Entenda como a cocaína e a maconha entram e saem de Goiás

A posição central de Goiás é estratégica para a distribuição logística de bens e serviços, produtos para importação e exportação, além da circulação de drogas como cocaína e maconha. As rodovias estaduais e federais que cortam o Estado são utilizadas por traficantes para escoar os produtos ilícitos, aponta o policial rodoviário federal e vereador por Goiânia, Sanches da Federal. “Goiás é o centro logístico do país, então aqui é entreposto ou é rota de qualquer coisa. Sabemos que de Rondônia e Mato Grosso passam a cocaína produzida na Bolívia e Peru por Goiás”, diz. A maconha, segundo o policial, vinda principalmente da Colômbia, é comumente transportada pelo Mato Grosso do Sul até Jataí, no sudoeste goiano.

Em entrevista ao Jornal Opção, Sanches lembra que apesar do baixo efetivo para cobrir os quase 5 mil quilômetros de rodovias que cruzam o Estado, as forças policiais conseguiram apreender mais de 40 toneladas de drogas. “Jataí é a quinta delegacia que mais pega drogas no país. Temos 489 PRF em Goiás que trabalham em escala 24/72, isso dá mais ou menos 70 policiais trabalhando por dia nas rodovias. São policiais especializados, que sabem fazer ações integradas e operam com inteligência. Como não há muito efetivo, a gente otimiza as nossas abordagens”, conta.

Para Sanches, a avaliação positiva da segurança pública do Estado de Goiás se dá, em parte, pela contribuição da Polícia Rodoviária Federal (PRF). “Eu falo para os colegas militares, civis e penais que sentem sentem falta da parceria com a PRF. Nós estamos vivendo há dois anos uma diminuição de ações integradas, diminuição da inteligência e incentivos”, lamenta.

O policial diz que apesar dos números positivos, as corporações temem que a falta de investimentos em ações integradas não provoca impactos de forma imediata e aponta que a criminalidade pode aumentar nos próximos anos caso a situação não se reverta. “A policia estadual consegue segurar a bronca ainda, mas o tráfico não parou e a droga está indo para algum lugar e esse dinheiro vai comprar mais armas e na hora do vamos ver, quem vai estar exposto vai ser o nosso policial”, argumenta.

Sanches diz que para o atual presidente, a PRF é indiferente. “Ele não está nem aí, não existe para ele. Hoje a PRF não é prioridade do governo, enquanto éramos prioridade do governo Bolsonaro. É um absurdo o que está acontecendo, o desleixo, o descaso e indiferença com a nossa polícia”, afirma.

Entenda a rota

Goiás se tornou um dos principais corredores logísticos do tráfico de drogas no Brasil. Localizado estrategicamente no centro do país, o estado é utilizado como ponto de passagem para o escoamento de entorpecentes produzidos em países vizinhos, como Bolívia e Paraguai, e que têm como destino grandes centros consumidores, como São Paulo, Rio de Janeiro e estados do Nordeste.

Segundo investigações da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal (PRF), as principais drogas apreendidas em Goiás são a cocaína e a maconha, que entram pelo estado principalmente através de rodovias federais, como a BR-060, BR-364 e BR-153. Os carregamentos geralmente vêm em caminhões e carretas que simulam transporte legal de mercadorias, como cargas de grãos, frutas ou produtos industrializados.

A cocaína, muitas vezes em sua forma mais concentrada (pasta base), entra em Goiás principalmente pelo Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, estados que fazem fronteira com a Bolívia. Já a maconha costuma vir do Paraguai, atravessando o Mato Grosso do Sul até chegar às cidades goianas, onde parte do carregamento é redistribuído.

Em muitos casos, Goiás também funciona como entreposto logístico, onde a droga é fracionada e distribuída em veículos menores, dificultando a fiscalização. Há também registros de tráfico aéreo: aeronaves de pequeno porte pousam em pistas clandestinas em regiões rurais do estado para descarregar entorpecentes, principalmente no Norte e Sudoeste goiano.

Após chegar ao estado, a droga é repassada a organizações criminosas responsáveis pelo transporte para outras regiões do Brasil. As rotas de saída se concentram novamente nas rodovias, especialmente com destino aos estados da região Sudeste e, mais recentemente, também para portos do Nordeste, de onde a droga é enviada ao exterior.

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