Líder no Centro-Oeste em industrialização, Goiás busca novos investimentos para crescer ainda mais

Goiás, nos dias atuais, figura na sétima posição entre os estados mais industrializados do Brasil. Em 2024, o Estado viu o setor crescer 2,6%, atingindo alta de 85% desde 2002, início da série histórica medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com isso, na média dos últimos 22 anos, Goiás superou o volume de produção nacional, que foi de apenas 11%.

A alta na série histórica foi puxada pela fabricação de produtos alimentícios, cujo crescimento foi de 63%, e pela fabricação de produtos minerais não metálicos (34%). Outras atividades que começaram a ser acompanhadas a partir de 2012 também impulsionaram a alta do setor na série histórica, com destaque para a fabricação de coque (produto mineral obtido a partir do carvão), de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (80%), fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (57%) e fabricação de produtos químicos (41%).

Dados de 2024, também do IBGE, colocou Goiás na liderança em industrialização no Centro-Oeste na quantidade de unidades locais de empresas industriais com cinco ou mais pessoas ocupadas. O estado puxa o ranking na região com 7.037 unidades, o equivalente a 52,6% do total, seguido por Mato Grosso (3.154), Mato Grosso do Sul (1.929) e Distrito Federal (1.262).

Além disso, Goiás foi destaque na região em outras quatro variáveis analisadas pelo IBGE:

  • é a unidade federativa que mais gerou receita líquida de vendas (R$ 229,4 bilhões);
  • com o maior contingente de pessoas ocupadas (253 mil),
  • e que receberam um total de R$ 10,1 bilhões em salários, retiradas e outras remunerações.

Goiás gerou R$ 64,8 bilhões em valor de transformação industrial (VTI), número superior ao do Mato Grosso (R$ 41,1 bilhões), Mato Grosso do Sul (R$ 36 bilhões) e Distrito Federal (4 bilhões).

Ao Jornal Opção, o secretário de Indústria, Comércio e Serviços, Joel de Sant’Anna Braga Filho, explicou que em 2024 a indústria superou o agro no crescimento. “O agro teve problemas com a questão climática e com a exportação de soja, então a indústria cresceu mais que o agro. O resultado mostra a força do Estado frente ao Centro-Oeste, principalmente na área de fármacos, e-commerce e agroindústria”, diz.

Secretário de Indústria, Comércio e Serviços, Joel de Sant’Anna Braga Filho | Foto: Guilherme Alves / Jornal Opção

De acordo com o secretário, Goiás se tornou um dos melhores estados para se empreender em indústrias por diversos fatores. “Temos incentivos fiscais que existem em outros estados. Mas o que realmente beneficia Goiás é, primeiro, a posição logística, já que estamos no centro do Brasil. Além disso, a boa administração que vem sendo feita, onde a segurança pública é prioridade, tem ajudado a trazer segurança para empresas”, afirma.

“Esses fatores são importantes pois diminuem os custos operacionais das indústrias. Em alguns estados, assim que os caminhões saem de fábricas existem risco de assaltos, em Goiás isso não é comum. Além disso, a educação, a saúde, que o Estado é referência, também atraem as empresas nestas áreas de distribuição e logística”, continua.

Joel explica que, por conta dos fatores citados, diversas empresas de grande porte estão montando suas industrias no Estado, com altos investimentos. “O Mercado Livre está construindo uma grande estrutura em Goiânia, já temos a Shopee e a AliExpress em Hidrolândia. Além de fábricas de bicicletas, tratores, a mineração, que investiu mais de R$ 8 bilhões nos últimos anos. Todo esse crescimento é mostrado no Caged, que mede os empregos do país”, explica.

De acordo com o secretário, os investimentos vigentes são apenas o começo. “Sempre viajamos em busca de parcerias. Na missão a Índia, por exemplo, conseguimos parcerias importantes com uma farmacêutica do país que deve investir em Goiás, que é o grupo Sunfarma. Estamos negociando com a Mitsubishi para abrir uma fábrica no Estado, tanto que o governador [Caiado] estuda ir ao Japão para visitar uma fábrica da montadora. E, por fim, também temos investimentos de R$ 4 bilhões para a eletrificação de carros. Então é algo que pode vir a crescer em Goiás”, completou.

Qualificação e remuneração

Por conta da demanda das indústrias goianas nos próximos três anos, o estado precisará qualificar 487 mil profissionais entre 2025 e 2027. O número contempla a necessidade de formação de 77 mil novos profissionais e de requalificação de 410 mil que já estão no mercado. Os dados são do Mapa do Trabalho Industrial, elaborado pelo Observatório Nacional da Indústria (ONI), da Confederação Nacional da Indústria (CNI), e levam em conta o crescimento da economia e do mercado de trabalho.

Em Goiás, parte dessa qualificação é coordenada pela Secretaria de Retomada. Ao Jornal Opção, o titular da pasta, César Moura, relatou que essa qualificação é prioridade da secretaria. “Investimos pesado nessa qualificação. Reestruturamos colégios tecnológicos, fizemos parcerias com a Universidade Federal de Goiás e com pequenas indústrias e cooperativas. Avaliamos que essas ações foram essenciais para incentivar a indústria em Goiás”, afirma.

