Lagarta cachorrinho, um bichinho nada fofo. Saiba o que fazer em caso de contato

Nilson Jaime

Especial para o Jornal Opção

Vulgarmente conhecida como “lagarta cachorrinho”, por sua aparência fofinha; ou “lagarta de fogo”, pelas queimaduras dérmicas que causa em humanos; ou “taturana”, do Tupi ( tata+una+rana = semelhante a fogo escuro), nome dado por nossos ancestrais indígenas, esse inseto causa dolorosos acidentes com humanos.

O exemplar da foto, obtido e observado por mim na divisa dos Estados de Tocantins e Goiás, em uma planta de goiabeira (Psidium guajava) é um inseto pertencente à ordem Lepdóptera, família Megalopygidae, gênero “Podalia sp.”

A lagarta é a fase larval desse inseto de desenvolvimento completo, ou holometábolo (ovo, larva, pupa, mariposa), cujo ciclo se completa em cerca de 120 dias, sendo 80 na fase de lagarta, a única perigosa para humanos. Amante ardorosa, o casal adulto da mariposa acasala por cerca de dez horas, morrendo logo após a ovipostura.

Na fase larval, as taturanas se alimentam de folhas de goiabeira, anonáceas (ata, araticum, graviola, etc.) ou outras fruteiras. Pode se alimentar de dezenas de espécies, contudo.

Quando criança, em Palmeiras de Goiás, fui “queimado” três vezes pela “taturana bezerra”, como a conhecíamos, experiência inesquecível, com dor lancinante: imediatamente após entrar em contato com as cerdas da lagarta, que liberou uma substância cáustica, a dor percorreu minha mão e braço; os gânglios do membro superior incharam e a sensação de dor chegou ao coração. Tive dor de cabeça, mas é relatado também, na literatura médica, ânsia de vômito e hemorragia.

O que fazer no caso de contato com a lagarta

O alívio dos sintomas pode se dar naturalmente, após um ou dois dias, mas é recomendável que se procure imediatamente auxílio médico.

Após a queimadura apareceram diversas sugestões de pessoas próximas ou curiosos: lavar a área com urina humana, urina de cavalo, vinagre, arnica, erva-de-santa-maria, cachaça, e benzeção, dentre outras medidas.

Na Internet sugere-se lavar com água e sabão. Questiono a eficácia da medida, pois se a substância tóxica for alcalina, acentuará a dor. Se se utilizar álcool, cachaça, vinagre ou urina, e a substância for ácida — lembre-se que há centenas de espécies de “lagartas de fogo”, com características diferentes — a dor se tornará maior, além de aumentar as contaminações do local atingido. Melhor lavar com água abundante e procurar ajuda médica.

Essa espécie é solitária, mas há casos de associações gregárias, com dezenas de indivíduos da mesma espécie, podendo levar à morte da vítima acidentada.

Nilson Jaime, doutor em Agronomia, é escritor e crítico literário. É colaborador do Jornal Opção.

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