O trânsito de Goiânia era um trem doido

Era janeiro de 1982 e o taxista Eugênio Custódio Pereira levava três passageiros ao seu destino. Ele passava com seu táxi por uma rua da Nova Vila que atravessava a Estrada de Ferro. Era comum ter uma placa “Pare, olhe, escute” chamando a atenção dos motoristas que atravessassem os trilhos do trem para tomarem cuidado e evitar acidentes. Eugênio estava com pressa e sua atenção se concentrava no destino final daquela corrida. Quando ele atravessou a linha do trem, uma locomotiva se aproximava do cruzamento com a rua. O choque foi inevitável. O trem arrastou o táxi de Eugênio por alguns metros e o estrago foi grande. Os moradores da Nova Vila ficaram impressionados com a batida. Quem viu o táxi todo retorcido achou que não sobreviveu ninguém. Mas, Eugênio Custódio Pereira e os três passageiros saíram ilesos. Só o susto e a certeza de que a placa “Pare, olhe e escute” não estava ali por acaso.

Quando a Estrada de Ferro chegou a Goiás, no começo do século passado, trouxe muito desenvolvimento. Além de melhorar a comunicação com o restante do país, os trilhos do trem escoariam a nossa produção incrementando a nossa economia. Os trilhos chegaram a Goiânia, em sua bela Estação Ferroviária. A partir dos anos 1960, as rodovias e os automóveis substituíram a Estrada de Ferro e os trens. O que era solução para o desenvolvimento de Goiás virou um sério problema. Em nossa capital, algumas pessoas diziam que a linha do trem atrapalhava o crescimento da cidade. Quem não tinha casa própria, se arriscava a levantar seus barracões às margens da Estrada de Ferro. Eram constantes os acidentes e os atropelamentos. Durante a década de 1980, uma das principais discussões sobre Goiânia era o que fazer com a Estrada de Ferro. Aos poucos os trilhos foram retirados e o traçado da antiga ferrovia virou a Avenida Leste Oeste. A Estação Ferroviária foi desativada e se tornou o Museu Confaloni.

O acidente que destruiu o táxi do Eugênio Custódio Pereira foi mais um dos que aconteciam nos bairros por onde a Estrada de Ferro passava. O trânsito de Goiânia era um trem doido.

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