Teatro Municipal Bruno Nitz: encontro discutiu as prioridades, entre elas, melhorar a estrutura e a gestão

Uma reunião entre representantes da comunidade cultural e da gestão do Teatro Municipal Bruno Nitz, aconteceu na terça-feira (21) em Balneário Camboriú, para apresentar sugestões e propostas para melhorar a estrutura e a gestão daquele espaço cultural.

Participaram vários artistas e o presidente da Fundação Cultural de Balneário Camboriú (FCBC), Allan Muller Schroeder, o novo diretor do teatro, Amarildo Sartor, e o presidente da Câmara Setorial de Teatro, Luciano Pedro Estevão. 

Luciano Estevão deu início ao encontro destacando a retirada do imposto Pessoa Física do edital da Lei de Incentivo à Cultura (LIC), parabenizando a atual gestão pela medida. Em seguida, os artistas e representantes dos coletivos presentes se apresentaram, dando início às discussões.

Direção e artistas apontaram problemas e novos desafios (Divulgação)

Problemas estruturais e gestão do teatro

Durante a reunião, o presidente Allan relatou que as chuvas recentes causaram danos na parte elétrica e na galeria de artes, levando à interdição temporária do teatro para reparos. 

Ele destacou problemas estruturais persistentes, como falhas nas calhas e no telhado, mesmo após a reforma entregue em setembro/outubro de 2024, e sugeriu soluções como a substituição das calhas e a ampliação das saídas de água.

Outras questões apontadas incluem a inadequação do espaço atual da galeria de artes, segundo a atriz Melize Zanoni, que sugeriu sua realocação para dar lugar a uma sala de ensaios, e a necessidade de revisão ou troca do mobiliário do teatro e de orçamentos para equipamentos de som, iluminação e telão, atualmente inoperante.

Questões administrativas e funcionamento

Amarildo é o novo diretor do Municipal (Divulgação)

Amarildo Sartor, novo diretor do teatro, informou não possuir formação ou experiência na área artística, mas destacou sua disposição em aprender e buscar melhorias. 

Melize Zanoni lembrou que uma lei municipal de 2014 exige que o diretor do teatro tenha formação ou experiência na área cultural e classificou como retrocesso qualquer mudança contrária à legislação. 

Entre as críticas, a atriz Bruna Pierami apontou problemas de relacionamento entre técnicos do teatro e artistas locais e questionou a formação de Sartor. 

Luciano Estevão sugeriu maior flexibilidade de horários para ensaios e maior envolvimento da comunidade.

A questão da ausência de formação ou experiência do novo diretor foi bastante ressaltada pelos artistas ao Página 3. 

A preocupação é pela qualidade do serviço prestado, mas reconhecem que Amarildo se propôs a aprender e buscar melhorias no teatro. Ele cursa Gestão Pública (em andamento), já foi diretor da Proteção Social Especial da Secretaria de Assistência Social, representante da Secretaria de Assistência Social no Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da Política para a População em Situação de Rua, representante da Secretaria de Assistência Social no Conselho Municipal de Políticas sobre Drogas, atuou como Gerente da unidade do Centro Pop de Itajaí durante 5 anos, sendo o idealizador da abertura do serviço às 5h da manhã, e está na administração pública desde 2007 – atuou na Câmara de Vereadores de Balneário Camboriú como Secretário de Finanças, Coordenador de almoxarifado e diretor de gabinete de vereador. Também exerceu as funções de coordenador de fiscalização da Fazenda e diretor de manutenção na Secretaria de Saúde.

Encaminhamentos e propostas

Para enfrentar os desafios, Allan propôs a criação de um Grupo de Trabalho (GT) com participação da Câmara Setorial de Teatro e da gestão da FCBC para discutir a revisão do Regulamento do teatro; edital de Ocupação; Pauta do 2º semestre; e assuntos relacionados à LIC, Borderô e Comissão de Pauta. 

Também foi mencionada a possibilidade de criar um Festival de Teatro e organizar um evento comemorativo para o aniversário do Teatro Bruno Nitz (no final de março).

O que diz o presidente da FCBC

Após os relatos dos artistas sobre a reunião, a reportagem conversou com o presidente da FCBC, Allan, que opinou que a reunião foi muito positiva e destacou que já haviam se reunido com os artistas durante a transição governamental (uma atriz inclusive citou ao Página 3 que a atual gestão nesses 20 dias de governo se reuniu com a classe artística ‘mais vezes do que o antigo governo em 8 anos’). 

“Estamos fazendo o que prometemos – ter diálogo e proximidade, tomar decisões escutando as pessoas interessadas. Entre outras coisas, apresentamos para eles a situação do teatro, que foi afetado pelas chuvas. Tivemos que cancelar o evento do teatro no final de semana, porque atingiu a parte elétrica, que fomos melhorando, ouvindo engenheiro elétrico da prefeitura, fizemos testes e está tudo ok”, disse.

Ampliar a equipe para ampliar os horários do teatro

Segundo Allan, os artistas fizeram muitos pedidos sobre a revisão do decreto que regulamenta o teatro, como horários e dias de uso, que eram ‘extremamente restritos’ e que os artistas levantaram que o teatro não era utilizado como poderia e deveria. 

“Para isso montamos o Grupo de Trabalho e em duas semanas teremos mais uma reunião. Hoje, o nosso principal problema é pessoal, equipe, recursos humanos. Temos dois cargos de comissionados – som e luz, que sozinhos não dão conta. Queremos ter o teatro aberto o máximo de dias possíveis, mas cada evento tem ensaio, que começa durante o dia e segue à noite, e dois técnicos são imprescindíveis para esse momento. Queremos ampliar a equipe para além de comissionados, mesmo que não sejam da área, mas para auxiliar eles, assim como estagiários, para isso precisa compensar ou pagar extra”, relatou.

Caixa para recuperação da infraestrutura

O presidente explicou que, pela lei, a FCBC recebe UFM da locação do espaço (eventos privados) como também Borderô (percentual de ingressos vendidos) e tem R$ 150 mil em caixa, que querem direcionar para a recuperação da infraestrutura do teatro – segundo ele, som e luz estão obsoletos, há necessidade de mais higienização do teatro. 

“Há um pedido da classe que acatamos – a LIC ou Aldir Blanc tem prioridade de reserva e vamos focar nisso, para terem maior facilidade de agenda. Também vai ter campanha divulgando teatro, pois sabemos que muitas pessoas não sabem do teatro em nossa cidade. A estrutura é pequena e mesmo assim muitas vezes sobram vagas”, acrescentou.

Foco da gestão é manutenção e ‘fazer a coisa andar’

Sobre a escolha do diretor, Allan disse que o foco é priorizar a manutenção da estrutura física do teatro, que é o grande problema hoje – com goteira, falta de cuidado, elétrica, som, e ‘questões de manutenção mesmo’. 

“A principal questão de gestão é cuidar pelo menos desse básico. A gestão anterior estava, em tese, com diretor que tem formação na área e o teatro estava a beira de ser interditado – tem goteira no meio do palco que não foi resolvida. Falo também por mim, não só pelo diretor – eu não sou da área cultural. O papel da gestão é ter sensibilidade de ter diálogo com os produtores culturais, independente de ter diploma na área ou não. A diretriz que entendemos é de dialogar com os segmentos, e é essa sensibilidade que vamos ter, muito mais que o governo anterior, e é isso que vai fazer a coisa andar”, completou.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.