A Frente Democrática do PT e do PSB em Catalão

Fernando Safatle

A política é igual nuvem, como dizia a raposa felpuda mineira Magalhães Pinto. Uma hora está de um jeito, em um piscar de olhos está de outro jeito. Assim é a política em geral e mais especificamente em Catalão.

A dança das cadeiras corre solta na cidade. Agora, Elder Galdino, companheiro fidalgal do vice-governador Daniel Vilela e desafeto do prefeito Adib Elias, anunciou sua saída do MDB e sua ida para uma outra sigla para ser candidato. 

Ora, essa novela parecia mais não ter fim e com um enredo dos mais dantesco. Adib, prefeito de Catalão, pertencia ao MDB quando da primeira eleição de Caiado para governador.  O MDB tinha seu candidato, Daniel Vilela. Adib não apoiou o candidato de seu partido, e sim Caiado. Cometeu assim infidelidade partidária. Daniel Vilela, presidente do MDB, não titubeou, expulsou sumariamente Adib do partido.

Aí, vieram as eleições pra governador novamente. Caiado retirou seu vice e colocou, no lugar, o próprio Daniel Vilela o transformando o inclusive como candidato a sua sucessão. Diante dessa nova circunstâncias políticas, Adib quer retornar ao MDB. Conta com o apoio de Caiado, que incentiva Daniel para se reaproximar de Adib. Mas isso tem um preço e Adib cobra muito caro, o domínio total do MDB na região — defenestrando os Galdinos. Saia-justa para Daniel, que perde seus companheiros de longa data. Esse o desfecho desta história. Mais parece um folhetim de novela cheia de tramas e rasteiras.

Mas a política de Catalão não vive só disso — convive também com práticas novas e alvissareiras. PT e PSB resolveram trabalhar juntos formando a Frente Democrática em Catalão. Desde março do ano passado fazem reuniões conjuntas e vão aos bairros discutir a elaboração de uma proposta pra cidade, que tenha como conteúdo uma nova forma de governar, democrática, participativa, transparente e ambientalmente sustentável. 

O PT indicou Maria Moura como pré-candidata a prefeita e convidou Fernando Safatle, presidente do PSB local, para ser seu vice. Essa é a novidade na política de Catalão. 

Não se pode esquecer que Catalão sempre foi reduto lulista. No primeiro turno Lula da Silva ganhou com uma diferença de mais de 2000 votos e perdeu no segundo por menos de 100 votos.

O cenário que se desenha pra essas eleições com nítida fragmentação dos partidos que apoiam aberta e escamoteada o bolsonarismo favorece sem dúvida a presença eleitoral da Frente Democrática em Catalão.  No campo do bolsonarismo se situam o candidato do Adib, o candidato do sindicato rural recém-filiado ao PL, o Galdino aliado ao Jardel Sebba, bolsonarista roxo.

O candidato da Frente Democrática vai ter de mostrar a competência política de saber capitalizar os votos lulistas. Esse seu grande desafio. Muitos podem dizer, mas as eleições municipais são diferentes e a questão nacional não interfere. Nessas eleições existe sim um componente nacional que vai pesar, pois o país continua polarizado. Qual o peso disso, ainda não sei. Isso também vai depender de cada cidade e da capacidade dos partidos em internalizar o componente nacional. Aí está o ponto e vírgula da questão.

Fernando Safatle é economista.

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