13 poemas da vertente mais minimalista do russo Iúri Tatarenko

Astier Basílio

De Moscou

Conheci Iúri Tatarenko em Kaliningrado. No Festival Voloshin de Literatura. Em tom de brincadeira, haviam proibido o bardo de participar de um concurso no qual se elegiam os melhores poemas que eram escritos quase de improviso. Iúri Tatarenko havia vencido duas vezes seguidas.

Nascido em 1973, Iúri Tatarenko é poeta, prosador e dramaturgo, além de crítico e tradutor.

Colaborador atuante da “Literaturnaya Gazeta”, um dos jornais de literatura mais tradicionais da Rússia, Iúri Tatarenko é vencedor de alguns prêmios literários e publicou em importantes revistas literárias da Rússia, Ucrânia, Estados Unidos, Alemanha e França.

Seus poemas já foram traduzidos para as línguas altaica, khakas, tuvana e espanhola. Iúri Tatarenko mora na Sibéria.

Sua produção poética, disposta em 13 livros, é diversa e variada. Traduzo 13 poemas da vertente mais minimalista da poesia de Iúri Tatarenko.

Iuri Tatarenko: poeta e intelectual russo | Foto: Katerina Skabardina

1

As gralhas voaram

Pra perguntar

Daqui pro cosmos demora

2

Sempre esqueço de perguntar

Onde foi que o céu pegou

Este bronzeado azul-azul

3

Nó das estrelas

Atado perpétuo

No céu à noite

Uns mil lembretes:

Tu não regressarás

4

Pela janela fiquei olhando

Todo ouvido ao canto dos pássaros

Duas coisas úteis em sequência

Feitas por mim

O dia foi salvo

5

Bétulas depois da chuva

Como antes creem no seu molhado deus

Que faz de tudo

Para que eles nunca vejam

O depósito de lenha atrás da casa

6

Terminei de contar sete cicatrizes

Do mesmo cumprimento

Enquanto crianças sorriam: arco-íris

7

Cai a chuva aos meus pés

E ainda assim fica tentando

Me dar uma bofetada

8

Como descobrir com as flores

Qual é o cheiro

Do sovaco das borboletas!

9

Queimo cartas

Toco fogo no papel

E não há nada mais em nossa casa

Que possa pegar fogo

10

Na parte de trás

Da certidão de dissolução legal do casamento.

Eu não escrevi

nenhum poema sequer

11

Um sorriso tranquilo

É

Para toda a morte

12

O vento antes de me golpear com o punho

Me golpear o rosto

Anuncia: “Também tenho 52”.

E isto é tudo o que sei sobre poesia.

13

Quatro versos sobre a poesia contemporânea

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Astier Basílio, jornalista e escritor. Doutorando em literatura russa, no Instituto Górki, de Moscou. É colaborador do Jornal Opção.

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