Licínio Barbosa: um intelectual enciclopedista de Goiás

O professor Licínio Barbosa é um intelectual de linhagem enciclopedista. Escrevia sobre vários temas, sempre mantendo a qualidade na exposição e apresentações das próprias opiniões de maneira consistente. Tinha respeito pelo factual, por isso não aceitava nenhum tipo de distorção político-ideológica. Era, milimetricamente, preciso. Dotado de rara decência e cuidado na exposição de seu pensamento e das ideias alheias.

Durante anos, Licínio Barbosa escreveu artigos para o Jornal Opção, ao lado de Pedro Wilson Guimarães, entre outros. Nunca atrasou o envio dos artigos. Era o mais disciplinado de todos.

Artigos sempre necessitam de revisão, por mais qualificado que seja o articulista. Os textos de Licínio Barbosa raramente precisavam de copidescagem. Eram precisos. Chegavam e já podiam ser diagramados pelo João Spada ou pelo Nilton Fernandes.

Licínio Barbosa escrevia bem sobre qualquer assunto. Tido como filiado às ideias de direita — penso no mestre mais como um homem de centro, altamente civilizado e democrático —, escreveu um livro sobre José Porfírio, o ex-deputado do PTB que a ditadura civil-militar prendeu e assassinou nos anos de chumbo.

O professor da Faculdade de Direito quis ser reitor da Universidade Federal de Goiás. Não conseguiu provavelmente por questões ideológicas. A esquerda universitária sempre foi “feroz” com (e contra) aqueles que não comungam de seu credo político.

Acima de tudo, Licínio Barbosa era um democrata. Como excelente advogado, além de um mestre de primeira linha, com o conhecimento sempre na ponta da língua ou da pena, era um defensor do Estado Democrático de Direito. Não só para a esquerda, não só para a direita, não só para o centro, e sim para todos os cidadãos.

Por telefone ou pessoalmente, eu (assim como Herbert de Moraes Ribeiro) conversava com frequência com Licínio Barbosa. Era de fino trato, mas sempre formal (mas tinha verve, e era mais bem-humorado do que parecia à primeira vista). Às vezes, falava, sempre empertigado, bem-composto e altivo (o que revelava sua firmeza de princípios), como se estivesse discursando. Falava muito bem, como se estivesse escrevendo. Ao mesmo tempo, sabia ouvir. Tinha uma escuta formidável.

Todo jornalista que o consultava sabia que estava recebendo uma aula de Direito. As reportagens ficavam mais bem-informadas quando Licínio Barbosa se dispunha a orientá-las.

Por fim, o professor Licínio Barbosa era um homem de bem e do bem. Um grande homem. O mestre morreu na quinta-feira, 27, aos 90 anos. Era piauiense de Bom Jesus, mas goiano por adoção.

Alguns livros da vasta obra de Licínio Barbosa

1

Bernardo Élis — A Obra Sob o Prisma do Direito Penal. 1969

2

Do Indulto — Um Gesto de Clemência no Direito Penal. 1978

3

Faculdade de Direito — Perfil de uma Administração. 1986

4

A Pena e as Hipóteses de Concurso (tese de livre docência). 1970

5

Deuses e Demônios (artigos publicados em jornais, como o Jornal Opção)

6

Trombas — A Rebelião do Campo em Goiás

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