Um dia antes de sua morte, aos 88 anos, o papa Francisco pediu por uma trégua na Faixa de Gaza, pela libertação dos reféns que ainda estão nas mãos do Hamas e o acesso da população de Gaza a mantimentos e ajuda médica.
Desde o início da guerra em Gaza, o papa Francisco foi um crítico ferrenho da ação militar israelense no território palestino. Em maio do ano passado, em uma entrevista para a emissora CBS, no programa “60 minutes” , Francisco revelou que ligava todos os dias à noite para a Paróquia de Gaza e que falava pouco, apenas os ouvia.
Francisco condenava a forma como Israel conduzia a guerra na Faixa de Gaza e descrevia as ações militares como uma “grande falha da humanidade, com a arrogância prevalecendo sobre o diálogo”.
À medida que a guerra continuava e os acordos de paz falhavam, o papa Francisco deu continuidade às críticas, a ponto de acusar o Estado Judeu de crimes de guerra contra a humanidade e pedir por uma investigação independente sobre a alegação de “genocídio” cometido por Israel na Faixa de Gaza.
O papa Francisco também condenou o Hamas logo após o massacre no dia 7 de outubro de 2023, que qualificou como um “ato de terrorismo e extremismo de uma atrocidade ímpar”.
Por diversas vezes, o religioso pediu pela libertação dos reféns israelenses, inclusive no domingo, 20, em sua última aparição.
Várias viagens pelo Oriente Médio e pela África
Durante seu papado, Francisco fez diversas viagens ao Oriente Médio e ao norte da África, sempre destacando a questão ecumênica e o diálogo.
Em 2021, o papa visitou o Iraque, onde se encontrou com o aiatolá Ali Al Sistani, a maior autoridade xiita do país árabe de maioria sunita, em Najaf.
Na mesma viagem, Francisco foi a Mosul, onde rezou pelas “vítimas de guerras” próximo às ruínas da igreja de Al Tahera, uma das mais antigas do Oriente Médio, destruída por militantes do Estado Islâmico. Nas ruínas de Ur, cidade onde nasceu Abraão.
Em 2014, o papa foi à Terra Santa, em Israel, e rezou no Muro das Lamentações, em Jerusalém. Francisco também rezou no muro de concreto que separa Israel da Cisjordânia e durante a visita disse que era chegada a hora de encerrar “esta situação que havia se tornado incrivelmente inaceitável”.
Em 2017, Francisco voltou ao Oriente Médio para participar de uma conferência de paz, promovida pelo Egito, na Universidade de Al-Azhar, onde se encontrou com o iman Muhammad Ahmed al -Tayeb e o patriarca da Igreja Copta Papa Tawadros II.
Os papas das duas igrejas rezaram juntos uma missa no Cairo. No mesmo ano, no domingo de Palmas, o papa Francisco retornou ao Egito para visitar a Catedral Ortodoxa Copta de São Marcos e visitou a igreja de São Pedro e São Paulo que foi alvo de um ataque terrorista em dezembro de 2016.
Francisco queria aproximar a Igreja Católica do mundo muçulmano e não mediu esforços para isso ao visitar vários países da região, como o Bahrain. em 2022, os Emirados Árabes, o Marrocos, em 2019, e a Turquia, em 2014. Além de outros países de maioria islâmica como Albânia, Azerbaijão, Indonésia, Bósnia, Bangladesh e o Casaquistão.
Em seus discursos e comentários, o papa Francisco chamou a atenção do mundo para a sentença de morte da iraniana Mahsa Jina Mini, de origem curda, que ousou andar sem o hijab (o véu que cobre a cabeça) em público. O líder da Igreja Católica condenou a pena de morte no país islâmico, que, segundo ele, “apenas instiga a sede por vingança”.
O papa Francisco rezou pelas vítimas do terremoto no Marrocos em 2023 e condenou com veemência a queima do Alcorão na Suíça, no mesmo ano.
Em 2023, o papa pediu pelo fim da violência da guerra civil no Sudão. Em 2019, durante séria crise financeira e administrativa no Líbano, o pontífice clamou aos líderes políticos libaneses que “deixassem de lado as questões pessoais, olhassem para o país e chegassem a um acordo”.
Em 2020, logo após a mega explosão que destruiu parte de Beirute, o papa Francisco pediu justiça pelas vítimas.
Em seu último discurso, no domingo de Páscoa, pediu pela paz na região do Oriente Médio. Além de reiterar pelo fim da guerra na Faixa de Gaza, o papa Francisco citou as questões regionais que abalam a Síria, o Iêmen e o Líbano. “Gostaria que todos nós pudéssemos renovar a esperança pela Paz, porque a paz é possível”, sublinhou.
O argentino Francisco era, acima de tudo, um humanista e que sabia perceber os vários lados de uma questão.
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