Dia da Medicina Integrativa: Cremic é a única unidade de saúde pública do Brasil a oferecer tratamentos alternativos e complementares 

Em 23 de janeiro se comemora o Dia da Medicina Integrativa. A prática é uma abordagem médica que busca tratar o paciente como um todo, considerando os aspectos físicos, mentais, emocionais e espirituais. Para além dos tratamentos convencionais, a medicina integrativa propõe abordagens alternativas e complementares que aprimoram o cuidado com a saúde do paciente. Em Goiás, existe o Centro Estadual de Referência em Medicina Integrativa e Complementar (Cremic), única unidade de saúde do país que oferece esse tipo de tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS). 

A unidade de saúde foi fundada em 1986, como Hospital de Medicina Alternativa, e hoje oferece dezesseis práticas integrativas e complementares em saúde para a população goiana. O espaço, localizado na BR-153 em Goiânia, conta com farmácia especializada na manipulação de homeopáticos e fitoterápicos, horto com cultivo de plantas medicinais e alimentícias, além de equipe multidisciplinar (com 167 servidores) com médicos, fisioterapeutas, psicólogos, assistentes sociais, farmacêuticos, nutricionistas e enfermeiros. 

Dados compartilhados pela direção do Cremic com exclusividade ao Jornal Opção mostram que a média mensal de atendimento no ambulatório é de 2.500 pacientes, com 500 medicamentos dispensados e 100 distribuições de mudas de plantas medicinais. Um levantamento feito pela própria unidade, ouvindo 967 pessoas, aponta que as principais causas que levaram os pacientes a buscar o Cremic são: ansiedade (71,9% apontaram esse sintoma), dor crônica (em 58,1% dos pacientes) e insônia (45,6% dos ouvidos acusaram). 

Apesar dos respostas mais recorrentes, outros sintomas e doenças se destacam no levantamento, como: depressão (31,2%), doença do sistema respiratório (21,1%), doença do sistema digestivo (32,2%), alergias (32,3%), doenças do sistema endócrino, entre outros. 

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Gestão

Em entrevista ao Jornal Opção, a diretora-geral do Cremic, Tânia da Silva Vaz, explica que as práticas adotadas na unidade são “definidas por uma política nacional de práticas integrativas do Ministério” e que seguem o princípio do olhar integral sobre o paciente. “Ele vai te olhar de maneira geral. Questões emocionais, mentais, espirituais… porque o nosso adoecimento advém, principalmente, das nossas questões emocionais, dos nossos maus hábitos de vida”, explicou. 

A gestora explica que o surgimento da unidade em Goiânia aconteceu em 1986, quando o governo indiano fechou parceria com o brasileiro para propagação da prática do Ayurveda. Após um grupo de profissionais da Índia ter passado 20 anos em Goiás, o estado (único a aceitar a parceria), acabou se tornando “o maior centro de práticas integrativas” ligado ao sistema público de saúde de toda a América Latina. 

A servidora, que participou do curso oferecido pelos indianos em 1986, explica que, para conseguir atendimento na unidade, o paciente precisa “entrar no sistema de regulação do Estado”, ou seja, deve haver encaminhamento feito por um médico na unidade de saúde mais próxima. “O paciente é regulado, ele entra numa fila, e a gente vê quando tem vaga pra uma consulta global”, resumiu. Nessa consulta global, o profissional do Cremic define quais serão as modalidades mais adequadas ao tratamento em questão. 

Diretora-geral do Cremic, Tânia da Silva Vaz l Foto: Guilherme Alves/Jornal Opção.

Apesar dos resultados e da eficácia garantida pelo próprio Ministério da Saúde, ainda existe preconceito sobre algumas dessas práticas da medicina integrativa. “Um dos grandes desafios que a gente tem, não só no Brasil, mas no mundo todo, é justamente essa divulgação da realidade das práticas”, coloca Tânia. Para a diretora, esse preconceito “é uma questão superada, porque no mundo todo já existem estudos que comprovam”. Além disso, a gestora destaca que instituições de respeito como o Ministério da Saúde e a Organização Mundial de Saúde já reconheceram as práticas adotadas pelo Cremic. 

Para aqueles que desejam se aprofundar nos conhecimentos de cada modalidade, Tânia cita o consórcio brasileiro de Medicina Integrativa e Complementar (Cabsim). “Eles pegam esses estudos e fazem uma classificação da maior ou menor comprovação”, afirmou. 

Apesar do estigma, o Cremic cresce. Atualmente, 16 das 29 modalidades de tratamentos integrativos aprovadas pelo Ministério da Saúde são oferecidas pelo Cremic, e existe processo de expansão desses tratamentos. “Estamos agora com voluntários que vão começar um projeto para a gente dar visibilidade para a antroposofia”, exemplificou uma das metas de crescimento. “A gente espera que para 2026 a gente já inicie esse atendimento”, finalizou.

