Tradicional bloco invade casas e garante folia na manhã da terça-feira de Carnaval

Ao amanhecer da terça-feira de Carnaval em Olinda, quando muitos foliões ainda tentavam recuperar as energias para o último dia da festa, um bloco tradicional tomou as ruas para garantir que ninguém dormisse além da conta. Há 31 anos, o Bloco A Corda invade as casas que abrem suas portas e desperta a cidade ao som de frevo e animação, fazendo da Ladeira da Misericórdia, no Sítio Histórico, um verdadeiro palco.

A concentração começa pontualmente às 7h, e os integrantes do bloco adotam uma estratégia bem-humorada: chegam sem fazer alarde, mas assim que encontram foliões dormindo, a barulheira tem início. Ao som de sua música característica – “pode dormir, pode cochilar, que o seu sono nós vamos perturbar” – o grupo arrasta quem ainda tenta prolongar o descanso, transformando a manhã da Terça-feira Gorda em um espetáculo de descontração.

Apesar da surpresa matinal, a recepção dos moradores e turistas costuma ser positiva. “Eu queria descansar, né? Mas o povo chegou lá [em casa] e simplesmente me acordou. Como eu já estou caracterizado aqui de pijama, tive que acordar e vir porque hoje é o último dia. A gente não pode perder”, relatou Luiz Araújo, um dos foliões surpreendidos pelo bloco, ao G1.

O Bloco A Corda não invade qualquer casa de maneira arbitrária. A regra é clara: apenas quem deseja participar da brincadeira tem suas portas abertas para a folia. “A gente brinca só onde querem brincar. Fiquem tranquilos que ninguém vai entrar à força na casa de ninguém”, afirmou Walter Francisco, servidor público e diretor do bloco, em entrevista ao G1. A interação espontânea com os moradores cria um clima de cumplicidade entre quem já espera a chegada da folia e aqueles que se rendem à festa no susto.

A proposta do bloco é simples, mas muito eficaz: orquestra e foliões percorrem as ruas do Sítio Histórico de Olinda, garantindo que os últimos momentos do Carnaval sejam tão intensos quanto os primeiros. Mesmo quem está exausto após dias de festa acaba entrando no clima. Muitos acordam com os músicos dentro de suas casas e, sem tempo de trocar de roupa, saem para as ladeiras ainda de pijama, transformando a brincadeira em um espetáculo visual inusitado.

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