimular a observação de aves, uma atividade relacionada ao turismo ecológico, que pode gerar novas fontes de renda e contribuir para a preservação das florestas e da fauna da região. Os registros de Schunck foram também disponibilizados no eBird, incentivando a visita de observadores e auxiliando em futuras pesquisas globais.

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