Por fim, a diretora-geral explica que algumas modalidades possuem centenas de pessoas na fila de espera e, por esse motivo, uma expansão nas estruturas da unidade possibilitaria atuação de mais profissionais e, consequentemente, mais atendimento à população. “Nós estamos no nosso limite para receber, o nosso ambulatório já está no limite máximo de terapeutas”, resumiu.   

Práticas de saúde integrativa e complementar 

Atualmente, o Cremic oferece 16 práticas de saúde integrativa e complementar, todas aprovadas pela cartilha do Ministério da Saúde. Acupuntura, auriculoterapia, homeopatia, terapia de florais e a ventosaterapia são alguns exemplos. Importante destacar que, a depender do caso, essas práticas podem ser adotadas individualmente, mas também, e comumente, podem ser associadas a tratamentos tradicionais.

Para além das práticas complementares, um grupo de psicólogos atua com psicoterapia, nutricionistas orientam dietas específicas, e também um grupo de homeopatia voltado para controle dos sintomas da dengue atende no local. 

Veja abaixo uma lista completa com descrições resumidas das modalidades oferecidas:

  • Auriculoterapia: Técnica terapêutica que promove a regulação psíquico-orgânica do indivíduo por meio de estímulos nos pontos energéticos localizados na orelha, onde todo o organismo se encontra representado como um microssistema. 
  • Acupuntura: É uma tecnologia de intervenção em saúde que faz parte dos recursos terapêuticos da medicina tradicional chinesa (MTC) e estimula pontos espalhados por todo o corpo, ao longo dos meridianos, por meio da inserção de finas agulhas filiformes metálicas, visando à promoção, manutenção e recuperação da saúde, bem como a prevenção de agravos e doenças. 
  • Ayurveda: Abordagem terapêutica de origem indiana, segundo a qual o corpo humano é composto por cinco elementos (fogo, ar, terra, água e éter). Esses elementos definem o corpo, os estados energéticos e emocionais. Em desequilíbrio, podem induzir o surgimento de doenças. 
  •  Bioenergética: Visão diagnóstica que, aliada a uma compreensão etiológica do sofrimento/adoecimento, adota a psicoterapia corporal e os exercícios terapêuticos em grupos, adotando, por exemplo, os movimentos sincronizados com a respiração como método. A modalidade trabalha o conteúdo emocional por meio da vocalização, da educação corporal e da respiração, utilizando exercícios direcionados a liberar as tensões do corpo e facilitar a expressão dos sentimentos. 
  • Bodytalk: sistema terapêutico que aborda o corpo no âmbito físico, emocional e energético. O terapeuta faz perguntas e obtém respostas por meio das reações musculares. 
  • Constelação familiar: método psicoterapêutico de abordagem sistêmica, energética e fenomenológica, que busca reconhecer a origem dos problemas e alterações do paciente por meio do conhecimento das forças que atuam no inconsciente familiar e das leis de relacionamento humano.  
  • Cromoterapia: Prática terapêutica que utiliza as cores do espectro solar para restaurar o equilíbrio físico e energético do corpo. 
  • Fitoterapia: Estudo das plantas medicinais e suas aplicações na promoção, proteção e recuperação da saúde. O uso das plantas é feito sem a utilização de substâncias ativas isoladas, ainda que de origem vegetal. 
  • Homeopatia: Abordagem terapêutica de caráter holístico e vitalista que vê a pessoa como um todo e cujo método envolve três princípios: a lei dos semelhantes, a experimentação no homem sadio, e o uso da ultradiluição de medicamentos. 
  • Ventosaterapia: Técnica terapêutica de origem oriental, que utiliza sucção nos canais de energia para estímulo dos pontos de acupuntura. 
  • Meditação: Prática mental individual da medicina tradicional chinesa que consiste em treinar a focalização da atenção de modo não analítico ou discriminativo, e a diminuição do pensamento repetitivo e a reorientação cognitiva.
  • Moxaterapia: Técnica terapêutica da medicina tradicional chinesa que consiste em aplicar calor (através de um bastão feito da planta Artemisia) nos pontos de energia corporal utilizados na acupuntura ou em áreas isoladas, para tratar dores e disfunções nos órgãos. 
  • Práticas corporais de medicina tradicional chinesa: atividades que envolvem movimento ou manipulação corporal, atitude mental e respiração com intuito de equilibrar o Qi. Combina movimentos suaves e respiração consciente e atenção dirigida.
  • Terapia de florais: Prática terapêutica que utiliza essências derivadas de flores para atuar nos estados mentais e emocionais. 
  • Reiki: Prática terapêutica que utiliza a imposição das mãos para canalização da energia vital, visando promover o equilíbrio energético, necessário ao bem-estar físico e mental. 
  • Terapia comunitária integrativa: Prática terapêutica coletiva que envolve os membros da comunidade numa atividade de construção de redes sociais solidárias para promoção da vida e mobilização dos recursos e competências dos indivíduos, famílias e comunidades. 

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