O crescimento econômico do Brasil é sólido ou apenas um voo de galinha?

O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deve manter um crescimento expressivo pelo segundo ano consecutivo em 2024, consolidando-se como um dos destaques entre as economias emergentes. No entanto, os sinais de desaceleração no último trimestre acendem um alerta para 2025, que promete ser um ano mais desafiador.

O governo federal e o Banco Central projetam um crescimento de 3,5% para 2024, um número levemente superior às expectativas do mercado, que preveem uma alta de 3,49%. Trata-se de uma revisão significativa em relação às estimativas do início do ano, quando o PIB era esperado crescer apenas 1,75%.

Essa mudança reflete, em grande parte, a expansão dos gastos públicos em âmbito federal, estadual e municipal, que impulsionaram setores-chave da economia. O setor de serviços, o consumo das famílias e a força das importações são os principais motores do crescimento, especialmente no último trimestre.

Entretanto, a pressão exercida pelos juros elevados ao longo do ano contribuiu para um arrefecimento do ritmo de expansão. O aperto monetário, que levou a taxa básica de juros a encerrar 2024 em 13,25%, teve impacto na atividade econômica e deve continuar freando o crescimento em 2025.

Ainda assim, o Brasil tem conseguido manter uma posição relevante no cenário global. Em 2023, o país ocupava a 9ª posição entre as maiores economias do mundo. Contudo, com a desvalorização do real ao longo de 2024 — cerca de 27% —, a tendência é que o Brasil perca uma colocação no ranking mundial.

Para 2025, as projeções são mais modestas. A expectativa de crescimento gira em torno de 1,5%, reflexo da continuidade da política monetária restritiva, do elevado endividamento das famílias e da previsível queda nos estímulos fiscais e creditícios.

Ademais, fatores externos podem intensificar a desaceleração da economia. As políticas protecionistas de Donald Trump, que prometem impor tarifas a produtos estrangeiros, podem afetar o comércio global e impactar as exportações brasileiras.

A manutenção dos juros elevados nos Estados Unidos também representa um risco, uma vez que pode encarecer o custo do capital para economias emergentes como o Brasil. Diante desse cenário, 2025 deve ser um ano de menor crescimento, mas não necessariamente de crise ou recessão.

O desempenho da economia dependerá, em grande medida, da política fiscal do governo e da evolução dos cenários interno e externo. Estímulos fiscais podem ajudar a reaquecer a economia, mas também podem pressionar a inflação, o que exigiria uma política monetária ainda mais rigorosa.

Se o Brasil quiser sustentar um crescimento sólido e duradouro, será essencial adotar medidas que incentivem o investimento produtivo, aumentem a produtividade e reduzam as incertezas fiscais e políticas. O caminho é desafiador, mas não impossível.

A questão é se o governo terá capacidade e disposição para tomar as decisões necessárias para garantir um crescimento sustentável nos próximos anos.

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