Começa o jogo político para 2026 e quem está no comando é o Centrão

A disputa das eleições gerais de 2026 começou no momento em que foi definido o mapa partidário do pleito municipal de 2024. Os partidos que não tiveram muito sucesso já discutem a possibilidade de fusão e federações para sobreviverem e cumprirem o coeficiente de representação dentro do Congresso Nacional e para terem acesso ao fundo eleitoral.

Por outro lado existem siglas que estão navegado em certa “tranquilidade”. O PSD foi o partido que mais elegeu prefeitos no ano passado, a legenda comanda 891 prefeituras. Esse cenário já era previsto por analistas políticos. No ranking ainda figuram MDB em segundo com 864 prefeitos, PP com 752, União Brasil com 591, PL tem 517 e Republicanos fez 440 prefeitos.

Todas essas legendas, além do PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, vão comandar o jogo em 2026. Mais do que isso, agora, excluindo o PT, o Centrão é que vai dar tom das articulações.

O Centrão é composto por parlamentares que normalmente têm posições de centro-direita ou direita e têm como principal característica uma atuação parlamentar clientelista e fisiológica. No atual momento “bloco” é um jeito de organizar um grupo parlamentar suprapartidário. Esse grupo cresceu tanto que ganhou organicidade informal, sem consenso sobre quem está dentro e quem está fora e é comandado pelo presidente da Câmara dos Deputados.

Esse bloco político, na época da Constituinte, no anos 80, era visto como uma ala mais ligada ao centro e a direita, por isso o nome. O Centrão ainda continua caracterizado por parlamentares, predominantemente de direita.

Gilberto Kassab, presidente do PSD – que também é secretário de Governo do Estado de São Paulo e braço direito do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) – tem encenado uma dança pragmática e de desconfiança do com o governo Lula. O PSD tem três ministérios em Brasília e para o presidente Lula o partido é estratégico para as eleições de 2026.

Kassab disse recentemente que, se a eleição fosse hoje Lula sairia derrotado e ainda falou que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT) é fraco na condução da economia. A repercussão foi forte, porque no partido de Kassab figura o pré-candidato a presidência, governador do Paraná Ratinho Júnior e também porque o presidente da legenda é secretário de Tarcísio, nome que é constantemente cortejado por empresários e políticos para concorrer ao Planalto.

Lula precisa do PSD, mas se não conseguir fechar apoio com o partido ele precisa fortalecer os núcleos que o apoiam dentro desses partidos que vão ditar as regras do jogo.

Como a classe política em geral, ele só fechará uma aliança eleitoral com Lula se o presidente estiver com alta popularidade e o governo bem aprovado. Além de desconfiança, o pragmatismo marca a relação.

Na extrema-direita, o PL enfrenta um grande racha interno sobre o nome que irá disputar a eleição de 2026. O ex-presidente Jair Bolsonaro, mesmo inelegível insiste m colocar o seu nome na disputa. Ao mesmo tempo, no clã bolsonarista tem se falado no nome do deputado federal Eduardo Bolsonaro e também no da ex-primeira-dama, Michele Bolsonaro. O ex-presidente atua mais em dividir a direita e o cenário mostra, até o momento cinco candidatos da direita.

O União Brasil, que deve bancar o governador Ronaldo Caiado para a presidência, tem um relacionamento mais distante do Planalto, mas que comanda três ministério na Esplanada e não está disposto a perder nenhum cargo se quer. Caiado tem investido em aparecer com frequência na imprensa nacional e tem sido até requisitado por alguns veículos de comunicação como Band e CNN a comentar assuntos específicos que afetam a administração dos governos estaduais e também tem sido um voz muito ativa do partido.

O partido voltou ao comando do Congresso Nacional com o senador Davi Alcolumbre na presidência do Senado. Articulador muito habilidoso e disposto a fazer negócio com a extrema-direita e a esquerda. No próximo biênio a relação do governo com o União Brasil tende a ser de muita cautela.

O Progressistas, do ex-presidente da Câmara, Arthur Lira, é o partido mais pragmático do Centrão com ideias bem consolidadas e que tem alta capacidade de mobilização encabeçada por Lira e também pelo presidente nacional, senador pelo Piauí, Ciro Nogueira, que é muito ligado à família Bolsonaro e foi ministro da Casa Civil do ex-presidente.

O Republicanos, partido que ainda é intimamente ligado à Igreja Universal – mesmo que os líderes da legenda digam o contrário – agora está no comando da Câmara dos Deputados cheio de vontade de se apoderar ainda mais do orçamento da União. No seu primeiro discurso como presidente, o deputado federal Hugo Motta (REP-PB) defendeu as emendas impositivas. O instrumento tem sido algo constante de questionamentos do Supremo Tribunal Federal (STF) pela falta de transparência na destinação de recursos.

Motta também já fez acenos claros ao bolsonarismo ao dizer que os ataques terroristas de 8 de janeiro de 2023 não foram uma tentativa de golpe.

Para onde todos esses partidos devem ir só o desempenho do governo Lula vai dizer. Se for conveniente para eles e estiver claro que Lula tem condições políticas e físicas para tentar um quarto mandato, essas legendas vão se alinhar ao governo, logicamente com exceção de um ou outra que deve ter candidato próprio.

Para o pragmatismo do Centrão o que vale é juntar com quem está ganhando para garantir a própria sobrevivência.

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