Morre o jornalista Wilson Figueiredo, aos 100 anos. Ele brilhou no Jornal do Brasil

Diz-se que mineiro só se torna “grande” quando muda para o Rio de Janeiro. Brincadeira — ou preconceito — à parte, é fato que as “cortes”, São Paulo e Rio, só reconheceram o talento de Carlos Drummond de Andrade, de Fernando Sabino, de Otto Lara Resende, de Paulo Mendes Campos e de Hélio Pellegrino (o psicanalista) depois que, de alguma maneira, se tornaram “cariocas” ou se “acariocaram”. Aí “deixaram” de ser mineiros para se tornarem, por assim dizer, brasileiros.

Morto no domingo, 20, aos 100 anos, o jornalista Wilson Figueiredo não era mineiro, e sim capixaba, como o cronista Rubem Braga e o cantor Roberto Carlos. Mas se fez em Minas. Ou melhor, ao se acariocar, depois de passar por Minas, espécie, risos, de purgatório.

Wilson Figueiredo era, acima de tudo, jornalista, mas não deixou de ser escritor. Só no “Jornal do Brasil” permaneceu, como comentarista refinado, por 45 anos. Acompanhou a reforma feita Odilo Costa, Filho, e a seguinte, com os notáveis Reynaldo Jardim e Janio de Freitas.

O jornalismo o impediu de se consagrar como escritor. Ainda assim, publicou seis livros (e, quem sabe, há inéditos a serem, em breve, publicados). Na poesia, lega-nos dois livros, “A Mecânica do Azul”, de 1946, e “Poemas Narrativos”, de 1947. Para Nelson Rodrigues, sempre um dramaturgo — até nas crônicas —, Wilson Figueiredo devia ser visto assim: “Sempre um poeta”.

Durante anos, Wilson Figueiredo trabalhou na agência FSB — por certo, ensinando e refinando a prosa dos coleguinhas. Até os 96 anos, trabalhou presencialmente. Aos 100 anos, permanecia lúcido.

“E a Vida Continua — A Trajetória Profissional de Wilson Figueiredo” é a história da vida do jornalista-escritor. Um belo livro. Todo jornalista deveria lê-lo — e nem precisa ser de joelhos.

Recomendo vivamente a excelente obra “Os Mineiros — Modernistas, Sucessores & Avulsos” (Gryphus, 218 páginas). Leia mais sobre o livro de Wilson Figueiredo no Jornal Opção (https://tinyurl.com/3pcskwnf).

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