“Siga a água”: telescópio especial buscará ingredientes da vida na Via Láctea

O telescópio espacial SPHEREx da NASA será lançado em 27 de fevereiro a bordo de um foguete SpaceX Falcon 9, com a missão de explorar os segredos das nuvens moleculares da Via Láctea – vastos berçários estelares onde estrelas e planetas nascem. O objetivo é mapear depósitos de gelo cósmico e identificar os ingredientes essenciais para a vida, como água, dióxido de carbono e monóxido de carbono, que podem estar armazenados em grãos de poeira interestrelar. Os cientistas acreditam que esses “reservatórios de gelo” podem ser a chave para explicar como a água chegou a plantas e luas, incluindo a Terra.

O Spectro-Photometer for the History of the Universe, Epoch of Reionization and Ices Explorer (SPHEREx) é uma missão planeada de dois anos que irá mapear o céu em luz óptica e infravermelha próxima que, embora não seja visível ao olho humano, serve como uma ferramenta poderosa para responder a questões cósmicas. Na Via Láctea, a missão procurará água e moléculas orgânicas – essenciais para a vida, como a conhecemos – em berçários estelares, regiões onde as estrelas nascem de gás e poeira, bem como discos em torno de estrelas onde novos planetas podem estar se formando.

Os astrônomos usarão a missão para coletar dados sobre mais de 450 milhões de galáxias, bem como mais de 100 milhões de estrelas em nossa própria Via Láctea. A missão pesquisará centenas de milhões de galáxias próximas, algumas tão distantes que a luz levou 10 bilhões de anos para chegar à Terra. A cada seis meses, o SPHEREx examinará todo o céu usando tecnologias adaptadas de satélites terrestres e espaçonaves interplanetárias. A missão criará um mapa de todo o céu em 102 faixas de cores diferentes, excedendo em muito a resolução de cores dos mapas anteriores de todo o céu. 

A descoberta de água em exoplanetas é um dos maiores desafios da astrobiologia, e o SPHEREx dará um grande passo nessa busca. Enquanto telescópios como o James Webb já detectaram moléculas de água em exoplanetas, esta é a primeira vez que um observatório espacial será dedicado a um mapeamento em larga escala da composição das nuvens moleculares.

A missão não apenas ajudará a entender como a água e outros compostos se formam no espaço, mas também como esses materiais podem influenciar a formação de sistemas planetários. A hipótese dos cientistas é que a água que compõe oceanos e calotas polares na Terra — e possivelmente em outros mundos — tenha se originado nesses depósitos cósmicos de gelo.

O enigma da água perdida no espaço

Missões como a do satélite SWAS, lançada nos anos 90, detectou muito menos vapor d´água no espaço do que o esperado. Agora, escondido nas profundezas das nuvens moleculares, protegido da radiação cósmica. “Esses depósitos de gelo podem ser a chave para entender a formação de planetas e a distribuição da água no universo”, explica Gary Melnick, astrônomo do Centro de Astrofísica de Harvard e membro da equipe do SPHEREx.

Com sua capacidade de escanear vastas áreas do céu rapidamente, o SPHEREx complementará as observações detalhadas do telescópio James Webb. Se a nova missão detectar “pontos quentes” de gelo e compostos orgânicos, o Webb poderá analisá-los com maior precisão.

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