Durante julgamento, Bolsonaro troca olhares com Moraes e comenta em redes sociais

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) compareceu, nesta terça-feira, 26, ao Supremo Tribunal Federal (STF) para acompanhar o julgamento que pode torná-lo réu por tentativa de golpe de Estado. A sessão, conduzida pela Primeira Turma da Corte, analisa a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que acusa Bolsonaro de liderar uma trama para permanecer no poder após a derrota nas eleições de 2022.

Durante a leitura do relatório pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, Bolsonaro manteve-se atento, sem o celular em mãos e com o olhar fixo no magistrado. O ex-presidente usava na lapela do terno a condecoração do Pacificador com Palma, que, segundo o site da Força, é uma honraria para “brasileiros que se destacam por atos de bravura, coragem e abnegação”.

Em um momento de descontração, Bolsonaro alternou períodos de concentração com conversas ao pé do ouvido com seus advogados, Celso Vilardi e Paulo Cunha Bueno. Enquanto Flávio Dino fazia sua manifestação, Bolsonaro bocejou, sem demonstrar reação quando os ministros negaram um pedido da defesa.

Crítica ao julgamento e defesa política

Pouco antes do início da sessão, Bolsonaro se manifestou nas redes sociais, criticando o julgamento e sugerindo que já estaria condenado antes mesmo da análise do caso. Ele comparou a situação a uma partida de futebol em que o juiz “apita contra antes mesmo do jogo começar”.

Além disso, em mensagens enviadas a aliados por WhatsApp e Telegram, o ex-presidente reafirmou que não participou de qualquer plano para se manter no poder após a derrota eleitoral. No texto, Bolsonaro declarou que “confia na justiça” e alegou ser alvo de perseguição política, com o objetivo de impedi-lo de concorrer nas eleições de 2026.

“Me acusam de um crime que jamais cometi – uma suposta tentativa de golpe de Estado. Conversei com auxiliares alternativas políticas para a Nação, mas nunca desejei ou levantei a possibilidade da ruptura democrática”, escreveu o ex-presidente.

Reações durante a sessão 

No plenário, Bolsonaro adotou uma postura reservada enquanto os ministros analisavam os crimes imputados pela PGR. Em alguns momentos, fez breves comentários com seus advogados, especialmente quando Alexandre de Moraes mencionou a existência de uma “organização criminosa” supostamente liderada por ele.

Durante o julgamento, a defesa de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e também denunciado no caso, pediu que sua sustentação oral fosse realizada antes das demais. Bolsonaro, ao lado de seus advogados, ajudou Celso Vilardi a vestir a toga antes de sua manifestação.

Ao longo da sessão, Bolsonaro rebateu as acusações, argumentando que um golpe de Estado não poderia ser concretizado com o apoio de “dois generais da reserva e três coronéis”. Em conversa com o advogado Eumar Novacki, defensor do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, o ex-presidente ironizou a denúncia da PGR.

“Para fazer um golpe, tem que se preparar. Mais para o dia seguinte. (Conversar com) autoridades, gente de fora do Brasil. Não é assim golpe. Pegar dois generais da reserva, três coronéis e vamos dar golpe”, declarou Bolsonaro.

Além disso, ele reforçou que “nem o primeiro passo foi dado” para instaurar um estado de defesa, alegando que a Constituição exige consulta prévia ao Conselho da República e ao Conselho de Defesa Nacional.

“Começa convocando os conselhos. Nem o primeiro passo foi dado”, afirmou.

Caso a Primeira Turma do STF aceite a denúncia, Bolsonaro se tornará réu, o que pode impactar suas pretensões eleitorais e aumentar a pressão sobre aliados no Congresso Nacional. A expectativa é que a análise do caso prossiga ao longo da semana, com os votos dos ministros da Primeira Turma determinando o futuro do ex-presidente.

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