Quatro pessoas são presas por comercializar carne podre de enchente em Porto Alegre

A Polícia Civil prendeu nesta quarta-feira (22) quatro pessoas em flagrante por um esquema de comercialização de carnes estragadas, provenientes de um frigorífico atingido pela enchente de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, em maio de 2024. A Operação Carne Fraca, conduzida pela Delegacia do Consumidor (Decon-RJ), revelou que 800 toneladas de carne bovina, contaminadas pela inundação, foram adquiridas a preço ínfimo e revendidas de forma ilícita, colocando a saúde de consumidores de todo o Brasil em risco.

A tragédia que devastou o Rio Grande do Sul há oito meses ainda reverbera em diversas frentes. Com mais de 200 mortos e inúmeros desaparecidos, as chuvas afetaram cerca de 364 municípios gaúchos, interrompendo atividades comerciais, industriais e agrícolas. Entre os danos estava um frigorífico em Porto Alegre, onde os estoques de carne foram submersos por lama e água acumulada. Parte desse material descartado tornou-se o centro do esquema desvendado nesta semana.

Do descarte à fraude

Segundo a investigação, a empresa Tem Di Tudo Salvados, com sede em Três Rios, no sul fluminense, comprou as 800 toneladas de carne contaminada por apenas R$ 80 mil. A negociação, realizada sob o pretexto de que o produto seria reaproveitado para fabricação de ração animal, resultou em um lucro de mais de 1.000% para os envolvidos, que revendiam o alimento como carne destinada ao consumo humano.

Wellington Vieira, delegado responsável pela Decon-RJ, explicou que, enquanto o valor de mercado da carne boa ultrapassaria os R$ 5 milhões, os investigados conseguiram comprá-la a preço irrisório, aproveitando-se da vulnerabilidade das empresas gaúchas durante a crise.

As investigações, que contaram com o apoio da Delegacia do Consumidor do Rio Grande do Sul, revelaram que o esquema de falsificação e venda irregular começou logo após a aquisição das carnes. Parte do material chegou até mesmo a ser revendida para o próprio frigorífico que descartara a carga inicialmente.

Operação policial

Durante a operação, policiais cumpriram oito mandados de busca e apreensão na sede da Tem Di Tudo Salvados e em imóveis ligados aos sócios. As cenas registradas pelos agentes revelaram a gravidade da situação. Pedaços de carne pendurados em locais sem refrigeração adequada, pacotes embalados a vácuo de lotes comprometidos e sacos de alimentos armazenados no chão são apenas alguns dos exemplos de irregularidades flagradas.

Além das prisões, a polícia recolheu uma série de documentos e notas fiscais que devem ajudar a identificar outras empresas envolvidas na aquisição e redistribuição da carne imprópria.

Os responsáveis pela Tem Di Tudo Salvados devem responder por uma lista extensa de crimes, incluindo associação criminosa, receptação, adulteração e corrupção de alimentos. Todos são considerados de alto alcance, tendo em vista a possibilidade de contaminação alimentar em diversas regiões do país.

Um detalhe curioso chamou a atenção durante as investigações. Uma das empresas que comprou parte da carne contaminada foi justamente o frigorífico responsável por descartar o lote originalmente. A identificação do produto se deu graças às etiquetas com numeração de lote ainda presentes nas embalagens.

Os produtores gaúchos acionaram as autoridades assim que identificaram as irregularidades, o que abriu caminho para o desvendamento do esquema.

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