Saiba o que é Gaza e como se formou o território palestino que Trump quer controlar

Palco de diversos conflitos entre Israel e Hamas, o mais recente entre outubro de 2023 e janeiro de 2025, Gaza é um território palestino onde mais de 2,3 milhões de pessoas vivem. O local, hoje, é dominado por ruínas causadas pelos bombardeios provocados por Israel.

Na terça-feira, 4, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que o país iria assumir controle de Gaza e que os palestinos deslocados pela guerra não deveria voltar para suas casas. A fala de Trump foi amplamente criticada pela comunidade internacional.

Gaza tem 362 km², área equivalente a um quarto da cidade de São Paulo. O território, que abriga 2,3 milhões de palestinos, tem 41 km de comprimento e 10 km de largura. A área é limitada pelo Mar Mediterrâneo e faz fronteira com Israel ao Norte e com o Egito ao Sul. Gaza tem uma das densidades populacionais mais altas do mundo.

Na região, são cerca de 5,7 mil pessoas vivendo por quilômetro quadrado. Na Cidade de Gaza, no Norte, o número sobe para 9 mil. Antes mesmo do novo capítulo do conflito, 80% da população já necessitava de ajuda internacional e pouco mais de 75% dela – cerca de 1,7 milhões de pessoas, são refugiados, de acordo com a ONU.

Ainda de acordo com a ONU, 80% dos habitantes de Gaza viviam na pobreza e que o desemprego no lugar estava entre os ais elevados do mundo (45% em média, atingindo 73,9% dos jovens entre 19 e 29 anos com diplomas de ensino médio ou universitário).

Muitos dos problemas de Gaza são explicados pela ocupação e controle imposto por Israel no território palestino. Israel manteve esse controle mesmo após deixar Gaza fazer parte da Palestina, em 2005.

Com a eleição do Hamas, partido que governa Gaza, Israel e o Egito impuseram bloqueios à circulação de mercadorias e pessoas de Gaza, alegando motivos de segurança. De acordo com a ONU, mesmo antes do último conflito, a eletricidade em Gaza era racionada, fazendo com que a população só tivesse acesso a energia elétrica por 13 horas diárias, em média.

Além disso, restrições a terras agrícolas e pesca criaram insegurança alimentar no território, que não tem recursos naturais. Essa insegurança alimentar atinge todos os palestinos que permanecem no território, enquanto 95% não tinham acesso à água potável.

Agricultores de Gaza só podem plantar e áreas localizadas a até 100 metros da cerca que separa o território de Israel. Além disso, Israel impõe limite de navegação no Mar Mediterrâneo, fazendo com que pescadores sejam obrigados a pescar a uma certa distância da costa.

Desde 2014, cerca de 70% de todas as estruturas de Gaza foram destruídas. Segundo a ONU, das 13 mil casas destruídas em 2014, 2,2 mil ainda não receberam financiamento para a reconstrução e outras 72 mil que foram danificadas não receberam assistência para reparação.

Além disso, os bombardeios israelenses que deliberadamente atingiram hospitais faz com que a assistência médica seja de difícil acesso em Gaza. As instalações também sofrem com cortes de energia e escassez de suprimentos e equipamentos. Pacientes que necessitam de cuidados avançados precisam obter aprovação da Autoridade Palestina e, depois, passes para serem transportados para hospitais fora da região.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 70 mil pedidos de autorização para transporte de pacientes foram adiados ou negados. Várias pessoas morreram enquanto aguardavam resposta.

Segundo a ONU, a reconstrução de Gaza após a ofensiva israelense pode levar até 21 anos e custar até US$ 1,2 bilhão.

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