Dengue: baixa adesão fez com que Goiás perdesse mil doses de Qdenga enquanto casos e óbitos seguem em alta

Desde que iniciou a vacinação contra a dengue em fevereiro de 2024, Goiás perdeu 1 mil doses da Qdenga – vacina contra a dengue produzida pelo laboratório japonês Takeda. No mesmo ano, o estado registrou os maiores números já contabilizados de casos confirmados (128.567) e mortos (430) pela doença transmitida pelo mosquito aedes aegypti, também vetor da zika, chikungunya e febre amarela.

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Segundo a subsecretária de Vigilância em Saúde da Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SES-GO), Flúvia Amorim, mais de 408,2 mil vacinas foram aplicadas em pouco mais de um ano de trabalho no estado. Porém, ao menos 163 mil goianos (60,6%) não completaram o esquema vacinal – de duas doses – que tem cerca de 80% de eficácia.

“Goiás é um dos estados brasileiros que melhor tem usado essa vacina. Houve estados que precisaram descartar muito mais vacinas do que a gente, infelizmente”, afirmou.

Desde meados de 2024, o estado tem observado um aumento gradativo na procura pelo imunizante, mas a cobertura vacinal ainda está abaixo do esperado. O cenário preocupa as autoridades de saúde, principalmente quem ainda não recebeu a segunda dose.

Principal público, a faixa etária de 6 a 16 anos de idade é a mais preocupante. Ao todo, foram vacinadas 273.420 crianças e adolescentes com 1ª dose e 93.290 com a 2ª dose. Ou seja, 146.860 (61,15%) membros desse grupo estão com o esquema vacinal atrasado.

“Para aumentar essa faixa etária, vai depender da capacidade produtora. A nossa grande esperança é o Butantan, que já entrou junto à Anvisa com a solicitação de autorização do uso da vacina aqui no Brasil. O quanto nós poderemos ampliar vai depender da capacidade de produção do Butantan”, reforçou Flúvia.

Casos em 2025 

Enquanto o estado trabalha para aumentar a adesão da vacinação, o número de casos confirmados e de mortes por dengue permanece alto, mas longe de atingir o recorde de 2024. Neste ano, até o momento, são cinco óbitos confirmados pela doença em Mozarlândia, Ceres, Goianésia, Heitoraí e São Simão. Outros 47 estão em investigação em 13 cidades. 

Em relação aos casos, a SES contabilizou 19.382 confirmados e outros 39.760 notificados, de acordo com Flúvia. O cenário reflete diretamente nos 246 municípios, que estão separados em três situações epidemiológicas: preparação (21), alerta (181) e emergência (43).

As três maiores cidades goianas, Goiânia (3.584 casos), Aparecida de Goiânia (1.769 casos) e Anápolis (1.236 casos) estão em situação de alerta. Juntas, elas somam 33,9% (6.589) dos casos confirmados. 

“A gente já está finalizando o período chuvoso e daqui um mês, dois meses, já inicia o nosso período seco. O número ainda é grande, quando a gente compara com o mesmo período do ano passado, com certeza vê que é um número menor”, explica a subsecretária da SES.

Sorotipo 3

Apesar da gravidade ser menor, um fator gerou preocupação no estado: a circulação do sorotipo 3 da dengue, o mais agressivo entre os quatro vírus da doença. A categoria não era identificada com frequência no país desde 2008.

Atualmente, o sorotipo 3 é responsável por 2% (387) dos casos confirmados em Goiás, o que fez com que a SES adotasse medidas de segurança junto aos municípios para evitar uma “inversão”. Os sorotipos 1 e 2 ainda continuam predominantes em solo goiano.

“Existe uma grande possibilidade da inversão, que é quando a sorologia sai da predominância do 2 e 1 e passa a ser do tipo 3. Isso pode acontecer no segundo semestre e é um indicativo de que 2025 e 2026 pode ser um grande problema de novo, assim como está acontecendo no estado de São Paulo”, concluiu.

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