Trump propõe mudar nome do Golfo do México

Na última terça-feira, 7, Donald Trump, presidente eleito dos Estados Unidos, sugeriu a alteração do nome do Golfo do México para “Golfo da América”.

A proposta foi anunciada durante uma entrevista em sua residência em Mar-a-Lago, na Flórida, onde o futuro presidente afirmou que os Estados Unidos têm um papel predominante na região e que, por isso, o nome deveria ser modificado. Trump não deu detalhes sobre como pretende concretizar essa mudança, mas sua declaração gerou diversas reações, especialmente no México.

A proposta de Trump logo provocou uma resposta da deputada republicana Marjorie Taylor Greene, que anunciou a intenção de apresentar um projeto de lei para oficializar a mudança do nome. A parlamentar afirmou no X (antigo Twitter) que o nome “Golfo da América” seria mais apropriado.

Contudo, surgem questões sobre a viabilidade de uma alteração unilateral, uma vez que o Golfo do México é um corpo d’água de importância internacional, com fronteiras compartilhadas por diversos países.

O Golfo do México, com uma extensão de mais de 1,6 milhão de quilômetros quadrados, é uma região estratégica que abrange as costas de três países: Estados Unidos, México e Cuba. Esse golfo é crucial para a produção de petróleo e gás natural, com uma importância econômica significativa para os três países.

O Golfo do México está localizado entre a América do Norte e América Central | Foto: Reprodução

A delimitação das fronteiras marítimas do golfo é regida por acordos internacionais, como a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, além de regulamentos definidos pela Organização Hidrográfica Internacional (IHO).

Historicamente, o nome “Golfo do México” foi usado pela primeira vez por cartógrafos europeus no século XVI, incluindo o ilustrador Baptiste Boazio, que registrou o nome em mapas das expedições de Francis Drake.

A partir de então, o termo se consolidou ao longo dos séculos, embora o golfo também tenha sido referenciado por outros nomes, como “Golfo da Nova Espanha”. O nome atual, “Golfo do México”, prevaleceu devido ao seu reconhecimento global.

Alterar o nome de um corpo d’água internacional não é uma questão simples. Para que a mudança fosse implementada, seria necessária a aprovação de pelo menos os países diretamente envolvidos, como o México e Cuba.

A presidente do México, Claudia Sheinbaum, já se posicionou contra a proposta de Trump, sugerindo, inclusive, que os Estados Unidos poderiam ser chamados de “América Mexicana”, com base em antigos mapas que ilustravam uma união territorial antes da separação das fronteiras atuais. Em suas declarações, Sheinbaum reafirmou que o nome do golfo é reconhecido globalmente e que a sugestão de Trump parecia carecer de informações precisas.

Além da necessidade de consenso entre os países, a mudança do nome também exigiria o aval de várias instituições internacionais, como a Organização Hidrográfica Internacional e a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar. Essa alteração acarretaria modificações significativas em cartas náuticas, mapas e na legislação internacional, que precisariam ser ajustadas em todos os países afetados pela mudança.

Porém, se a mudança fosse efetivada apenas dentro dos Estados Unidos, seria necessário o envolvimento do Conselho para Nomes Geográficos (BGN), órgão federal que aprova a alteração de nomes geográficos no país.

Caso essa mudança fosse implementada, não seria a primeira vez que uma disputa de nome geográfico envolveria os Estados Unidos e outros países. Um exemplo semelhante ocorreu em 2015, quando o BGN aprovou a mudança do nome do Monte McKinley para Monte Denali, como solicitado pelo então presidente Barack Obama, para reconhecer o nome tradicional dos povos nativos do Alasca.

Ainda que a proposta de Trump não tenha avançado, o debate sobre como os corpos d’água e outros locais geográficos são nomeados segue sendo um tema relevante nas relações internacionais.

O caso do Golfo do México revela a complexidade dessas questões, que envolvem não apenas considerações políticas, mas também aspectos históricos e culturais, além de acordos internacionais que regulam o uso de nomes geográficos compartilhados.

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