Após meses de crise, Goiânia zera fila por leitos de UTI, diz SES

A capital de Goiás dá sinais de recuperação na área da saúde. Após enfrentar uma das maiores crises no setor, que agravou as filas por atendimento e leitos hospitalares, Goiânia finalmente conseguiu que a fila por leitos de UTI e enfermaria fosse completamente eliminada. Trinta dias após a instalação do Gabinete de Crise da Saúde, coordenado pela Secretaria Estadual da Saúde (SES), mais de 1.944 pacientes foram admitidos em hospitais públicos, conforme a pasta.

A conquista, apresentada na quinta-feira, 26, ao Ministério Público de Goiás (MP-GO) e ao Tribunal de Contas do Estado (TCE-GO), reflete, segundo a SES, o trabalho conjunto entre a pasta estadual, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e a equipe de transição do prefeito eleito, Sandro Mabel. 

Estratégias que mudaram o cenário

Entre as principais medidas adotadas pelo Gabinete de Crise, destaca-se a ampliação de leitos hospitalares em diferentes unidades da rede pública. Houve a abertura de 20 novos leitos de UTI e a reativação de outros 47 no Hospital Ruy Azeredo, além da disponibilização de 16 leitos no Hospital das Clínicas da UFG. Outra conquista foi a inauguração de 40 leitos de UTI e 55 de enfermaria no Hospital Estadual de Águas Lindas.

Essa expansão, combinada com a otimização do uso de recursos e insumos, permitiu que a maior parte das demandas de internação fosse atendida em menos de 24 horas. Para o secretário estadual de Saúde, Rasível Santos, o resultado reflete o comprometimento coletivo. “Esses resultados demonstram como a gestão diária e contínua dos recursos, aliada à organização e à cooperação entre as esferas estadual e municipal, otimiza o uso de leitos, insumos e demais recursos”, afirmou.

Melhoria no transporte e reforço na mobilidade

Outro ponto no enfrentamento à crise foi a expansão do transporte sanitário e de emergência em Goiânia. A frota de ambulâncias brancas passou de 6 para 11, enquanto o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) ampliou sua capacidade, operando de 9 para 14 ambulâncias ativas, com previsão de alcançar 17.

Segundo a Secretaria Estadual da Saúde, todos os veículos de transporte sanitário e de emergência, além de transportes administrativos, foram revisados e encontram-se plenamente operacionais.

Para Rasível Santos, esse nível de integração não apenas trouxe resultados concretos, mas também estabeleceu um novo paradigma de gestão pública em saúde na capital. “Esses resultados mostram o comprometimento de um grande número de profissionais de saúde com a vida e o bem-estar da população”, afirmou o secretário. Ele destacou que a estratégia estabelece um novo padrão de eficiência e organização para Goiânia, beneficiando diretamente os cidadãos com um atendimento mais ágil e de qualidade.

A crise que deu lugar à recuperação

O cenário atual contrasta fortemente com a realidade vivida pela população de Goiânia até alguns meses atrás. A cidade sofria com críticas severas à administração municipal, que enfrentava sérias dificuldades financeiras e problemas operacionais no sistema de saúde. O déficit de recursos, a falta de coordenação entre diferentes esferas de governo e o colapso nos serviços levaram a uma crise sem precedentes, com sérias falhas no atendimento e condições insalubres nas unidades de saúde.

Em um cenário crítico como esse, a superlotação das unidades de terapia intensiva (UTIs) se tornou um problema alarmante. Entre 2022 e 2024, o número de leitos de UTI em Goiânia caiu de 186 para 118, situação que comprometeu a capacidade de resposta do sistema à demanda. 

O sistema de saúde de Goiânia chegou a um ponto crítico de esgotamento, com o Ministério Público de Goiás (MP-GO) e o Tribunal de Contas do Estado (TCE-GO) alertando sobre o risco iminente de colapso. A falta de medicamentos essenciais, o desabastecimento de insumos e a dívida de R$ 300 milhões com hospitais contratualizados eram evidências claras de que a cidade estava enfrentando uma crise sem precedentes. 

A precariedade no atendimento também gerou inúmeras mortes evitáveis, com vítimas aguardando horas, e até mesmo dias, por leitos nas unidades de UTI. As falhas na gestão administrativa geraram uma grave crise de confiança na administração municipal, que ainda enfrenta alegações de desvio de recursos e nomeações de profissionais sem a qualificação necessária para cargos de liderança.

Em um encontro com médicos no dia 18 de outubro, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, fez um alerta sobre o “imediato colapso” do sistema de saúde, destacando como as constantes falhas de repasse e a falta de recursos haviam resultado na paralisação de serviços essenciais. “Estamos vivendo um momento extremamente delicado. A Santa Casa e o Hospital do Câncer Araújo Jorge já colapsaram, pois a verba que teria que ser repassada pela prefeitura não chega. Tive notícias de que o plantão da Maternidade Dona Iris parou. As Upas estão sem poder realizar os atendimentos por falta de médicos e material”, afirmou o governador no período.

O processo de recuperação da cidade ainda está em andamento, mas os esforços recentes serviram como exemplo de como uma abordagem integrada e direcionada pode fazer diferença.

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