Segundo estimativas, Goiás necessitará de 77 mil trabalhadores com uma nova qualificação para acompanhar o ritmo de geração de empregos e substituir os trabalhadores que deixarão o mercado formal de trabalho. A pesquisa indica ainda que 410 mil empregados necessitarão de formação e aprimoramento para atualizar suas habilidades nas funções que já exercem na indústria e que também são necessárias para outros setores.

Parceiros da secretaria, o Sesi e o Senai também participam dessa qualificação. De acordo com o diretor regional do Senai e superintendente do Sesi, Paulo Vargas, o dado demonstra a importância das instituições para a indústria no Estado.

“Nossa missão é garantir que os profissionais estejam prontos para os desafios de um mercado cada vez mais competitivo e tecnológico, suprindo as necessidades de setores estratégicos da economia do Estado. Por meio de cursos de excelência, alinhados às demandas atuais e futuras do setor produtivo, o Senai não apenas qualifica novos profissionais, mas também promove a atualização contínua daqueles que já estão no mercado, contribuindo para o desenvolvimento sustentável e a competitividade das indústrias goianas”, diz.

Um dos benefícios da indústria para a população são os salários que, são acima do salário mínimo. Por exemplo, o salário médio mensal pago pelas indústrias goianas foi de R$ 3.057,23, duas vezes e meia o salário mínimo de 2022. A atividade que melhor paga é a da metalurgia, cujo rendimento do pessoal ocupado é 4,79 s.m (salário mínimo), seguida pela extração de minerais metálicos e, depois, pela fabricação de produtos químicos.

De acordo com o Mapa do Trabalho Industrial, as áreas com maior demanda de profissionais em Goiás serão:

  • Logística e Transporte (115 mil), com oportunidades para técnicos de controle da produção, motoristas de veículos de cargas, almoxarifes e armazenistas, entre outros;
  • Construção (49 mil), para atuar como profissionais na operação de máquinas de terraplanagem, ajudante de obras civis, trabalhadores de estruturas de alvenaria, fundações, entre outros;
  • Operação industrial (47 mil), que são profissionais que atuam como alimentadores de linhas de produção, embalagem, etiquetagem, trabalhadores de cargas e descargas de mercadorias;
  • Alimentos e Bebidas (41 mil), com oportunidades para magarefes, trabalhadores na fabricação e conservação de alimentos, trabalhadores na pasteurização do leite e na fabricação de laticínios, entre outros.
  • Manutenção e Reparação (39 mil), para mecânicos de manutenção de veículos automotores, trabalhadores operacionais de conversação de vias permanentes (exceto trilhos), eletricistas de manutenção eletroeletrônica, e muito mais.

Investimentos e Nova Rota da Seda

César explica que, via PróGoiás, empreendedores conseguem crédito para abrir uma pequena indústria ou expandir. O programa oferece benefícios fiscais como créditos outorgados e presumidos relacionados ao ICMS. Esses incentivos permitem às empresas aumentar a competitividade, impulsionar inovações tecnológicas e contribuir para o desenvolvimento econômico regional.

Mesmo com a abertura de novas indústrias, com a vinda de investimentos, o Estado ainda é visto como dependente do agronegócio que, segundo especialistas consultados pela reportagem não geram tantos empregos. Por conta disso, a expectativa da SIC é buscar cada vez mais investimentos para uma industrialização maior do Estado e, com isso, a geração de empregos e renda.

À reportagem do Jornal Opção, Joel Sant’Anna revelou investimentos futuros no Estado, principalmente em parceria com a China, que prepara uma Nova Rota da Seda. O programa vem de um investimento trilionário da China iniciado em 2013 e prevê obras e investimentos para ampliar mercados para a China e aumentar a presença e influência comercial do país no mundo.

Para que isso ocorra, Joel explica que busca manter goiás na rota da China e que a realidade que já acontece mostra o sucesso da parceria. “A realidade vem mostrando o quão importante é a instalação dessas empresas. Neste mês [dezembro] iremos receber o dono da maior empresa de carregadores do mundo, que fabrica 40% dos carregadores globalmente. A intenção é instalar uma dessas fábricas aqui no Estado. Temos muitas prospecções em Águas Lindas de Goiás, onde recentemente abriu uma indústria de triciclos. Então nossas parcerias com a China estão a todo vapor”, relatou.

“Além disso, temos tratativas com uma fábrica de todos os tipos de luvas para que tenha esse investimento aqui em Goiás também. Outra empresa, que quer fabricar o açúcar IC 45, que é um açúcar super refinado, pode fazer investimentos em Goiás. A BYD também tem tratativas para se ter uma planta no Estado. Então são várias frentes de negociações para se trazer esses investimentos para Goiás e melhorar a qualidade de vida da população. Essas prospecções mostram que Goiás saiu na frente”, conta.

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