A extensão da pista do Aeroporto Internacional de Goiânia impede que aviões de grande porte consigam operar na cidade. De acordo com a Prefeitura da capital, o aeroporto, gerido pelo Grupo CCR, ocupa uma área de 3.967.365,04 m². Com uma pista de pouso e decolagem de 2.500 m (sendo 2.286 m homologados para uso) de extensão e 45 m de largura.
Com isso, a pista pode comportar aeronaves de médio porte, como os modelos ATR 72, Boeing 737, Embraer 190, Airbus A320, A-321 entre outros. Aeronaves de porte médio/grande, como os modelos Boeing 757 e Airbus A330, também operam ocasionalmente. Das aeronaves citadas, apenas o Airbus A330 é capaz de fazer uma rota que cruza o Atlântico.
Essa era a ideia do prefeito Sandro Mabel (UB), comportar um voo entre Goiânia e Lisboa, em Portugal. No entanto, o aeroporto não é capacitado para receber voos regulares da aeronave, apenas ocasionais.
“O aeroporto não está preparado para receber aeronaves de porte como o Airbus A330 ou o A350, além do Boeing 777 e o 787 Dreamliner. Talvez pudesse receber um Boeing 757, mas a TAP não opera essa aeronave. Eventualmente, uma ou outra até pode pousar em Goiânia, como acontece quando o aeroporto de Brasília é fechado, mas sem desembarque de passageiros. Essas aeronaves podem transportar de 200 a 250 pessoas e, com certeza, não temos a infraestrutura necessária para acomodá-los”, explicou o professor da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) e especialista em aeronáutica Georges Ferreira, em entrevista ao Jornal Opção.
O professor relata que, além do tamanho da pista, o aeroporto não possui estrutura necessária para comportar o peso máximo de decolagem de aviões de grande porte. “Seria necessário analisar as condições técnicas da pista e do pátio, além do peso das aeronaves”, diz.
Em rotas que cruzam o oceano, aviões costumam decolar com combustível suficiente para a rota e uma reserva, em caso de emergência.
O aeroporto Internacional de Brasília, por exemplo, possui duas pistas, uma com 3.600 metros e outra com 3.200 metros de comprimento. As duas são maiores que a única pista de Goiânia.
“Além disso, o aeroporto de Brasília é mais preparado, com uma ala internacional dedicada aos passageiros, enquanto o de Goiânia não tem um local específico para voos internacionais. Caso fosse necessário, a segregação poderia ser feita de forma improvisada, isolando áreas como o portão 1 ou o subsolo, o que não é o ideal devido ao conforto dos passageiros. Mas, como mencionei, se uma aeronave com 200 ou 300 passageiros chegasse, seria um grande desafio gerenciar o desembarque, com questões de imigração, aduaneiras e segurança, além de hotelaria e transporte”, disse.
Outro ponto citado pelo especialista é o terminal de passageiros que, segundo ele, precisará de uma reforma considerável para se adequar ao ritmo de passageiros em caso de um rota entre Goiânia e Lisboa. “Isso limita a operação em condições climáticas adversas. Além disso, Goiânia não possui a infraestrutura necessária para apoiar a calibração de instrumentos de precisão, o que obriga muitos operadores a voar até Brasília para esse tipo de serviço. A infraestrutura do Aeroporto Santa Genoveva, apesar de algumas melhorias, ainda está muito aquém das necessidades para voos internacionais regulares”, concluiu.
A TAP, empresa aérea portuguesa, só tem um modelo de avião capaz de pousar em Goiânia, o Airbus A321XL, mas mesmo assim não seria possível. “Seria o único avião da frota que poderia operar a rota, que tem um alcance de 7.400 km, mas a distância entre Goiânia e Lisboa é de 7.480 km, o que impossibilitaria o voo sem combustível de reserva, o que não seria viável”, explicou.
De acordo com a CCR Aeroportos, o aeroporto de Goiânia “certificado para operação de aeronaves até código C (peso entre 5.700 e 136.000 kg) e atende a todos os requisitos necessários para receber voos regulares e internacionais”. No entanto, o Airbus A330 vazio pesa 170 000 kg, sem considerar, passageiros, carga e combustível. Com isso, nenhuma aeronave da TAP seria capaz de operar na capital.

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