Como a semeadura direta ajuda a restaurar biomas e mitigar a crise climática

Neste domingo, 16 de março, o Brasil celebra o Dia Nacional da Conscientização sobre as Mudanças Climáticas, um lembrete urgente da necessidade de ação diante dos desafios impostos pelo aquecimento global. Nesse cenário, uma técnica simples, mas poderosa, ganha espaço: a restauração com semeadura direta. A metodologia inovadora promete revolucionar a recuperação de áreas degradadas no Brasil, combinando eficiência ecológica e socioeconômica.

Em entrevista ao Jornal Opção, Edezio Miranda, técnico da Caminhos da Semente e da Agroícone, detalhou como essa técnica, que utiliza sementes de diversas espécies plantadas diretamente no solo, pode acelerar a sucessão ecológica e restaurar biomas críticos, como a Amazônia, o Cerrado e a Mata Atlântica. “A semeadura direta usa sementes de várias espécies e planta elas diretamente no solo já preparado, o que acelera o processo de sucessão ecológica”, explicou Edezio.

“Conseguimos um mix de sementes que une tanto árvores pioneiras e secundárias quanto arbustos e herbáceas, promovendo uma colonização rápida de áreas degradadas nos primeiros anos. Isso cria condições para o restabelecimento da vegetação nativa e recupera as funções do ecossistema, como a ciclagem de nutrientes e a regulação hídrica.”

Além dos benefícios ambientais, a semeadura direta se destaca por sua capacidade de aumentar a escala de restauração e reduzir os custos por meio da mecanização.

“Comparado ao plantio de mudas, essa metodologia consegue restaurar biomas degradados de maneira mais eficiente, ajudando a valorizar a diversidade local e a utilizar sementes nativas de proveniência local, o que mantém a diversidade genética e a resiliência das espécies”, acrescentou.

Dona Adelice | Luana Santa Brígida

Um aspecto importante da semeadura direta é a participação das comunidades locais. Edezio destacou que a coleta de sementes é realizada por coletores e coletoras que, ao atender à demanda, geram renda para comunidades tradicionais, incluindo agricultores, indígenas e quilombolas.

“O conhecimento das comunidades tradicionais é valorizado na semeadura direta, pois resgata práticas ancestrais e gera uma atividade que transforma a realidade e a qualidade de vida dessas pessoas”, afirmou.

Os resultados da semeadura direta são visíveis em poucos meses. “Nos primeiros meses, já conseguimos observar a cobertura da vegetação no solo, que reduz a erosão e atrai novos dispersores, como fauna e insetos polinizadores”, explicou Edezio.

“A diversidade de espécies plantadas também contribui para a captura de carbono, acumulando biomassa acima e abaixo do solo de maneira eficiente, retirando CO₂ da atmosfera.” No entanto, a implementação da semeadura direta enfrenta desafios, especialmente em relação às mudanças climáticas e à necessidade de aumentar a conscientização sobre a técnica.

“As mudanças climáticas e eventos extremos são grandes desafios atuais. Precisamos ampliar o uso da semeadura direta e tornar essa metodologia mais conhecida para que mais pessoas possam ver os resultados positivos e contribuir para a pesquisa e o aprimoramento da técnica”, concluiu Edezio.

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