Abertura de exposições marca a agenda cultural de Goiânia nesta sexta

Nesta sexta-feira, 4, o Centro Cultural Octo Marques se torna um dos principais centros de arte de Goiânia ao inaugurar duas exposições individuais de grande relevância. O público terá a oportunidade de conferir as mostras Quando a Carne se Faz Chama, de Chico Silva, e O Chão Também é Estrela, de Ricarjones, ambas com curadoria de profissionais reconhecidos no cenário artístico.

Com temáticas que exploram a violência, a política, a cidade e suas camadas de esquecimento, essas exposições trazem ao público reflexões profundas sobre a sociedade contemporânea.

Quando a Carne se Faz Chama – A arte visceral de Chico Silva

A primeira exposição, Quando a Carne se Faz Chama, marca a estreia de Chico Silva em uma exposição individual em Goiânia. Natural de Presidente Dutra, no Maranhão, e radicado em Anápolis desde a adolescência, Chico é um dos nomes emergentes da arte naif, um movimento que se caracteriza pela expressão espontânea e intuitiva. Sua trajetória foi forjada com muito esforço, enfrentando dificuldades financeiras e pessoais, mas, ao longo dos anos, o artista se firmou como uma voz de resistência e reflexão por meio de seus desenhos e pinturas.

A mostra conta com cerca de 100 obras, incluindo telas inéditas, desenhos sobre papel e peças de colecionadores. Dentre os destaques, estão as primeiras pinturas em tela de Chico Silva, realizadas durante uma residência no Barranco Ateliê, em Anápolis, no ano passado. A exposição é dividida em quatro eixos temáticos, abordando questões como a violência contra o corpo feminino, a relação entre o humano e o bestial, a fragilidade das estruturas políticas e a reconfiguração da matéria orgânica.

A série de obras que retratam o corpo feminino de maneira crua denuncia a mercantilização e erotização do corpo negro. Em outra parte da exposição, o artista explora um imaginário simbólico, com figuras antropomórficas e animais que se fundem, refletindo instintos primordiais.

Também se destaca um olhar sobre a capital federal, retratando a cidade em cenários caóticos, com edifícios em chamas e helicópteros armados, como uma metáfora da fragilidade das instituições políticas.

De acordo com o curador Paulo Henrique Silva, a arte de Chico transcende a estética e se posiciona como um ato político. “Ele usa a arte como uma ferramenta de expressão para dar voz àqueles que, assim como ele, vivem à margem da sociedade. Sua produção é uma forma de resistência contra as adversidades da vida”, afirma.

A abertura de Quando a Carne se Faz Chama acontece às 19h, e a exposição ficará disponível para visitação até 4 de maio.

O Chão Também é Estrela – Ricarjones e a poética da cidade

Na Galeria Sebastião dos Reis, será inaugurada O Chão Também é Estrela, uma exposição individual do artista goiano Ricarjones, que propõe uma reflexão sobre a cidade e as camadas de esquecimento que compõem sua paisagem cotidiana.

Ao longo dos últimos dois anos, Ricarjones vem se apropriando dos elementos visuais da cidade, como pichações, rabiscos e garatujas, para criar um trabalho que mistura grafismo, arte urbana e poesia visual. Seu trabalho, que explora a precariedade e os restos da cidade, transforma o ordinário em algo poético e significativo.

A curadoria de Paulo Duarte-Feitoza descreve a exposição como uma espécie de arqueologia do cotidiano. “Ricarjones se alimenta das camadas de desgaste e de presença deixadas pelas pessoas na cidade, transformando o que normalmente é visto como sujeira ou excesso em algo com potência poética”, comenta o curador.

O título da exposição, O Chão Também é Estrela, questiona o que significa atribuir brilho àquilo que está, literalmente, no chão — sugerindo um gesto de valorização do ordinário e uma reflexão sobre as contradições da cidade contemporânea.

A exposição reúne desenhos, pinturas e experimentações sobre diferentes suportes, como lona e madeira, e incorpora elementos da própria cidade em suas peças. O artista flerta com o grafite e a pichação, mas sua abordagem vai além da marcação autoral, aproximando-se de uma reflexão sobre a cultura visual urbana. Para Ricarjones, sua arte não se limita a representar o espaço urbano, mas recria e reinterpreta o que está à margem, o que é rapidamente apagado e esquecido.

Como parte da programação, haverá também uma conversa com o artista durante a exposição, onde Ricarjones compartilhará detalhes sobre seu processo criativo e suas experiências transitando entre a arte e o espaço urbano. A mostra ficará aberta à visitação de 5 de abril a 4 de maio.

Serviço das exposições

Quando a Carne se Faz Chama – Chico Silva
Curadoria: Paulo Henrique Silva
Abertura: 4 de abril, às 19h
Visitação: 4 de abril a 4 de maio
Local: Centro Cultural Octo Marques – Sala Sebastião dos Reis
Endereço: Rua 4, nº 515 – Pathernon Center – Centro – Goiânia

O Chão Também é Estrela – Ricarjones
Curadoria: Paulo Duarte-Feitoza
Abertura: 4 de abril, às 19h
Visitação: 5 de abril a 4 de maio
Horário de funcionamento: Segunda a domingo, das 9h às 17h
Local: Galeria Sebastião dos Reis – Centro Cultural Octo Marques
Endereço: Rua 4, nº 515 – Pathernon Center – Centro – Goiânia

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