Ozempic altera paladar e preferência por tipos de alimentos; veja estudo

Um estudo recente publicado em março na revista Food Quality and Preference revelou que o uso do medicamento Ozempic, já amplamente conhecido pelo tratamento do diabetes tipo 2 e da obesidade, pode ir além do controle glicêmico e da perda de peso. De acordo com a pesquisa, conduzida pelo Departamento de Economia Agrícola e Agronegócio dos Estados Unidos, o medicamento também tem potencial para transformar os hábitos alimentares dos pacientes, incentivando escolhas mais saudáveis e reduzindo o consumo de calorias diárias.

A análise envolveu 1.955 participantes, divididos em quatro grupos distintos: indivíduos que estavam usando o medicamento no momento da pesquisa, aqueles que já haviam utilizado, pessoas que planejavam iniciar o uso e um grupo que nunca havia tomado e nem pretendia usar o fármaco. Os resultados mostraram que os usuários ativos do GLP-1RA – classe de medicamentos da qual o Ozempic faz parte – apresentaram uma queda na ingestão calórica diária, além de priorizarem alimentos mais nutritivos e naturais.

“Os resultados mostram que os consumidores que atualmente tomam um GLP-1RA [receptor de peptídeo semelhante ao glucagon-1] consomem significativamente menos calorias do que os outros grupos pesquisados, e a redução de calorias ao tomar um GLP-1RA para perda de peso pode ser em torno de 720 a 990 calorias”, relataram os autores do estudo.

Mudanças nos hábitos alimentares

Segundo os dados levantados pelos pesquisadores, as pessoas que utilizam o Ozempic consomem menos alimentos processados, bebidas açucaradas, grãos refinados e carne bovina. Ao mesmo tempo, houve aumento no consumo de frutas, verduras, legumes e água, o que aponta para um perfil alimentar mais equilibrado e alinhado com recomendações nutricionais.

Mesmo entre os participantes que já haviam interrompido o uso do medicamento, os efeitos sobre os hábitos alimentares se mostraram persistentes. Esses indivíduos relataram que ainda sentiam desejos ocasionais por doces e fast food, mas já não cediam mais com frequência a essas tentações, demonstrando uma possível reeducação alimentar impulsionada pelo uso anterior do medicamento.

O estudo, além de apontar essas mudanças comportamentais, sugere que o uso do Ozempic pode ter impacto prolongado na forma como os pacientes se relacionam com a comida, o que pode ser um auxiliar nas estratégias de combate à obesidade e prevenção de doenças crônicas associadas à má alimentação.

Como o Ozempic age no organismo

O princípio ativo do Ozempic é a semaglutida, um agonista do receptor de GLP-1, hormônio que regula o apetite, promove saciedade e incentiva a liberação de insulina. O medicamento simula os efeitos naturais do GLP-1 no corpo, ajudando o cérebro a perceber que está satisfeito mais rapidamente e retardando o esvaziamento gástrico, o que diminui a ingestão excessiva de alimentos.

Aprovado originalmente para tratamento do diabetes tipo 2, o Ozempic ganhou destaque como aliado no tratamento da obesidade, sendo inclusive utilizado por pessoas sem diabetes, desde que haja prescrição médica. Em estudos anteriores, já havia sido apontada a capacidade do medicamento de reduzir em até 20% o peso corporal, além de contribuir para a redução de eventos cardiovasculares em pacientes de alto risco.

Embora os resultados da pesquisa sejam promissores, os autores fazem questão de ressaltar que ainda há lacunas no entendimento das vias fisiológicas e comportamentais impactadas pelo GLP-1RA, especialmente no que diz respeito à reprogramação dos hábitos alimentares.

“Essas descobertas ressaltam a necessidade de mais pesquisas sobre as vias fisiológicas e metabólicas específicas afetadas pelos GLP-1RAs, particularmente no que diz respeito a como eles remodelam os comportamentos alimentares”, enfatiza o estudo.

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