“Não posso fechar olhos e ouvidos e cruzar os braços”, diz prefeita sobre pessoas em situação de rua

É proibido obrigar pessoas a deixarem as ruas, por isso a prefeita de Balneário Camboriú, Juliana Pavan, solicitou uma reunião com o promotor Álvaro Pereira Oliveira Melo, da 6a Promotoria, que acontecerá na tarde desta segunda-feira (17) para contar o que viu durante a Operação Resgate a Vida BC, ocorrida na noite da última sexta-feira (14).

Deu o que falar o vídeo feito pela prefeita Juliana durante a operação focada em pessoas em situação de rua. O vídeo em questão já havia sido feito por prefeitos de outras cidades em abordagem a andarilhos, como o de Blumenau, Egidio Maciel Ferrari.

A Resgate a Vida BC aconteceu em parceria com outros órgãos, para oferecer acolhimento e encaminhamento a moradores de rua que utilizam as ruas, vielas e pontes para dormir. 

Participaram da ação a Secretaria de Assistência Social, Mulher e Família, com a equipe da Abordagem Social; a Secretaria de Segurança e Ordem Pública, por meio da Guarda Municipal; a Polícia Militar de Santa Catarina; e uma equipe do Conselho Tutelar. 

Operações serão frequentes

A prefeita salientou ao jornal, na manhã desta segunda-feira, que Balneário Camboriú já tem equipe de Abordagem Social há muito tempo e que a operação é permanente e vai ocorrer de forma frequente por toda a cidade. 

Ela disse que não vai conseguir acompanhar todas, mas sempre que puder vai, porque quer saber o que está acontecendo. Juliana afirmou que precisa ouvir dessas pessoas em situação de rua qual é a maior dificuldade delas. 

“Eles precisam ser tratados com respeito, mas precisamos dar o devido encaminhamento. A operação será permanente e regular, estamos oferecendo internação para aqueles que aceitarem, garantindo passagem para quem tem família em outro lugar e quer voltar pra casa, acolhimento na Casa de Passagem (espécie de albergue municipal) e parceria com próprio SIME (Sistema Municipal de Empregos) para quem busca emprego para mudar de vida, para se reinserir no mercado de trabalho. As forças de segurança acompanharam porque se tem mandado de prisão será dado o encaminhamento devido. A abordagem quem faz é Abordagem Social, tanto que o próprio Conselho Tutelar acompanhou porque se tivesse menor de idade iríamos encaminhar”, disse.

Juliana disse que a Secretaria de Saúde também acompanha as abordagens caso seja necessário algum atendimento imediato.

“O que não podemos é ficar de braços cruzados”

Juliana disse que o objetivo é dar nova chance para essas pessoas, tudo dentro da legalidade e destacou que não podem forçar nada. Segundo a prefeita, estão oferecendo oportunidade, como trabalho, internação voluntária em clínica para tratar dependência química ou que voltem para suas casas/cidade natal. 

“O que não podemos é ficar de braços cruzados. Eu tenho responsabilidade, não posso fechar olhos e ouvidos e cruzar os braços diante disso que vem crescendo por todo o Brasil. Eu seria irresponsável. Temos que agir, a Abordagem Social faz esse trabalho, e quando eu puder estarei presente para entender o que está acontecendo, o que precisamos fazer”, afirmou.

Reunião nesta segunda-feira com o MP

A prefeita relatou ao jornal que já preparou um arquivo com tudo o que viu e ouviu na sexta-feira e agendou uma reunião com o promotor Álvaro hoje (17) às 15h para repassar o que presenciou. 

“Porque só indo para a rua para saber o que de fato está acontecendo. Não posso proibir e forçar a saírem da rua e não faremos isso, porém tenho que falar com firmeza. Precisamos tratar com responsabilidade, porque não sabemos o que essa pessoa fez para estar na rua, mas é preciso manter a ordem pública e dar encaminhamento. Nessa situação, cabe a mim acompanhar o trabalho e buscar informação com a própria Procuradoria, repassar tudo o que vi e escutei para a Promotoria, para que o promotor possa participar e orientar”, acrescentou.

A prefeita abordando um morador de rua (Divulgação/PMBC)

Na ação da última sexta, seis pessoas aceitaram ajuda (uma mulher havia aceitado, mas fugiu antes de entrar na van da Abordagem Social) e foram encaminhadas para a Casa de Passagem. Duas delas aceitaram a internação voluntária, um irá para a cidade natal (Rondônia) e três apenas foram para casa (são da região), mas já voltaram a viver nas ruas. 

Se você viu alguém em situação de rua ou sabe de alguém que precisa de suporte da Abordagem Social, denuncie via fone 156. A Abordagem Social atua todos os dias, incluindo domingos e feriados, de forma 24h.

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