Dermatologistas alertam para os efeitos colaterais do Ozempic na pele

A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) emitiu um alerta nesta quarta-feira, 2, sobre os impactos dos medicamentos à base de semaglutida, como Ozempic e Wegovy, na saúde da pele. Esses remédios, amplamente utilizados no tratamento do diabetes e na perda de peso, podem causar, segundo a entidade, possíveis complicações dermatológicas que merecem atenção.

Além de auxiliarem no controle glicêmico e na redução de peso, esses fármacos demonstram potencial para reduzir riscos de doenças cardiovasculares graves e apresentam impactos positivos no cérebro, como a diminuição das chances de desenvolvimento de Alzheimer e a redução de adicções. Contudo, seus efeitos adversos vão além dos sintomas gastrointestinais já amplamente documentados, como náuseas, vômitos, diarreia, constipação e dores abdominais.

De acordo com a SBD, há um número crescente de relatos sobre complicações dermatológicas relacionadas ao uso da semaglutida. “Embora os efeitos adversos mais comuns sejam gastrointestinais, em relação à pele, estudos recentes identificaram efeitos menos comuns, mas relevantes. Entre eles estão queda de cabelo (alopecia), alterações na sensibilidade da pele (como formigamento, dor ou queimação) e reações no local da aplicação subcutânea”, explica João Renato Gontijo, coordenador do Departamento de Medicina Interna da SBD, em nota oficial.

Além dessas reações, há registros mais raros, mas preocupantes. Alguns pacientes desenvolveram penfigoide bolhoso, uma doença autoimune caracterizada pelo surgimento de bolhas na pele. Outros apresentaram vasculite leucocitoclástica, inflamação que afeta as paredes dos vasos sanguíneos e provoca manchas vermelhas ou arroxeadas. Também foram identificados casos de angioedema, um inchaço em regiões como lábios e pálpebras.

Outro ponto de atenção é o efeito da rápida perda de peso na aparência da pele. A redução abrupta da gordura corporal, inclusive na face, pode causar flacidez, rugas e um aspecto envelhecido. Isso ocorre porque o emagrecimento acelerado pode comprometer a absorção de nutrientes essenciais, como proteínas, vitaminas e ácidos graxos, fundamentais para manter a hidratação, elasticidade e barreira de proteção cutânea.

A percepção de um envelhecimento precoce tem sido relatada por muitos pacientes. “Muitos percebem um envelhecimento acelerado, que pode ser de 5 a 10 anos, dependendo da quantidade de peso perdido e de fatores individuais, como genética e exposição a fatores ambientais”, destaca Daniel Coimbra, coordenador do Departamento de Cosmiatria da SBD, em nota.

Para minimizar esses efeitos, a SBD orienta que qualquer alteração dermatológica seja prontamente comunicada ao médico responsável pelo tratamento. “O maior cuidado deve ser sempre relatar qualquer alteração para o médico que prescreveu o medicamento e garantir uma ingestão alimentar balanceada para suprir as necessidades básicas do nosso corpo”, enfatiza Gontijo.

A entidade também esclarece que, apesar dessas preocupações, não há contraindicação formal para pacientes com doenças dermatológicas preexistentes. No entanto, pessoas com histórico de doenças autoimunes cutâneas, como lúpus ou penfigoide bolhoso, devem ser monitoradas por um dermatologista, já que há relatos de reativação ou surgimento dessas condições durante o uso da semaglutida.

Diante das possíveis alterações na pele, os especialistas reforçam a importância de cuidados preventivos. Hidratação adequada e uso diário de protetor solar são medidas auxiliares para manter a saúde cutânea. Em casos específicos, intervenções dermatológicas supervisionadas, como a aplicação de bioestimuladores de colágeno, podem ajudar a reduzir os efeitos do emagrecimento acelerado.

“O acompanhamento médico interdisciplinar é o ideal, incluindo o dermatológico, para garantir que a perda de peso não comprometa a aparência e a saúde da pele a longo prazo”, conclui Coimbra.

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