Ex-diretor da Goinfra, Thiago Bucker chama operação que o prendeu de “medida extrema e desproporcional”

A defesa de Thiago Carim Bucker, um dos presos na operação da Polícia Civil deflagrada nesta terça-feira, 28, que investiga irregularidades em contrato com uma empresa do Distrito Federal para obras em Goiás, se referiu à ação como “uma medida extrema, desproporcional e desnecessária”. Bucker, conforme apurado pela reportagem, era ligado ao “sócio oculto” da empresa com a qual a Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes, a Goinfra, tinha contrato.

Foram noves meses de investigação até a deflagração da operação Obra Simulada. Segundo informações da Polícia Civil de Goiás, a empresa em questão obteve diversos pagamentos irregulares antecipados, “sem que as obras ou serviços fossem suficientemente realizados para justificar os pagamentos, além de fortes indícios de superfaturamento nas intervenções”.

Foram expedidos 114 mandados, sendo 15 de prisão temporária. Entre os presos estão Lucas Vissotto, ex-presidente da Goinfra, e o próprio Thiago Carim Bucker, que atuava como diretor de Gestão Integrada da Goinfra até ser exonerado do cargo junto com Vissotto, em abril do ano passado.

Leia também: Contrato investigado por operação da Polícia Civil previa obras na própria Goinfra e Palácio Pedro Ludovico Teixeira

Em nota enviada ao Jornal Opção, a defesa de Bucker afirma que ele, desde o início das investigações, colaborou “de forma espontânea e irrestrita com as autoridades competentes, sem qualquer indício de tentativa de fuga ou obstrução à Justiça”. “Ressalta-se que compareceu a todos os atos processuais e administrativos pertinentes, prestando esclarecimentos e fornecendo documentos requisitados, reafirmando sua postura de absoluta transparência e comprometimento com a verdade”.

A defesa diz ainda que “diante da ausência de fundamentos que justifiquem a privação de liberdade, a defesa está adotando todas as providências judiciais cabíveis para que o Sr. Thiago seja prontamente libertado, em estrita observância aos princípios constitucionais da presunção de inocência e do devido processo legal”.

“A Defesa mantém plena convicção de que, no decorrer do processo, será demonstrada, de forma inequívoca, sua inocência, tanto na esfera criminal quanto na administrativa. Fatos e provas serão oportunamente apresentados, comprovando a integridade de sua conduta e a inexistência de qualquer ato ilícito”, conclui.

O Jornal Opção tenta contato com a defesa de Lucas Vissotto e dos demais presos. O espaço segue aberto. Em nota, a Goinfra declarou que as suspeitas de irregularidades foram levantadas pelo próprio governo de Goiás, e que a “gestão estadual tem como premissa tolerância zero com qualquer eventual desvio de conduta no trato do dinheiro público” [veja a nota na íntegra ao final da matéria].

A investigação

Segundo as investigações da Polícia Civil, o contrato entre a Goinfra e a empresa de Brasília previa a construção de 14 postos da Polícia Militar Rodoviária Estadual, nove aeródromos, dois pontos dentro do Palácio Pedro Ludovico Teixeira e um dentro da própria Goinfra. Contudo, além das suspeitos de desvio de dinheiro, a agência não poderia realizar as obras.

Em coletiva de imprensa, o delegado que coordenou a operação, Danilo Victor, revelou que o contrato teve início por meio de uma adesão da pasta estadual à uma ata de registro de preços do Exército, e “nesse procedimento havia um parecer da Advocacia Geral da União (AGU) que proibia órgãos externos de aderirem àquela ata de registro de preços”.

“Essa questão será apurada pelas instâncias federais competentes, para verificar como a Goinfra aderiu a essa ata de registro de preços, mesmo com a proibição da própria AGU”, diz o delegado.

Ele destaca que os pagamentos adiantados eram realizados. Entretanto, as obras sequer haviam iniciado em alguns locais chegaram a ser demolidas “apenas para justificar a emissão de nota fiscal”. “Isso com a participação de agentes públicos dentro da empresa”, aponta.

Veja o que disse a Goinfra sobre a operação:

“Em relação à Operação Obra Simulada, deflagrada pela Polícia Civil de Goiás (PCGO) nesta terça-feira (28/1), o Governo de Goiás esclarece que:

  • Conforme divulgado pela PCGO, as suspeitas de irregularidades foram levantadas pelo próprio Governo de Goiás, por meio de seus sistemas internos de controle, e devidamente comunicadas às autoridades policiais para as providências necessárias.
  • A gestão estadual tem como premissa tolerância zero com qualquer eventual desvio de conduta no trato do dinheiro público.
  • O Governo de Goiás colaborou e seguirá colaborando ativamente com as investigações, de forma que os fatos sejam devidamente apurados e, uma vez comprovadas as irregularidades, todos os envolvidos sejam punidos com rigor.

Agência Goiana de Infraestrutura e Transporte (Goinfra) – Governo de Goiás

O post Ex-diretor da Goinfra, Thiago Bucker chama operação que o prendeu de “medida extrema e desproporcional” apareceu primeiro em Jornal Opção.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.