Uso inadequado de Tadalafila nas academias pode resultar em sérios riscos à saúde, alertam especialistas

O aumento no consumo da tadalafila no Brasil tem chamado atenção de especialistas, impulsionado tanto por uma popularização midiática quanto por usos não recomendados pela ciência. Em 2024, o medicamento, originalmente indicado para o tratamento da disfunção erétil, foi o terceiro mais vendido no país, com 31,4 milhões de caixas comercializadas. Esse crescimento coincide com sua menção frequente em músicas populares, vídeos humorísticos nas redes sociais e conversas casuais entre jovens, além de uma nova tendência que o coloca como suposto aliado no ganho de massa muscular entre frequentadores de academias.

A canção “Tadalafila”, lançada em 2023 por Alanzim Coreano e Os Barões da Pisadinha, reflete a difusão do medicamento na cultura popular. Mas essa não é a única referência ao fármaco no universo musical. Uma rápida pesquisa no Spotify revela centenas de faixas que mencionam o termo “tadala”, termo que se tornou um jargão em rodas de conversa e conteúdos virais.

Contudo, a fama do medicamento não se restringe à vida noturna. Um número crescente de pessoas tem utilizado a substância de forma inadequada, acreditando que ela pode melhorar a vascularização e favorecer o crescimento muscular. A busca por um corpo mais definido tem levado muitos usuários a consumirem a tadalafila como um suplemento pré-treino, apesar da falta de comprovação científica sobre essa prática.

O impacto do medicamento no mercado brasileiro é expressivo. Segundo levantamento da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), as vendas da tadalafila quase triplicaram entre 2020 e 2024. De acordo com um relatório da consultoria Close-Up International, a tadalafila gerou mais de R$ 1,2 bilhão em receita no ano passado, ficando atrás apenas de losartana e metformina entre as substâncias mais comercializadas.

Apesar de seu uso indiscriminado, especialistas alertam para os riscos associados ao consumo sem prescrição médica. O Conselho Federal de Farmácia (CFF) destaca que o uso sem orientação pode resultar em efeitos adversos como dores de cabeça, tontura, indigestão, rubor facial, dor muscular, náuseas e até eventos cardiovasculares graves. Além disso, o uso desnecessário do medicamento para fins sexuais pode levar à dependência psicológica, fazendo com que o indivíduo precise da substância para manter relações íntimas.

A principal preocupação dos especialistas recai sobre a falta de comprovação científica em relação ao uso da substância para ganho de massa muscular. Embora existam hipóteses de que a ação vasodilatadora da tadalafila poderia melhorar a oxigenação dos músculos, os estudos disponíveis sobre esse efeito são limitados e conduzidos com um número reduzido de voluntários.

O presidente da Sociedade Brasileira de Urologia, Luiz Otávio Torres, critica a disseminação de informações sem embasamento científico. “Não há base nenhuma para essas alegações. Os poucos estudos que avaliam a tadalafila para ganho de massa muscular foram feitos com 40 ou 50 voluntários, o que é muito pouco”, ressaltou à BBC. Para ele, a popularização do medicamento sem orientação adequada pode trazer consequências preocupantes, especialmente para indivíduos com problemas cardiovasculares.

Além dos riscos conhecidos, o uso indiscriminado da tadalafila pode resultar em efeitos colaterais raros, como problemas de visão e audição, priapismo (ereção prolongada e dolorosa) e reações alérgicas severas. A bula do medicamento alerta para a possibilidade de eventos cardiovasculares graves, incluindo infarto e acidente vascular cerebral (AVC), especialmente em pacientes que já possuem histórico de problemas cardíacos.

O Conselho Federal de Farmácia alerta que a automedicação, além de perigosa, pode mascarar outros problemas subjacentes, como disfunções hormonais ou condições cardiovasculares que precisam de tratamento adequado.

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