O prefeito Sandro Mabel (UB) se reuniu com o embaixador português no Brasil, Luís Faro Ramos, nesta terça-feira, 25, em Brasília. Um dos objetivos do encontro era trazer um voo semanal de Lisboa para a capital goiana, por meio da TAP Air Portugal. No entanto, o Aeroporto Santa Genoveva não comporta as aeronaves da companhia aérea para voos diretos cruzando o Oceano Atlântico.
Segundo “Dossiê Turístico Goiânia-Lisboa”, o aeroporto de Goiânia possui 2.286 metros homologados para uso. Além de destacar que desde 2020, o local certificado para receber a operação regular e não regular de voos internacionais.
“O aeroporto é gerido pelo Grupo CCR e ocupa uma área de 3.967.365,04 m². Com uma pista de pouso e decolagem de 2.500 m (sendo 2.286 m homologados para uso) de extensão e 45 m de largura, o aeroporto é capaz de receber aeronaves de médio porte, como os modelos ATR 72, Boeing 737, Embraer 190, Airbus A320, A-321 entre outros. Aeronaves de porte médio/grande, como os modelos Boeing 757 e Airbus A330, também operam ocasionalmente”, diz o texto divulgado pela Prefeitura de Goiânia.
No entanto, entre os aviões citados, apenas o Airbus A330 poderia operar a rota que cruza o Oceano Atlântico entre Goiânia e Lisboa de forma direta. Contudo, o Aeroporto Santa Genoveva não está capacitado para receber voos regulares desse modelo, como mencionado no próprio texto, apenas voos ocasionais.
“O aeroporto não está preparado para receber aeronaves de porte como o Airbus A330 ou o A350, além do Boeing 777 e o 787 Dreamliner. Talvez pudesse receber um Boeing 757, mas a TAP não opera essa aeronave. Eventualmente, uma ou outra até pode pousar em Goiânia, como acontece quando o aeroporto de Brasília é fechado, mas sem desembarque de passageiros. Essas aeronaves podem transportar de 200 a 250 pessoas e, com certeza, não temos a infraestrutura necessária para acomodá-los”, explicou o professor da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) e especialista em aeronáutica Georges Ferreira, em entrevista ao Jornal Opção.
Segundo o docente do curso de Ciências Aeronáuticas da PUC-GO, o Aeroporto Santa Genoveva não possui a estrutura necessária. “Outro ponto é o peso máximo de decolagem e o desempenho das aeronaves na pista de Goiânia. Seria necessário analisar as condições técnicas da pista e do pátio, além do peso das aeronaves”, pontuou. Ele ressaltou que as aeronaves para voos transatlânticos decolam com combustível suficiente para a rota e uma quantidade reserva para situações atípicas.
Vale lembrar que o Aeroporto Internacional de Brasília – Presidente Juscelino Kubitschek possui duas pistas, uma com 3.600 metros e outra com 3.200 metros de comprimento. As duas são maiores que a única pista de Goiânia.
“Além disso, o aeroporto de Brasília é mais preparado, com uma ala internacional dedicada aos passageiros, enquanto o de Goiânia não tem um local específico para voos internacionais. Caso fosse necessário, a segregação poderia ser feita de forma improvisada, isolando áreas como o portão 1 ou o subsolo, o que não é o ideal devido ao conforto dos passageiros. Mas, como mencionei, se uma aeronave com 200 ou 300 passageiros chegasse, seria um grande desafio gerenciar o desembarque, com questões de imigração, aduaneiras e segurança, além de hotelaria e transporte”, destacou o especialista.
Ferreira também observou que há possibilidade de realizar algumas adequações no terminal de passageiros, mas isso exigiria uma reforma considerável. Ele destacou ainda que não há um Sistema de Pouso por Instrumentos (ILS, em inglês) no aeroporto. “Isso limita a operação em condições climáticas adversas. Além disso, Goiânia não possui a infraestrutura necessária para apoiar a calibração de instrumentos de precisão, o que obriga muitos operadores a voar até Brasília para esse tipo de serviço. A infraestrutura do Aeroporto Santa Genoveva, apesar de algumas melhorias, ainda está muito aquém das necessidades para voos internacionais regulares”, concluiu.
A única aeronave para voos de longa distancia da TAP capaz de pousar em Goiânia seria o Airbus A321XL, uma variante do A321 para voos de maiores distância, mas mesmo a operação não seria possível. “Seria o único avião da frota que poderia operar a rota, que tem um alcance de 7.400 km, mas a distância entre Goiânia e Lisboa é de 7.480 km, o que impossibilitaria o voo sem combustível de reserva, o que não seria viável”, explicou.
Aeroporto Santa Genoveva
Em contato com o Jornal Opção, a CCR Aeroportos afirmou que o Aeroporto Santa Genoveva é “certificado para operação de aeronaves até código C (peso entre 5.700 e 136.000 kg) e atende a todos os requisitos necessários para receber voos regulares e internacionais”. No entanto, o Airbus A330 vazio pesa 170 000 kg, sem considerar, passageiros, carga e combustível.
Ou seja, nenhuma aeronave da TAP Air Portugal pode operar em Goiânia, seja o A330 ou o A321XL. No entanto, a CCR Aeroportos afirma que está sempre aberta para receber novos voos no aeroporto. “Mantemos os diálogo constante com as companhias aéreas e outras partes interessadas com o objetivo de atrair rotas internacionais para o Aeroporto de Goiânia por acreditar no potencial de mercado da região”, disse a empresa.
Voos internacionais em Goiânia
Segundo o professor, Goiânia teve inúmeros voos internacionais fretados para inúmeros destinos, como os Estados Unidos e a Bolívia na década de 1990. Mas, nenhuma linha regular saindo da capital goiana. Novamente, ele ressaltou que as companhias áreas optam por Brasília pela estrutura. “Hoje, Goiânia ainda tem voos internacionais por demanda, como para táxi aéreos e aviação geral, que podem operar de qualquer lugar”, contou.
Novas conversas
Apesar da TAP não possuir aeronaves compatíveis com o Aeroporto Santa Genoveva, Mabel deve levar a negociação para o diretor executivo da TAP Air Portugal, Carlos Antunes, responsável por avaliar a viabilidade econômica da rota.
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